Edição 534
Eurico Ferreira recupera máquina histórica inventada na Trofa (C/Vídeo)
É considerada a “campeã do Mundo” no lote de máquinas de corte de madeira pelas características que tem. Foi inventada na Trofa, era fabricada na Mida e nas Máquinas Pinheiro nos anos 60 e, recentemente, Eurico Ferreira recuperou um exemplar para que seja “exposto” como património histórico do concelho.
Nos anos 60, quando visitava a Mida e as Máquinas Pinheiro, Eurico Ferreira deslumbrava-se com a conceção de uma máquina de corte de madeira, que “tinha sido inventada por António Sampaio” e o primeiro exemplar criado “na oficina de Avelino de Sousa Reis”. As características da máquina faziam dela uma “campeã do Mundo” entre as concorrentes, uma vez que, por ter a estrutura em cimento, não desafinava nem cedia às temperaturas altas. E pelo que sabe, continua a distinguir-se “nos países quentes”.
Já há algum tempo que este elemento histórico, ainda não valorizado no concelho, estava a intrigar Eurico Ferreira. Numa viagem à Sertã, a curiosidade passou a desafio: “Passei numa rotunda e vi a máquina lá exposta. Fui à loja de turismo local e perguntei qual era o significado da máquina e um senhor respondeu-me que era uma homenagem à floresta. Eu disse que aquela máquina foi feita na minha terra e o senhor perguntou-me se eu era da Trofa. Aquilo mexeu comigo. Se na Sertã reconhecem a história da Trofa, por que é que a Trofa não reconhece a sua própria história?”
Decidiu, por isso, pôr mãos à obra e partir à descoberta da máquina, num processo que não se revelou “pera doce”. “As que apareciam tinham o tronco em fundição e eu não queria. O que me interessava era conseguir uma das que tinham sido feitas em cimento. Um dia, em conversa com pessoas amigas, uma delas disse-me que um tio tinha uma máquina dessas”, contou.
Conseguiu que o proprietário cedesse a máquina que, porém, estava incompleta, uma vez que “tinham roubado a mesa e o motor”. Logo se prontificou a falar com outras pessoas, que se disponibilizaram para oferecer os elementos em falta.
Para a concluir, falta que um trolha “corrija alguns estragos no cimento” e, por fim, quando estiver pintada, poderá “ser exposta para a posteridade”. “É esse o meu desejo e foi o que eu transmiti na última Assembleia Municipal”, confessou. Questionado sobre o que o motivou a recuperar este elemento histórico, o trofense foi perentório: “Trata-se da minha terra, tenho essa obrigação, assim como têm todos os trofenses. Temos de trabalhar todos juntos”. Concretizado este projeto, Eurico Ferreira deixou escapar que “tem outros” para a Trofa, mas, para já, ficam no segredo dos deuses.
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