Edição 544
Desfolhada revive tradições de outrora
O Rancho Folclórico Divino Espírito Santo promoveu a 3.ª edição da desfolhada “Tradição do Povo”, que decorreu na noite de 24 de outubro.
Um grupo vindo da Trofa e outro de Matosinhos encontraram-se na eira da casa de Vilar, junto à Capela do Divino Espírito Santo, em S. Mamede do Coronado, para juntos desfolharem o milho. E para alegrar o trabalho numa noite, que ameaçava de chuva, os trabalhadores entoavam alegres cantares e os mais novos aproveitavam para meter conversa com as raparigas novas. A descoberta do milho rei (espiga vermelha) por uma criança foi um momento de grande alegria, com a menina a percorrer a roda e a ser cumprimentada por todos. E para terminar um trabalho na eira, nada melhor do que os cantares e dançares, seguido de um lanche.
Foi em ambiente de festa que decorreu a 3.ª edição da desfolhada “Tradição do Povo”, que o Rancho Folclórico do Divino Espírito Santo promoveu na eira da Casa de Vilar e contou com a participação do Rancho Folclórico S. Tiago, de Custóias, em Matosinhos. O evento contou ainda com uma atuação dos dois grupos, que desafiaram o público presente a dar um passinho de dança.
O presidente do Rancho Folclórico do Divino Espírito Santo, Carlos Ferreira, lamentou que as condições meteorológicas não tivessem permitido apresentar um quadro etnográfico que tinham preparado, que passava por “chamar da eira pelos vizinhos para virem ajudar na desfolhada” e os “labradores de outras casas” apareciam. “Mas devido ao tempo não foi possível, porque os campos estavam muito enlameados e as pessoas estragavam os trajes”, acrescentou.
Apesar de a desfolhada já ir na 3.ª edição, este foi “o primeiro ano” em que “respeitaram as tradições de S. Mamede” e organizaram o evento no “sítio correto”, agradecendo “aos proprietários” que cederam o espaço. “Era assim que se vivia em S. Mamede. O povo vinha do campo para a eira desfolhar o milho e onde se divertia, dançava e no final tinha um lanche. A cultura é isto mesmo. O folclore é a alegria, diversão e o tentar fazer o dia a dia”, referiu.
Até ao final do ano, o Rancho Folclórico tem “três atuações agendadas” e a 2 de janeiro de 2016 promove o Encontro Cantares ao Menino, que vai contar com a participação de cinco grupos/ranchos folclóricos. Já em julho de 2016, vai participar no Festival Internacional de Folclore, em Santa Marta de Aguião.
Espírito Santo quer federar-se
Este cuidado na organização da desfolhada está relacionado com a intenção da direção do Rancho Folclórico de aderir à Federação do Folclore Português. “São exigências que nos põem e acho muito bem, porque demonstram como eram os nossos antepassados e temos que fazer uma coisa que era vivida e não ‘aldrabar’”, explicou.
“Em breve”, o Rancho Folclórico do Divino Espírito Santo vai receber na sua sede, situada na antiga escola de Mendões, “os conselheiros técnicos” da Federação, que vão avaliar as “várias recolhas” efetuadas, como “cânticos, danças, histórias, brincadeiras e várias situações”, de forma a “demonstrar que aquilo que fazem era aquilo que realmente era em S. Mamede”.
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