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Escola do Cerro volta a adotar nome de benemérito
Escola Joaquim Franco Ferreira Lopes. É este o nome que a Escola do Cerro vai (re)adotar no próximo sábado, a partir das 15.30 horas, quando se descerrar a placa que cumpre uma deliberação da Câmara Municipal de Santo Tirso, de 23 de maio de 1934.
O estabelecimento de ensino foi doado, em 1927, por Joaquim Franco Ferreira Lopes e esposa, no cumprimento de uma promessa que o guidoense fez, em jovem. Segundo o sobrinho-neto, José Manuel Lopes, explicou ao NT, Joaquim Lopes “era obrigado a ir a pé para a escola de Guidões até Bougado, o que o fez pensar que, se um dia fosse rico, faria uma escola na sua freguesia”. “E não é que o destino deu mesmo para isso?”, sugeriu José Manuel Lopes, que considera que com o descerramento da placa coloca-se um ponto final numa injustiça perpretada “pelo regime da ditadura”.
“O meu tio-avô foi para o Brasil e enriqueceu muito com o negócio do açúcar. Fez uma fortuna incalculável naquele tempo. Então, mal teve oportunidade, mandou construir a escola, que foi inaugurada em 1926”, contou José Manuel Lopes.
Um ano depois, Joaquim Ferreira Lopes decidiu doar a escola ao Estado e, sete anos depois, a comissão administrativa da Câmara Municipal de Santo Tirso conseguiu convencê-lo de que era de justiça que o estabelecimento, mais do que o nome da família, adotasse o nome próprio do benemérito.
A comprovar, está uma ata de uma reunião da comissão administrativa, de 23 de maio de 1934, que refere: “Atendendo a que é dever da Câmara homenagear os beneméritos do Concelho; atendendo a que o edifício escolar de Guidões e o respectivo mobiliário foram doados generosamente pelo capitalista Joaquim Franco Ferreira Lopes e esposa, da mesma freguesia e a que, para perpetuar certa generosidade, exemplo salutar e estímulo à gratidão dos alunos e da freguesia, deve constar publicamente esse acto; a Comissão Administrativa da Câmara Municipal delibera mandar colocar na fachada do dito edifício uma lápide com os seguintes dizeres: ‘Este edifício foi custeado pelo benemérito desta freguesia Joaquim Franco Ferreira Lopes e Esposa, que o doaram generosamente ao Estado, bem como todo o mobiliário, em mil novecentos e vinte sete’”.
Na mesma ata é referida a autorização do pagamento a uma empresa, no valor de “34 escudos”, para a aquisição de uma “placa verde”, com as “letras brancas”.
José Manuel Lopes afirmou que a placa foi retirada pelo “regime ditatorial” que governou Portugal, numa represália pelo facto de Joaquim Ferreira Lopes “ser maçon” e “um homem avançado na época”. “E o regime e a Igreja do cardeal Cerejeira não podiam com a maçonaria, porque os seus elementos eram muito republicanos e filantropos”, acrescentou.
Desde aí, o estabelecimento passou a designar-se Escola do Cerro. E assim será até sábado, dia em que o nome de Joaquim Ferreira Lopes voltará a marcar a história de um dos edifícios emblemáticos de Guidões.
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