Edição 538
Festival Concelhio revive tradições de antepassados
O Parque Nossa Senhora das Dores e Dr. Lima Carneiro recebeu a 17.ª edição do Festival de Folclore do Concelho, que contou, pelo segundo ano consecutivo, com o certame De’Gostar Ruralidades 2015.
As benzeduras, as rezas e mezinhas. Este foi o resultado de um trabalho de pesquisa do Grupo Danças e Cantares do Vale do Coronado, que apresentou “algumas” na primeira noite do Festival de Folclore Concelhio, a 12 de setembro. Nessa noite, atuaram ainda o Rancho Folclórico de S. Romão do Coronado, Grupo Tradições Infantis de Cidai, Rancho Etnográfico de Santiago de Bougado e o Grupo de Danças e Cantares de Santiago de Bougado.
O presidente do Grupo Danças e Cantares do Vale do Coronado, Ricardo Oliveira, acredita “piamente que ainda hoje algumas (pessoas) fazem” benzeduras, rezas ou mezinhas, adiantando que “o povo sempre fez porque acreditava que o oculto influenciava a vida”. Quanto à sua atuação, o Grupo optou por fazer uma representação no Festival, por entender que devido ao “número de atuações de dança que têm na Trofa, acabam por não ter mais que mostrar”, e por entender que “o folclore não é só dança, canto e música”. “Entendo-os como sendo uma consequência de uma situação concreta. Numa feira as pessoas habitualmente vestiam-se de uma determinada maneira e tinham determinados procedimentos e a música acontecia, da mesma maneira que no domingo à tarde, no terreiro, as pessoas teriam roupa de domingo, de ver a Deus, e a música acontecia. O povo não vivia na música, ela acontecia”, ressalvou, referindo que “todos os grupos folclóricos da Trofa deveriam fazer uma reflexão sobre isso”, por considerar que “os grupos deveriam dar a conhecer as tradições da sua terra”.
Já o Grupo Tradições Infantis de Cidai apresentou o que “as crianças faziam, sobretudo no século 19 e meados do século 20, desde logo o trabalho”, “as brincadeiras” e “os brinquedos”. “As crianças dos sete a dez anos já acarretavam, sachavam e faziam tudo o que fazia um adulto. Eles tiravam as crianças da escola, porque muitas vezes fazia diferença na família”, explicou, mencionando ainda “as brincadeiras, que alguns ainda conservam na memória, e os brinquedos, como as bonecas feitas de cano de pinheiro”.
Também para Laura Campos, responsável pelo Grupo, a “dança é só uma faceta do folclore, que vem por acréscimo”, sendo da opinião que “é importante que os ranchos folclóricos consigam perpetuar a nossa memória coletiva”. “O importante é a vida do quotidiano. É isso que vamos perder daqui a pouco. Se não são os grupos folclóricos a preservarem essas tradições e esses usos e costumes, nós somos iguais a qualquer país da Europa e do mundo”, declarou, denotando que “é difícil” para um grupo apresentar este trabalho, porque “é difícil pesquisar, estudar e ler” e também porque “o público não está virado e gosta mais de os ver dançar”.
Para domingo à tarde estava programada a atuação dos ranchos folclórico Divino Espírito Santo, de Alvarelhos e da Trofa e das Lavradeiras da Trofa, mas que acabou por não se concretizar.
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