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Edição 494

Escrever certo por linhas tortas

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A expressão já é velha, mas está sempre a rejuvenescer!
Portugal, de forma abstrata, e os portugueses, de forma concreta, estão a sofrer na pele as dificuldades que causam sofrimento e até mesmo angústia e a culpa de quem é? Do povo não é certamente, pois a História relembra-nos fases e factos que isenta sempre esta classe de qualquer tipo de culpa, até vinga unanimemente a expressão “que o povo é sempre soberano”.
Assim, se a culpa não é do povo, que representa a maioria, então de quem é? Impõe-se que vá direto ao assunto prescindindo de rodeios: Claro que é de quem “saca” a legitimidade ao povo e se faz governo, utilizando um “chico espertismo saloio” que o faz tomar decisões certas por linhas tortas…
O mundo debate-se com problemas ambientais, cada vez mais visíveis, e que começam a dar sinais de hipoteca do futuro da Humanidade (e o caso não está para brincadeiras), esta semana uma vaga de calor fora de tempo (30 graus num final de outubro!), depois de um verão frio e chuvoso, o que nos faz sentir com realidade as alterações climáticas. Extensas zonas do globo já estão carenciadas de água potável (facto que já acontece na Trofa). Agudizam-se os problemas higieno-sanitários em torno das cada vez maiores cidades, com extensos aglomerados populacionais, em perfeito contrassenso colonizador de séculos passados.
Pelo respeito que merece o meu planeta e com a contribuição séria que os Portugueses podem e devem dar para a sua preservação, foi de forma incrédula que fiquei ao ouvir a explanação de uma das propostas para o Orçamento de Estado de 2015. O governo lança a Fiscalidade Verde, colocando um dos supra sumos da inteligência, na circunstância o Sr. Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva (especialista internacional em alterações climáticas), a falar para o povo, julgando ele, que este ainda tem níveis de percepção da realidade do pré 25 de abril de 1974.
Se não vejamos, o discurso do Sr. Dr., referiu-se a três novas medidas com vista à reforma da Fiscalidade Verde: 1ª nova taxa sobre o carbono, ou seja, os combustíveis (apenas o gasóleo e a gasolina, ficando de fora o combustível utilizado nos aviões! Porquê?) vão subir mais 0,01 cêntimo/litro, permitindo um aumento da receita em mais 95 milhões de euros; 2ª revisão da TGR (Taxa Gestão Resíduos) com um encaixe de receita de 25 milhões de euros; 3ª outra nova taxa de 0,10 cêntimos por cada saco plástico leve, ou seja, aqueles que as pessoas utilizam maioritariamente nos supermercados (ficam de fora todos os outros plásticos! Porquê?), e que no seu total sacarão ao povo mais 40 milhões de euros. Vamos à soma: 95 + 25 + 40 = 160 milhões de euros, que não resultam da preocupação ambiental do ministro que tutela o ambiente (o que torna a meu ver o caso grave), pois se assim fosse teria sido mais abrangente atingindo os “lobbys”. No seu discurso acrescentou ainda uma pitada de cinismo “o objetivo não é as pessoas pagarem o imposto, é reduzirem o consumo destes produtos”. Heróico mas falso, e com falta de cultura ministerial (pois devia defender o seu, que o ambiente bem precisa) rende-se à cultura numérica para “cobrar” e, para pagar a medida emblemática do Orçamento proposto: redução de 150 milhões de euros no IRS pago pelas famílias de baixos rendimentos.
Chama-se a isto escrever certo por linhas tortas…
Estou mesmo convencido que com este tipo de gente, o Sr. Ministro influenciou de forma direta o resultado da Taça de Portugal entre o Sporting e o F.C. Porto, pois com o nome “Fiscalidade Verde” os jogadores do Sporting pensaram que era um novo imposto para pagar o prémio do jogo!

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