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Folha Liberal: Viva a Europa!

“Já ouvimos muitas vezes falar de pouca transparência da Câmara e da falta de capacidade de receber críticas que o Sr. Presidente mostra, mas é inaceitável que por caprichos pessoais seja capaz de prejudicar a junta de freguesia e, por esse meio, toda a população da maior freguesia do concelho.”

Diamantino Costa

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Ficamos por estes dias a saber que o presidente da Câmara Municipal da Trofa vai deixar o cargo para fazer parte da lista de candidatos do PSD ao Parlamento Europeu.

Este tipo de decisões é, por princípio, condenável, visto que o normal deve ser os eleitos cumprirem os mandatos para que foram eleitos, caso contrário, os eleitores ficam com a impressão de que os seus escolhidos não estão, verdadeiramente, interessados no serviço público a que se candidataram, mas no seu próprio interesse. Devemos, no entanto, no presente caso do presidente da Câmara municipal da Trofa, perceber que há que ser prático.

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A legislação impede que alguém se candidate à presidência da mesma Câmara Municipal mais que três vezes consecutivas. Ora, para um político presidente de câmara profissional, é muito complicado perceber que a sua atividade profissional está a chegar ao fim, e não tentar conseguir um outro lugar para onde ir exercer a sua profissão de político. Ainda por cima o lugar de Deputado Europeu é um cargo que traz imensos benefícios a todos os níveis, incluindo (ou especialmente) monetários.

Parece-me, portanto, que o Sr. Presidente da Câmara tomou a decisão que a grande maioria das pessoas tomaria se tivesse a oportunidade que ele teve.

Ainda por cima existe uma série de boas razões que ele pode invocar para a ter tomado a decisão que tomou. Claro que ele não vai dizer que é candidato a Eurodeputado pelos benefícios financeiros que isso traz, ou pelo facto de ter que arranjar um lugar para continuar a sua atividade de político profissional. Dirá, certamente, que procura uma plataforma mais ampla para promover políticas e projetos de interesse nacional ou até mesmo global. Dirá que, como deputado europeu, terá a oportunidade de influenciar questões que transcendem fronteiras, como o meio ambiente, o comercio internacional e os direitos humanos.

Terá certamente acesso a uma rede mais vasta de recursos e contactos, tanto a nível europeu como internacional, o que pode ser vantajoso para promover os interesses da nossa região.
A Trofa tornou-se pequena para aquilo que o futuro ex-presidente pode dar.

No entanto para que a sua estratégia chegue a bom porto, é preciso que ele seja eleito, o que, não querendo agoirar, não me parece garantido.

Sérgio Humberto é o sexto da lista da AD Alternativa Democrática, e as sondagens, poucas e com amostras reduzidas, mostram que eleger seis deputados é o máximo a que a AD pode aspirar.

Se virmos a evolução do número de Eurodeputados que o PSD e CDS, coligados ou não, conseguiram eleger, verificamos que nas primeiras eleições (1984) de 24 eurodeputados portugueses, 14 eram do PSD e do CDS (10 PSD, 4 DCS), mas esse número tem vindo a reduzir-se muito. Em 2014 de 2019 PSD + CDS já só conseguiram eleger 7 (PSD 6, CDS 1) e aí não havia Chega nem Iniciativa Liberal. Não me parece nada garantido que o sexto da lista seja eleito.

Mas esse é um assunto que pouco importa para o caso. O que importa é saber em que situação fica a Câmara Municipal após a sua renúncia à presidência.

Já vínhamos a ouvir, de forma bem audível, a divisão que existe no PSD da Trofa, porque havia um lugar que ia ficar vago e há vários candidatos a esse lugar. Agora que sai a meio do mandato, é preciso estar atento. É importante que não haja desestabilização no governo da Câmara, que não sejam interrompidos os projetos em andamento nem se deixem questões importantes em suspenso.

Quem certamente estará muito feliz com a notícia de que a presidência da Câmara Municipal vai mudar é a Junta de Freguesia de Bougado, que acusa o atual presidente das Câmara de ser “uma força de bloqueio” e de ter como “objetivo asfixiar a Junta de Freguesia”.

Esse é um assunto que verdadeiramente devia preocupar os trofenses. Não é aceitável que por divergências políticas, que se tornaram pessoais, o Sr. Presidente da Câmara ache que pode ostracizar a Junta de Freguesia.

Já ouvimos muitas vezes falar de pouca transparência da Câmara e da falta de capacidade de receber críticas que o Sr. Presidente mostra, mas é inaceitável que por caprichos pessoais seja capaz de prejudicar a junta de freguesia e, por esse meio, toda a população da maior freguesia do concelho.

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