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Edição 524

Crónica: A Paixão do futebol segundo Julen Lopetegui…

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JoãoPedro

O futebol movimenta paixões, especialmente em países onde é considerado o desporto rei, como é o caso de Portugal.

Diariamente invade as nossas conversas e é pretexto para algumas pirraças, mesmo daqueles que não gostam de futebol!
Grande parte dos desportos coletivos nasceram sob a forma de “guerras em tempos de paz”, possibilitando o entretenimento das comunidades e o convívio social. O futebol atual, muito por força da proliferação dos meios de comunicação social, televisão, jornal, rádio, redes sociais etc, passou a ser mais do que um simples jogo de ocasião; extrapolando o “antes”, o “durante” e o “depois” do jogo, vendo-se e revendo-se exaustivamente acontecimentos de vários ângulos e diversas perspetivas de opinião de um infindável número de comentadores/treinadores de bancada.

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O povo fez do futebol um desporto popular e indissociável da vida quotidiana: quando ganhamos, rejubilamos, quando perdemos, argumentamos ou ficamos estrategicamente calados…! Os sucessos ou insucessos dos clubes de futebol, em especial dos três grandes de Portugal, FC Porto, Benfica e Sporting, é também o sucesso ou insucesso da vida dos seus adeptos e marcam os seus dias, as suas semanas, os seus meses, épocas atrás de épocas.

Todos os argumentos são válidos nas discussões: ora quem tem mais títulos, quem é mais antigo, quem tem os melhores jogadores, quem tem menos passivo, quem tem o estádio maior e, imagine-se só, qual é a cor mais bonita, ou até mesmo quem ajoelha mais – tudo é válido nas conversas de “café” para “um ficar por cima do outro”!

O inesperado aconteceu no passado fim-de-semana, não porque o FC Porto perdeu o título para o Benfica, onde o desfecho até já se antevia há algum tempo, visto que, em cada época só ganha um, mas porque o treinador do FC Porto, Julen Lopetegui, resolveu em pleno jogo de futebol, ajoelhar-se! Repetiu, assim, o ato de há duas épocas atrás do seu rival e treinador do Benfica, Jorge Jesus, que em iguais circunstâncias, perante o indício da perda do título, tinha feito o mesmo!

Ajoelhar é uma consequência das emoções, dirão uns, alimenta o espetáculo e lança controversa, afirmam outros, mas acima de tudo é não perceber a realidade social em que os adeptos vivem e o desporto em geral, digo eu! Acrescento mesmo que a atitude de Lopetegui, enquanto profissional de futebol, não foi postura e seria motivo para despedimento com justa causa…

Ajoelhar, para os orientais, tem um simbolismo de submissão, reconhecimento de derrota e de inferioridade o que, no universo do desporto, é uma postura que se torna inaceitável. Viola mesmo o princípio base da sadia competição desportiva em que se apela ao esfoço, à superação e “perder nem a feijões”, refere o povo que alimenta o futebol e paga para ver o espetáculo.
Um simples cumprimento e umas palavras de felicitações chegava, para o ano há mais e “o último a rir é quem ri melhor”, sempre foi e sempre será…

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