Edição 611
E que tal esclarecer os trofenses?
Durante uma das suas intervenções na Assembleia Municipal que decorreu este mês, Sérgio Humberto falou num negócio secreto, levado a cabo entre a sua antecessora e o antecessor de Joaquim Couto em Santo Tirso, que resumidamente consistiu na entrega, sem contrapartidas, de uma parte substancial do território trofense ao vizinho e antiga potência colonizadora. As afirmações do presidente da CM da Trofa são muito graves e exigem o devido esclarecimento. Aliás, creio que a visada, a menos que assuma a veracidade dos factos, vá exigir explicações. Resta saber se estamos perante um caso que lesou gravemente a autarquia ou se, pelo contrário, estaremos perante um revivalismo daquele mito juvenil do Audi Q7 que nunca chegou a ser encontrado.
Já não é a primeira vez que este assunto vem à baila. Mas a forma superficial como é abordado não permite retirar grandes conclusões. O único facto que nós, cidadãos comuns sem acesso privilegiado à informação temos, é que a acusação não é nova. Tal como o silêncio da deputada Joana Lima.
Perante este facto, a acusação, não a hipotética culpabilidade, e porque, talvez por ignorância, desconheço qualquer tomada de posição por parte de Joana Lima, fico com a sensação de estar perante um caso comum de “quem cala consente”. Se assim for, e se Joana Lima verdadeiramente cedeu território trofense sem dar cavaco aos trofenses e ao seu executivo, é imperativo que tal seja devidamente esclarecido. A questão é sensível demais para cair no esquecimento. Importa também perceber qual a validade legal de um acordo feito nas costas de todos e quais as consequências reais para o concelho da Trofa. Se um qualquer arranjo político-partidário influenciou negativamente o nosso futuro, alguém terá que pagar essa factura.
Contudo, e até prova em contrário, Joana Lima é inocente de qualquer acusação bradada numa Assembleia Municipal. Importa é esclarecer o que realmente se passou. Cedemos território a Santo Tirso? Abdicamos sem contrapartidas? O executivo sabia? Todo o executivo ou apenas uma parte? O partido sabia? Ou será que nada disto é verdade e estamos perante aquilo que se pode classificar como uma mentira descarada?
Não sabemos. E não é por irmos ou deixarmos de ir a uma Assembleia Municipal que vamos ficar a saber. Porque, na generalidade, as análises são superficiais, os discursos são quase sempre facciosos, perdem-se dezenas de minutos com encenações e trocas de galhardetes que não acrescentam nada e ainda chegamos ao cúmulo de ver um cidadão trofense esperar mais de três horas para colocar questões ao presidente da câmara e ser pura e simplesmente ignorado, algo que configura uma situação de profundo desrespeito pelos munícipes, situação que, sob a batuta de Sérgio Humberto, não é nova. Não sabemos mas gostaríamos de saber. Estou convicto que o tema dos limites geográficos do nosso concelho é um tema de interesse público e que a maioria dos trofenses gostaria de ser devidamente elucidada sobre a matéria. Terá algum dos senhores poderosos desta terra a amabilidade de esclarecer os comuns mortais?
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