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Douro Celtic Fest Foto-Reportagem

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O Largo de Aviz na Serra do Pilar em Vila Nova de Gaia recebeu nos dias 5 e 6 de Julho a estreia do Douro Celtic Fest, um festival de música folk com ressonâncias célticas. Celebrar este estilo musical era o mandato cultural que determinou a criação do festival, organizado por Sons da Terra (Portugal) e Actos Management (Espanha).

A primeira noite do festival abriu com os portugueses Uxu Kalhus, um  grupo de música trad-folk-rock, com assumidas inluências afro-jazz-rock-ska. A potente voz de Joana Margaça lidera uma banda que talvez ande em descoberta da sua génese ou que talvez se queira afirmar como uma banda de vários talentos. Não deixa de ficar a sensação de que a procura é uma viagem e de que eles se divertem nesse percurso, oferecendo-nos paisagens sonoras que não são mais do que o seu honesto contributo para a autodeterminação do folk português, numa onda de revitallização do que se faz de mais tradicional nas danças e bailes.

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Seguiram-se Berrogüetto, vindos da Galiza, e que muito têm contribuido para o disseminar do conhecimento da música tradicional galega, dando-lhe uma roupagem mais contemporânea. Proporcionaram um bom concerto e conseguiram o mérito de fazer dançar alguns dos que os escutavam.

A fechar a noite tivemos o concerto das irmãs Searson. Erin, Colleen e Heather são as irmãs, que acompanhadas do baterista e percussionista Danno O’Shea, dão nome ao grupo. Energia, alegria e uma celebração imensa da step dance irlandesa são imagens de marca das actuações desta banda vinda do Canadá. A sua força reside muito na emotividade e alegria que as manas Searson oferecem em cada concerto, e, claro, no contributo fundamental da energia da bateria / percursão de O’Shea.

No fim da primeira noite do festival ter-se-á ficado com uma sensação de “festival a meio gás”. A noite de sábado viria contrariar este sentimento. Terá sido o apelo de Mário Dorminsky na sua subida ao palco a meio primeira noite: “Amanhã, tragam mais três amigos”? Talvez sim, talvez não. A verdade é que mais amigos vieram.

A segunda noite abriu as hostilidades com os portugueses Galandum Galundaina, nascidos e criados em Terras de Miranda, onde obtiveram o conhecimento directo da música que interpretam, no ambiente familiar, no convívio local e na consulta de antigas gravações. Os Galandum Galindaina são já os garantes de um projecto que conserva o que demais tradicional existe na música mirandesa dando-lhe uma actualização e um revigor, que são afinal a  sua grande mais valia. Senhores de um som único e diferenciador, e que é o que de melhor e culturalmente mais relevante se vai fazendo em Portugal em contexto folk. Desceram o rio rodeados de instrumentos únicos da música tradicional de Miranda do Douro: rabecas, sanfonas, gaitas de fole portuguesas e galegas, flautas tamborileiro, caixas, adufes, bombos, castanholas, pandeiretas, etc. Abriram muito bem a segunda noite do festival, tendo apelado à boa disposição e às primeiras danças da noite. Os três irmãos Meirinhos (Alexandre, Paulo, Manuel) e Paulo Preto interagem de uma forma mutio calorosa com o público e fazem-no em dialecto mirandês, o que cria um ambiente intimista e doce.

Kepa Junkero, mestre do acordeão basco (trikitixa), terá sido o concerto mais esperado desta primeira edição do Douro Celtic Fest, e talvez o concerto mais bem conseguido. Vindo do País Basco, Kepa faz música que não tem fronteiras e que é contagiante. O público dançou e aplaudiu Kepa sem se cansar. Em troca o músico ofereceu a sua criatividade e energia, envoltas numa música de intercâmbios, emotiva e apaixonante. Como momentos altos deste concerto terão de estar também os solos de Harkaitz Martinez e Igor Otxoa, com a txalaparta, e que terá provacado em muitos dos que assistiam ao concerto a mesma questão: como pode um instrumento de aspecto tão rudimentar e feito de madeira provovar um som tão potente e tão galvanizador?

O fecho do festival coube aos irlandeses Four Men and a Dog, senhores que propõem uma dinâmica relação entre a música tradicional irlandesa e géneros musicais tão variados como rock, jazz, blues, swing, salsa, polka, etc. Surgidos numa jam session do Belfast Folk Festival em 1990, estes senhores – dos quais se diz não fazerem ensaios – foram os maestros de um concerto energético e aqueles que foram ficando no Largo de Aviz certamente que se deliciaram com a panóplia de emoções com que foram envolvidos na actuação dos irlandeses.

Dois noites  onde muito se dançou. Porque quando a música é boa o pé não fica no chão. E porque calor, beleza cénica natural e boa música apelam à celebração. Uma celebração colectiva da vida. Uma festa. Muita alegria. Os fãs e seguidores da música folk de ressonâncias célticas aplaudiram efusivamente e apelaram a nova edição no próximo ano. Ficamos à espera de mais. 

Texto: Joana Teixeira 
Fotos: Miguel Pereira

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