Ano 2007
DESEMPREGO AUMENTA – Porquê?
Começou esta semana, em Lisboa, a conferência europeia "Emprego na Europa", no âmbito da presidência portuguesa na União Europeia.
Vem a propósito. Numa hora em que o desemprego não cessa de aumentar, é positivo que a Europa pense muito seriamente num problema que a todos afecta e, muito particularmente, àqueles que perderam o seu posto de trabalho numa época em que é difícil encontrar nova colocação.
Numa altura em que as estatísticas apontam para uma taxa de desemprego de 8,3%, em Portugal, parece apropriado que esta seja uma das maiores preocupações dos nossos governantes.
Parece inacreditável que, numa altura em que se fala de retoma, ainda que menta, o desemprego continue a aumentar.
Infelizmente, para muitos dos nossos desempregados, teremos que viver com esta desconfortável realidade.
A verdade é que temos assistido ao encerramento e deslocações de muitas empresas de mão-de-obra intensiva, de baixo capital e de formação não muito exigente.
A criação de emprego não tem conseguido absorver a mão-de-obra libertada das indústrias que fecham, ou, pelo menos, não tem acompanhado o mesmo ritmo. Os sectores em crise libertam mais mão-de-obra do que aquela que é necessária para as novas indústrias.
As novas indústrias são, em geral, tecnologicamente avançadas e, com poucas pessoas, conseguem produzir o necessário permitindo, por isso, que muitos continuem no desemprego.
O mercado de trabalho demora algum tempo a adaptar-se e mão-de-obra disponível nem sempre, ou muito raramente, corresponde à procura do mercado.
Muitos dramas pessoais e familiares vão, infelizmente, continuar por mais algum tempo. Os seus projectos de vida serão adiados por mais algum tempo, até que a economia cresça o suficiente para absorver a mão-de-obra disponível no mercado.
Esta é uma consequência da industrialização de certos países que não eram nossos concorrentes e passaram a sê-lo.
Na Ásia, de que a China é o exemplo mais falado, produzem-se muitos produtos baratos e de qualidade duvidosa. Esses produtos fazem-nos uma concorrência que até há pouco tempo não existia.
E não resta a Portugal outra alternativa do que afirmar-se pela diferença, afirmação essa que não é feita tanto quanto o necessário. Pelo contrário, os portugueses, empresários incluídos, têm-se mostrado, ao longo dos tempos, mais disponíveis para imitarem os outros povos do que tirarem proveito das suas vantagens comparativas.
Não tenho dúvidas que Portugal e os portugueses conseguirão "dar a volta por cima". Será, na minha modesta opinião uma questão de tempo. Portugal conseguirá adaptar-se e conseguirá ultrapassar as dificuldades presentes.
Dizem alguns especialistas que estas crises têm alguns efeitos benéficos porque retiram do mercado algumas empreses que não são competitivas e, enquanto estão no mercado, retiram competitividade a empresas saudáveis por não pagarem os seus impostos.
Não discuto a bondade de tal afirmação. Sei que os dramas criados nas nossas famílias são grandes e os efeitos do desemprego são devastadores, quer social, quer economicamente.
Pela minha parte, torço para que o crescimento económico acelere para que o mercado absorva a mão-de-obra disponível,
Cria-se mais riqueza, diminui a despesa do estado e aumenta o volume de impostos cobrados.
A esperança de que o investimento tecnológico continue, que as nossas insuficiências de formação profissional, a adaptabilidade da mão-de-obra disponível no mercado de trabalho, são expectativas que não devemos perder de vista porque será por estas vias que a nossa crise será debelada.
Afonso Paixão
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