Edição 452
Dizer não a uma Europa em retrocesso e privada de democracia
Muita coisa mudou na nossa Europa desde as últimas eleições europeias de 2009. A interminável crise que assola Portugal, deve-se uma grande parte a opções e políticas erradas a nível nacional, mas também a uma mudança repentina e inesperada de paradigma ao nível Europeu.
O aparecimento da troika, a primavera árabe, a onda de austeridade, o aumento da divergência norte sul, a chantagem da dívida, o aumento do desemprego, da pobreza, das desigualdades, a insaciável sede de privatizações por toda a Europa, o ataque desmesurado aos serviços públicos, a expansão de uma corrente ideológica assente no esmagamento dos salários e das pensões. Ao mesmo tempo, verificou-se um reforço quase infinito das garantias públicas à banca e ao setor financeiro, a aposta na economia especulativa em detrimento da economia real da produção e do trabalho, o insipiente empreendedorismo individual em oposição à enriquecedora realização coletiva.
O continuado aprofundamento da crise na Europa e o comprovado falhanço das políticas neoliberais, fazem da liberdade, da democracia e dos direitos dos cidadãos as suas principais vítimas. Uma Europa construída sem democracia, como uma fortaleza e ao serviço da finança. Para os povos europeus, sobretudo nos países periféricos, a promessa de uma Europa do desenvolvimento e da paz transformou-se na Europa da recessão e da desigualdade. Até os velhos fantasmas do passado recente, parecem querer regressar lentamente à Europa.
A crise que poderia ter sido usada como uma oportunidade para criar um novo contrato social, um novo modelo económico, foi antes usada para operar uma transformação profunda nas nossas sociedades, contra a vontade dos povos. Mas ainda estamos a tempo. Temos o dever de inverter esta loucura social e procurar construir um novo rumo, um novo contrato social.
Estando provado que a austeridade não é solução e sendo cada vez mais evidente a ausência de respostas por parte das elites europeias, é preciso um acordo alargado em toda a Europa que reconheça que este é um problema de todos e que permita encontrar soluções comuns. É preciso quebrar o atual enquadramento europeu para dar corpo a uma mudança europeia, que implique dizer não a esta Europa, tentar demoli-la, para criar uma Europa da democracia, da paz e da justiça social.
Uma refundação da Europa é pois urgente. Passa inevitavelmente por políticas centradas no emprego, no desenvolvimento social e cultural, na promoção das vertentes ecológica e solidária. Deve haver uma emancipação dos povos face aos mercados financeiros e uma economia ao serviço da sociedade. É fundamental o respeito pela soberania popular e pela democracia para construir uma nova Europa mais forte, mais homogénea, mais próspera, mais culta e democrática e com efetiva cooperação entre todos os seus povos. À velha Europa que assentou na austeridade, no desalento, na ignorância e no desemprego deve opor-se uma nova Europa que trabalha com esperança, motivação, conhecimento e emprego.
Nas próximas eleições europeias que se avizinham é imperativa uma nova aposta. É esse o momento de manifestarmos o nosso descontentamento com o atual rumo da nossa Europa. É a oportunidade para a criação de uma nova frente de Esquerda europeia forte e unida contra a falácia da austeridade. Uma Esquerda europeia pronta para mudar as regras do jogo. A Esquerda tem essa responsabilidade!
A continuidade na Europa das atuais políticas de direita (maquinadas ao sabor dos interesses de meia dúzia de gigantescos grupos económicos mundiais e das novas e muito pouco democráticas potências orientais) que têm destruído dia após dia o trabalho e a esperança de milhões de europeus, que têm maquiavelicamente esfrangalhado a unidade e a solidariedade europeias, poderão a médio prazo conduzir à total e irreversível destruição do projeto europeu.
Urge inverter este rumo autodestrutivo. Urge exigir e construir uma Europa melhor. Aquela Europa solidária e unida que esteve na génese do projeto Europeu. Uma Europa assente nos valores europeus de democracia, liberdade, igualdade e solidariedade entre os povos.
Gualter Costa
Coordenador Concelhio Bloco de Esquerda Trofa.
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