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Edição 519

Grupo cénico homenageia Avelino Dias de Sá

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Nos dias 10 e 11 de abril, o teatro esteve em evidência no concelho com um Festival protagonizado pela Companhia de Teatro Múltiplo, Grupo Cénico da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Trofa e pelo Grupo de Teatro Amador de Guidões.

Com um cachecol de plumas rosa choque, de saltos vertiginosos e um decote que, dificilmente, passa despercebido, Françoise foi o centro das atenções quando entrou no confessionário. O transexual, que aguardava ansiosamente pela operação de mudança de sexo, foi à Igreja pedir a absolvição da vida de pecado passada na boîte onde trabalhava, mas esbarrou num padre irredutível quanto ao cumprimento dos sacramentos e da abominação dos pecados mortais, mas “tramado” pelos momentos de fraqueza junto das figuras femininas. Dividida por momentos de manifestação de debilitação emocional e de euforia, numa sátira à “hipocrisia da Igreja”, a peça “Confissão” encheu a Casa do Futebol Clube do Porto da Trofa, no primeiro de dois dias de Festival Amador de Teatro, a 10 de abril.

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A peça escrita por Bernardo Santareno foi adaptada por Fausto Silva e levada à cena pela Companhia de Teatro Múltiplo, com atores da freguesia do Coronado.

Depois da aclamação, Ana Costa, que vestiu a pele de Françoise, confessou ao NT e à TrofaTv que ainda estava “em estado de choque”, tal era o “nervosismo” que a assolava no momento da estreia.

Já o “padre”, Fernando Duarte, que protagonizou outra das representações irrepreensíveis, considerou que, apesar da ansiedade, o espetáculo “correu muito bem”. O ator lamentou apenas a falta de infraestruturas com dimensão para acolher a peça. “O espaço é limitado ao público, mas foi o que se pôde fazer. Esta peça merecia ser realizada num outro local, mas no concelho não há muitas condições”, considerou.

Fora da Trofa, a peça será levada à cena no Festival Amador do Porto e, aí, Fernando Duarte espera encontrar “um público mais exigente”, por “estar mais habituado ao teatro”.

Para o encenador Fausto Silva, a estreia “superou as expectativas”, elogiando a performance dos atores “que estiveram muito bem” em palco.

À entrada para o espetáculo, o público feminino foi convidado a entrar no espírito da época retratada na peça, precedentes ao 25 de Abril, e a colocar uma mantilha na cabeça, como era tradição nas igrejas. “Algumas senhoras não quiseram aceitar, porque se recordaram do passado, mas o feedback que recebemos foi francamente positivo”, assinalou Fausto Silva.

Fausto Silva lamentou a duração do Festival, que considerou “curta”. “Também tem de haver mais meios técnicos e disponibilidade”. O encenador desafiou ainda o concelho a “fazer mais teatro, de preferência de vários estilos, como a revista”. “Acho importante a Câmara falar com as coletividades existentes na Trofa. Eu mesmo estou disponível para fazer formação, como fiz em S. Romão, e intensificar o teatro nas freguesias”, acrescentou.

 

Homenagem a Avelino Dias de Sá

No segundo dia de Festival, a revista voltou à Trofa para homenagear postumamente Avelino Dias de Sá, considerado “o pai do teatro” no concelho. Foi do amigo António Moreira, que fez parte do Grupo Cénico da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Trofa (AHBVT), que partiu a ideia de reconhecer as décadas de dedicação de Avelino à arte.

Mas a plateia esteve longe de ser como as que enchiam o salão polivalente da AHBVT.
“Eu contava com muito mais gente, mesmo assim contamos com cerca de 200 pessoas”, afirmou António Moreira, que se mostrou emocionado com o espetáculo. “Foi quase uma revista à moda antiga no tempo do Avelino”.

“Quero mostrar a minha tristeza por não ter visto nesta festa algumas das pessoas que trabalharam com o homenageado. Acho que o nosso grande mestre Avelino merecia mais respeito”, sublinhou.

Miguel Ferreira, um dos atores, foi um dos que contactou com o encenador, a quem destaca a dedicação: “Foram 12 anos muito bons, tempos maravilhosos. Éramos uma família e divertíamo-nos não só nos espetáculos como também nos ensaios. Ele fazia qualquer papel que fosse preciso e tinha uma caracterização incrível, tanto a nível de teatro de comédia, como dramático”, recordou.

O ator reconheceu a dificuldade de erguer o espetáculo, com muitos dos atores de outrora indisponíveis. No entanto, os que aderiram “empenharam-se em fazer uma bonita homenagem”.

 

Teatro Amador de Guidões satiriza Saúde em Portugal

Já o Grupo de Teatro Amador de Guidões levou à cena “Urgência mas pouco”, uma sátira ao estado da Saúde em Portugal. O espetáculo realizou-se no dia 11 de abril, no auditório da Associação Empresarial do Baixo Ave e, segundo o responsável do grupo, Pedro Sousa, “correu dentro das expectativas”. “Estávamos com receio, porque as nossas estreias costumam ser em Guidões e na nossa freguesia estamos mais à vontade. Neste caso, foi a primeira vez que o fizemos na cidade da Trofa”, explicou.

A peça vai voltar ao palco, mas em Guidões. O grupo vai tentar agendar duas sessões para mostrar à população da freguesia o trabalho desenvolvido.

Célia Sousa, uma das atrizes, documentou que a inspiração para os momentos cómicos também se consegue “através dos traços uns dos outros, tentando encaixar nas personagens”.

Já Raquel Maia, outro elemento do elenco, “não estava muito nervosa” e foi quem tentou manter a calma entre os pares. O colega Diogo Azevedo acabou com a certeza: “Somos ótimos naquilo que fazemos, mostramos empenho”.

 

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