Edição 460
Eu empreendo, Tu empreendes, Ele empreende
A palavra “empreendedorismo” sempre provocou em mim o efeito da urticária. Neste mundo novo que a extrema-direita está a construir, a parte lexical, sob alçada dos assessores políticos e quejandos, está a criar a sua própria linguagem e imaginário. Entre muitas outras, a palavra “empreendedorismo” surge cada vez mais na boca dos políticos e nos media de uma forma quase assustadora. Todos temos que ser “empreendedores”, de criar o próprio emprego, ser proativos, sair da zona de conforto e de preferência pisar alguém. Mas acaba por ser ridículo: cerca de 99,9% do tecido industrial português são micro, pequenas e médias empresas, criadas por… empreendedores. Então qual a urgência de imposição desta palavra no nosso dia a dia? Só pode ter um objetivo ideológico: a promoção ilusória do Individualismo Económico e o desmembramento das relações laborais de classe.
Com um governo empenhado em mudanças radicais na sociedade portuguesa, assistimos a alterações profundas nas funções sociais do estado (desmantelamento progressivo do Serviço Nacional de Saúde e implosão da Segurança Social com consequências diretas nas assimetrias sociais), na educação (revanchismo por parte de uma classe que não digeriu a democratização do ensino), nos costumes (visível na recente jogada suja do referendo sobre a coadoção por casais homossexuais) e na área económica. Esta última, tendo por eixo os sectores mais conservadores das faculdades de economia em Portugal, tenta impor um novo paradigma económico assente, entre outros pilares, na Culpa (a famosa treta do “andamos a viver acima das nossas possibilidades e como pecadores que fomos, espécie de soberba, temos que ter uma castigo, não divino mas terreno”) e, como acima referido, no Individualismo Económico.
As vantagens do Individualismo Económico são inúmeras para o capital. Um trabalhador que tenha por cima de si a pairar as fábulas e os mitos do “empreendedorismo”, pode ser enfeitiçado para a perda de consciência de classe e respetiva alienação. Se juntarmos a isto as consequências nefastas da precarização do trabalho e do modelo de despedimento tendo como primeiro ponto a avaliação individual de desempenho (estando, como sempre neste governo fora da lei, em confronto com a Constituição), os dados estão lançados.
Nada é mais útil ao capital do que uma sociedade produtiva, fragmentada, obediente e delatora.
Ricardo Garcia
-
Assinatura em pdf1 dia atrás
Edição papel nº288 do Jornal do Ave
-
Trofa2 semanas atrás
Colisão faz 4 feridos na EN14
-
Região1 semana atrás
Santo Tirso acolhe Feira e Fórum do Mel
-
Crónicas e opinião2 semanas atrás
Linha do Equilíbrio: Aproveitar os raios de sol…!
-
Trofa2 semanas atrás
Choque em cadeia provoca seis feridos na variante de Santo Tirso
-
Trofa1 semana atrás
Centro Qualifica AE Trofa celebra S.Martinho e promove intercâmbio cultural entre formandos
-
Trofa4 dias atrás
Leilão da Horainox: Unidade industrial e equipamentos avaliados em mais de 860 Mil Euros disponíveis até 20 de Novembro
-
Trofa4 dias atrás
Abriu ao transito a nova rotunda e Avenida de Mosteirô