Crónicas e opinião
Histórias e Memórias da Trofa: O Manuel d’Oliveira Azevedo – “O Carqueja” (2)
“A investigação estava a começar e era necessário reunir prova que sustentasse uma putativa acusação de homicídio, concretamente infanticídio, e os agentes da Polícia Judiciária solicitavam à Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses a listagem dos revisores que tinham estado a fazer serviço nos comboios com destino ao norte do país.”
Na edição passada, fizemos uma pequena incursão pela história de um trofense que estava por terras lisboetas e que estava a contas com a justiça. Esta semana, continuaremos a escrutinar a sua vida.
A investigação estava a começar e era necessário reunir prova que sustentasse uma putativa acusação de homicídio, concretamente infanticídio, e os agentes da Polícia Judiciária solicitavam à Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses a listagem dos revisores que tinham estado a fazer serviço nos comboios com destino ao norte do país.
O agente Álvaro da Fonseca estava na expectativa que surgissem mais provas relativamente ao desaparecimento e, possivelmente, com o pensamento que a jovem apenas tenha tentado fugir à vida de miséria que enfrentava e poderia estar viva noutra região do país, bastava ter saído do comboio antes daquele meio de transporte chegar ao destino.
A vida deste indivíduo era um pouco atípica, misteriosa quanto baste, controversa um pouco e com bastantes problemas com a autoridade, aliás, a sua identidade era um assunto que tinha de ser gerido com precaução, até porque o mesmo já tinha apresentado três identidades diferentes, concretamente Manuel de Oliveira, ou Manuel António de Oliveira, ou ainda Manuel de Oliveira Azevedo.
Não sabemos se era um Fernando Pessoa em potência, se se tratava de fugir à agenda das autoridades, ou então, o mais correto seria baralhar e confundir para acabar por ser solto e, quiçá, continuar com as suas práticas menos lícitas.
No seu cadastro constava a informação que era filho de António de Oliveira e de Joaquina dos Estrovos, natural da freguesia de Covelas, com o seu último domicílio a ser em S. Martinho de Bougado, tendo nascido em 1881, solteiro e com profissão de sardinheiro.
No dia 26 deste momento próximo da detenção, tinha sido condenado na polícia correcional que lhe dava direito a cinco meses de prisão correcional sendo que, depois de cumprida a sua pena, seria entregue à disposição do Governo.
Com apenas 16 anos era condenado por furto e vadiagem, uma vida criminosa no início da sua vida adulta.
A Maria Santos de Jesus tinha sido a sua amante e viveram vários anos juntos, aproximadamente oito anos e ia mantendo a residência próximo à Linha de Caminho de Ferro, numa habitação arrendada.
Os primeiros revisores a serem ouvidos pelas autoridades alegavam que nunca tinham reparado na miúda e a situação de mistério ganhava contornos cada vez mais confusos, porque a vítima não viajou no comboio, ninguém sabia o seu paradeiro, era já investigado o seu homicídio e tudo parecia uma novela sem fim para o nosso biografado.
A 27 de Abril de 1922, a polícia de investigação criminal recebia a informação que a menor Emília estava aos cuidados do Ex.mo Administrador do Concelho de Sintra para onde foi conduzida na ocasião em que foi encontrada por um revisor de um comboio onde viajava sob um banco de uma das carruagens.
Afinal, a menor estava em boas condições de segurança, possivelmente tinha-se enganado no comboio e foi expulsa pelo revisor, afirmando-se que o caso podia ser encerrado pelas autoridades.
O nosso biografado escapava a um processo-crime e seria uma questão de tempo até ser solto, o que acabaria por acontecer…
Assim era uma vida de miséria, crime num Portugal que ia respirando os últimos sopros do regime republicano.
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