Edição 683
Costa, o verdadeiro artista
Nesta época é habitual escolher um português, como a figura que se destacou ao longo do ano que agora termina. Não vou fugir à regra, pois vou escolher, não a figura, mas o “figurão” do ano e vou tentar explicar o porquê desta escolha, que não mereceu qualquer tipo de dúvida. Foi uma escolha criteriosa e bem ponderada.
É incontornável fazer uma análise sobre as trapalhices e as matreirices do “figurão” por mim escolhido, que foi, sem qualquer hesitação, não António Costa, o primeiro ministro, mas Costa, o verdadeiro artista. Sim, porque Costa além de ser um obcecado pelo poder, pois conseguiu chegar ao mais alto cargo da governação do país depois de ter perdido as eleições, com um dos piores resultados obtido pelo seu partido, continua a passar por entre os «pingos da chuva» sem se molhar.
Costa é mesmo um verdadeiro artista, pois conseguiu passar incólume quando foi o número dois do pior governo que Portugal teve nas últimas décadas, o governo de má memória, o governo socrático. Com muitas habilidades e matreirices, também continua a passar incólume, nas mais diversas situações graves que o país tem vivido, mesmo sendo o mais alto responsável da governação,
Costa já tinha mostrado os seus dotes de prestidigitador matreiro na maior tragédia que aconteceu em Portugal, como foram os incêndios em Pedrógão, em que quase tudo foi dantesco, pois conseguiu passar muito ao lado do incêndio sem se chamuscar ao de leve e mais uma vez passou por entre os «pingos da chuva», talvez por ter preferido ir a banhos, para uma praia mediterrânica, em plena catástrofe. O mesmo aconteceu com o famigerado e malfadado SIRESP, que Costa tinha decidido quando era ministro do governo socrático e a agregação das freguesias, que Costa prometeu alterar, mas nada fez.
As manhas políticas de Costa, o verdadeiro artista, são muitas e variadas, como é o caso da substituição da Procuradora Geral da República; o caso das touradas, que num passado recente aplaudiu e agora diz-se chocado com as touradas; os não investimentos necessários nos hospitais, nas redes ferroviária e rodoviária; as obras que ainda não arrancaram em dezenas de casas destruídas no incêndio de Pedrogão; as taxas de IVA máxima (23%) para os serviços médico-veterinários e a taxa reduzida (6%) para as touradas; as promessas de melhores condições de carreira feitas há dois anos aos enfermeiros e nunca cumpridas (mas quem se está a “queimar” são os enfermeiros).
Também são exemplo das habilidades de Costa, a manipulação contabilística nos números do combate fiscal, para parecer um sucesso que não é; a suspeita da Polícia Judiciária referente aos subornos milionários, no parque escolar; a nomeação do seu amigo Joaquim Leitão, para Presidente da Autoridade Nacional da Proteção Civil; o roubo das armas, no quartel de Tancos; a nomeação de 30 chefias da Proteção Civil, poucos dias antes da tragédia de Pedrogão; o défice conseguido com perto de mil milhões de euros em cativações, que representam um forte travão no investimento, num momento em que o Estado está a colapsar (Costa congelou mais despesas em três anos do que o governo anterior em toda a sua legislatura).
Costa, que tem o condão de recorrer a toda a espécie de malabarismos, também tenta passar por entre os «pingos da chuva» nos casos da não construção dos poucos quilómetros, para ligar o metro de superfície do ISMAI à Trofa, em substituição do comboio «surripiado» em 2002 e a não construção das variantes à Trofa (circular e alternativa à EN14), que continuam a não sair do papel há dezenas de anos. Até parece que Costa não é o primeiro-ministro deste país, que tem o poder de decidir a construção destes equipamentos tão importantes para o desenvolvimento de uma região.
Votos de Festas Felizes e um Fabuloso Ano de 2019.
José Maria Moreira da Silva
moreira.da.silva@sapo.pt
www.moreiradasilva.pt
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