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Edição 591

Escuteiros homenageiam chefe Carlos Campos

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Conta a família que Carlos Campos passava mais tempo nos escuteiros do que em casa. O interesse pela vida ao ar livre, o gosto pela Natureza e património sempre fez bater o coração do eterno “chefe” que ajudou a fundar os agrupamentos de escuteiros de S. Martinho e Santiago de Bougado.
O trabalho desenvolvido em prol do escutismo não foi esquecido por aqueles que contactaram com ele e que quiseram, no centenário do nascimento, prestar-lhe uma homenagem. Com a ajuda da família, os chefes dos dois agrupamentos de escuteiros de Bougado promoveram uma tarde que incluiu a inauguração de uma exposição que conta a história de uma vida dedicada ao escutismo, na Casa da Cultura, e que está patente até 29 de outubro.
Carlos Martins Macedo Campos nasceu a 3 de outubro de 1916 e em 1934 fez promessa de dirigente do Agrupamento 94, que nasceu em S. Martinho de Bougado. Mais tarde, ajudou a fundar o Agrupamento 447, em Santiago de Bougado, tendo desempenhado vários cargos. Recebeu um louvor regional, a Cruz de Agradecimento e a Cruz de Mérito de 1.ª Classe.
David Ramos, neto mais velho de Carlos Campos, relembra o avô como uma pessoa “que sempre gostou de ajudar”. “Era um benemérito da freguesia”, salientou, sem deixar de frisar que “a família sente-se agradecida pela homenagem”.
Uma das histórias que mais ouviu do avô foi “quando foi a uma reunião em Lisboa e levantou-se da mesa e disse que podia ajudar os peregrinos de Fátima, desde que lhe dessem as viaturas, que assim iria com os outros escuteiros dar assistência”.
Já a filha, Ester Campos, fez questão de enfrentar as dores de coluna que a afetam para marcar presença naquela cerimónia de reconhecimento ao pai. “Ele passava muito tempo nos escuteiros e nós respeitávamos porque era lá que ele era feliz”, contou.
Júlio Lima e Manuel Couto fizeram parte da equipa de Carlos Campos para a formação do Agrupamento de Escuteiros de Santiago. Júlio recordou ao NT a dificuldade de ter o aval das entidades superiores e de como os obstáculos foram ultrapassados com a ajuda do chefe Campos. “Foi um grande homem, pela sua iniciativa”, sustentou. Já Manuel Couto lembra “o entusiasmo” com que viveu, em conjunto com Júlio e Carlos, a experiência de fundar o Agrupamento. “O dinheiro foi dado pelo doutor Sebastião Cruz. Foram 40 contos que há 40 anos representavam muito dinheiro”, relatou.
Joaquim Carneiro, chefe do Agrupamento 94 de S. Martinho de Bougado, explicou que a homenagem foi pensada “há algum tempo”, mas fazia sentido “fazê-la no centenário de nascimento do chefe Carlos Campos”. “Uma pessoa que nos é muito querida e por quem temos uma dívida de gratidão. Se existimos e estamos aqui é porque foi ele os outros fundadores – Napoleão Sousa Marques, António Campos e padre Alberto Pinheiro Machado – que tiveram muita coragem e foram empreendedores do associativismo na nossa terra”, sustentou.
Para Luís Neves, chefe do Agrupamento 447 de Santiago de Bougado, este reconhecimento trata-se de um “agradecimento pelo trabalho que ele fez de livre vontade em prol da juventude, mostrando à comunidade a gratidão por tudo o que desenvolveu”. “Ficamos muito felizes porque a família acolheu muito bem esta ideia e até contribuiu com artigos pessoais para a exposição”, frisou.
A homenagem ficou ainda marcada por uma eucaristia em memória de Carlos Campos, seguida de uma romagem ao cemitério de Santiago de Bougado, por um convívio entre escuteiros e familiares, na sede do Agrupamento 94 e por uma tertúlia que debateu o escutismo.

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