Edição 545
Hospital da Trofa põe especialistas a falar de cancro na gravidez
Maternidade e doença oncológica não são incompatíveis. Pela primeira vez, surgiu um estudo que revela que os tratamentos para o cancro, como a radioterapia, quimioterapia ou cirurgia, são seguros para o bebé, após as 14 semanas de gestão. Os resultados obtidos no estudo realizado no Hospital Universitário de Lovaina, na Bélgica, e publicado em setembro na revista The New England Journal, apontam ainda que “a capacidade cognitiva e funcional, em especial a nível cardíaco, não fica comprometida” na criança. Frederic Amant, mentor do estudo, chega mesmo a defender que o adiamento do tratamento ou o parto precoce poderá não ser a solução mais indicada e que “a prematuridade é mais prejudicial para a criança do que a exposição à quimioterapia”.
O tema, que abre muitas portas na área da medicina e dos tratamentos de doenças oncológicas, vai marcar as sétimas Jornadas Materno-Infantis do Hospital Privado da Trofa, que se realizam durante o dia de sábado, 7 de novembro.
Mais de uma centena de profissionais do setor vão falar, pela primeira vez, sobre os novos horizontes que o estudo abriu e apresentar casos que comprovam que é possível avançar com uma gravidez, sofrendo de cancro.
Joaquim Saraiva, membro da comissão organizadora das Jornadas, afirma que “o diagnóstico de uma doença oncológica na mulher grávida ou em idade reprodutiva já não é motivo para adiar o início dos tratamentos ou a gravidez. Sem esquecer que cada caso é um caso, já há soluções terapêuticas capazes de evitar metástases e controlar a doença na mulher e impedir efeitos secundários no feto”.
Apesar de ainda raros – “há um diagnóstico de cancro por cada 3000 grávidas” – a verdade é que “são cada vez mais frequentes, porque as mulheres engravidam progressivamente mais tarde”. A escolha do tema incide no facto de “as estatísticas ainda não conseguirem acompanhar o que a evidência já referenciou como uma tendência crescente”, explicou Joaquim Saraiva.
Os cancros da mama, do ovário e do colo do útero na gravidez, as implicações da doença oncológica na saúde reprodutiva, a cirurgia conservadora para carcinoma do colo na mulher em idade reprodutiva, o papel do enfermeiro no acompanhamento da doença oncológica e a criança nascida de mãe com doença oncológica são alguns dos temas que vão marcar a iniciativa.
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