Crónicas e opinião
Correio do Leitor: Conselhos ao concelho – Festa N.ª Sr.ª das Dores ou Festa Concelhia
“Enfim, uma simples alteração de 15 dias nas datas de certos eventos e tudo seria muito mais fácil, de maior envergadura e empenho dos trofenses, gerando ganhos adicionais para o concelho, aliás, à semelhança de muitos outros que nos circundam.”
Festejamos, algum tempo atrás, os 25 anos do nosso concelho…
Obviamente, infelizmente, não o concelho na forma inicial com as suas oito freguesias, mas sim o concelho “mal alterado” de cinco freguesias, ainda que, no meu modesto entender, brevemente volte a ser como no início e ou, como, aliás, deveria ter sido sempre.
25 anos é o tempo para um bebé se tornar num adulto, é o tempo para um adulto caminhar para idoso, é somente um quarto de século…
E nós, TROFA, o que fica de 25 anos?
Neste período temporal, os destinos do concelho tiveram três líderes fundamentais: Bernardino Vasconcelos, Joana Lima e Sérgio Humberto e como obras principais se destacam o saneamento básico (obra real, mas invisível), a requalificação e ou alteração dos Parques de N. S. das Dores e Dr. Lima Carneiro, o Parque das Azenhas, a Estação da Refer, a Alameda da Estação, a Distribuidora XXI, os Paços do Concelho com a respetiva Praça do Município e, ainda, as obras iniciadas da variante à Estrada Nacional 14 (Famalicão- Maia) e o Metro do ISMAI (Maia) até a Trofa (?)…
Pessoalmente, não vou aqui divulgar ou efetuar juízos de valor no sentido de dizer se foram muitas ou poucas grandes obras, pois todas elas foram demasiado importantes no crescimento do concelho, felizmente, e cada uma à sua maneira contribuíram para a consolidação do concelho, por todos nós, tanto almejado em 1998…
Antes sim, vou divulgar os quatro aspetos, que no meu entender, falharam ou estão a falhar e tinham cabimento total no conjunto das grandes obras e ou alterações, no sentido de valorizar este, apesar de tudo, jovem concelho.
Fundamentalmente, vou abordar e explicar quatro temas que, penso, deixarão todos os trofenses a pensar e refletir e talvez a dizer baixinho… sim isto era e é possível… este é um deles…
Um concelho jovem, mas já com 25 anos, não consegue ou não quer ter umas festas concelhias?… Como disse atrás, dizem, muitas vezes, que, brevemente, seremos um concelho liderante do distrito e, pasme-se, até da zona Norte. Liderante? Como liderante, se nem sequer conseguimos ter umas festas concelhias de referência? Como liderante, se não se vê interesse em ter umas festas concelhias, como todos os concelhos que nos circundam? Não conseguimos tirar mesmo nada dos exemplos dos concelhos de Famalicão, Maia, Braga, Guimarães, Barcelos, Vila do Conde, Povoa de Varzim, Matosinhos, Porto, entre outros, todos eles com grandiosas festas concelhias, sobejamente conhecidas, totalmente suportadas pelo edil camarário respetivo, com exceção da parte religiosa, que será sempre da Igreja e ou da confraria respetiva.
Com um pouquinho de empenho, engenho e arte, acho que até conseguiríamos, de repente, ter na Trofa umas enormes e grandiosas festas concelhias, assim houvesse vontade!… Vou tentar contribuir para essa ideia…
As grandiosas (?) festas de Nossa Senhora das Dores têm estado na berlinda, mais pelas suas dificuldades, essencialmente, financeiras de organização, que consequentemente originam dificuldades na constituição da respetiva comissão.
Tenho, muito recentemente, ouvido e lido variadíssimas opiniões, grandes discussões, pareceres, posições pessoais de muitos e bons trofenses, sobre a falta de qualidade na sua globalidade, poucas iluminações, fracos artistas, poucas atividades, inexistência de divertimentos, falta de colóquios, de exposições temáticas, e ou, algo de diferente que marque definitivamente o concelho, etc…
Claro que muitos destes “experts” do comentário, dos “bitaites”, ainda que no seu direito de cidadania, e até de trofenses, independentemente de bem ou mal-intencionados, nunca por lá passaram, para sentirem na pele durante uns meses, todo o envolvimento que uma organização deste género implica e consequente perda de tempo, de vida e de muitas outras coisas que todos bem entenderão…
Eu já passei por lá, e até mais que uma vez, também já colaborei com muitas comissões e já participei em muitos dos eventos associados a estas festividades, ainda que isso não faça de mim aquele “chico-esperto” que se julgue entendedor de tudo, mas ao mesmo tempo alguém que, já tendo vivido essas situações, possa, aliás, como os outros todos, ter uma opinião avalizada de quem sentiu na pele dificuldades acrescidas, presidindo assim a uma comissão de Finzes, quer em 2012, quer em 2022.
Todos recordam que, recentemente, por força de um “covid”, as festividades foram suspensas, pelo que no ano da nossa Comissão, à partida, teríamos o desafio de efetuar a “RETOMA” destas grandiosas festividades, quer no seu aspeto, digamos, profano, mas, essencialmente, no seu aspeto mais importante, que era o religioso.
Confesso, um desafio difícil, audacioso, interessante, mas conseguido e plenamente ganho, para bem de todos. Fomos uma equipa coesa e com um objetivo bem definido, ainda que, como se possa entender difícil, para muitos novidade, mas essencialmente fomos rotulados de ter conseguido, apesar das dificuldades, a retoma normal destas FESTAS. Obviamente que isto só foi possível graças a um conjunto de pessoas e circunstâncias favoráveis, talvez pelo empenho colocado como equipa, com a óbvia ajuda dos trofenses, da Autarquia, dos empresários, comércio e indústria do concelho e não só, das pessoas de bem e dos muitos religiosos do nosso concelho.
2022 foi, novamente, um marco na recuperação das tradicionais festas da Trofa, festas de S. Martinho, mas, fundamentalmente, festas de todo o concelho da Trofa. Tivemos uma participação na Expotrofa ímpar e exemplar e neste ano de mudança de local, uma vez mais, fomos os grandes obreiros num sucesso que, infelizmente, está mais difícil de repetir aparentemente.
Tivemos divertimentos populares considerados até excessivos por metro quadrado de área disponível, outro rotundo sucesso. Iluminações simples, mas extremamente belas e apelativas, adornamos as janelas da freguesia com panos alusivos ao evento religioso. Espetáculos quer na Alameda, quer no Parque N. S. das Dores, sempre repletos de trofenses e forasteiros das zonas limítrofes. Uma sessão de fogo de artificio piromusical, falada durante muito tempo pelo seu brilhantismo, duração e esplendor. Um leque de atividades religiosas sempre exemplar e vivido por todos os cristãos do concelho e áreas limítrofes, com enchentes por vezes inimagináveis.
Por fim, o orgulho de todos os trofenses, a Majestosa Procissão em Honra a Nossa Senhora das Dores, que percorreu as ruas da cidade, com uma imensa multidão nunca vista neste tipo de eventos. Foi lindo, foi espetacular, quer na vivência religiosa, quer na sua forma bem organizada e na cativação de quem a ela assistiu. Imensos figurantes com a qualidade que uma procissão merece, os famosos andores como sempre bem adornados e com a altura ímpar como sempre, música de fundo solene, cavalos diferentes, e, fundamentalmente, um leque de convidados propositadamente a invocar que estas seriam e serão, assim haja vontade, as grandes festas concelhias.
Um sucesso religioso aos olhos dos milhares e milhares de romeiros que assistiram ao seu desenrolar, categoricamente, bem organizado. Imagine-se gente da Trofa, Santo Tirso, Paredes, Famalicão, Maia, Porto, Vila do Conde, Póvoa, Braga, Barcelos e, pasme-se, de Loures, Lisboa e Cascais. Enfim, justificou lágrimas de alegria pelo sucesso estrondoso conseguido apesar de todas e tantas dificuldades.
Este sucesso de muitos e muitos trofenses, deu-nos motivos para pensar em converter estas festas nas grandes festas do concelho da Trofa.
Vejamos e imaginemos este cenário:
– ExpoTrofa, o que há de bom no concelho da Trofa, em termos de Comércio, Indústria, Agricultura, Associativismo, Artesãos e Gastronomia, por norma, realizada na primeira e ou segunda semana de julho de cada ano, evento realizado e financeiramente suportado pela Câmara Municipal, para o qual é solicitado o apoio na organização da Comissão de Festas Nossa Senhora das Dores anual, realização por norma na Alameda da Estação, em S. Martinho.
– BeLive Trofa, como dizem e cito, nascido da juventude e para a juventude, o BELIVETROFA assume-se, atualmente, como um dos festivais de música de referência no Norte do país. Com características únicas na região, o BELIVETROFA aglutina o melhor da diversão noturna com um conceito jovem e participativo, que associado aos grandes nomes do panorama musical atual, o tornam único e singular. São vários dias de animação, música de qualidade e diversão, com a participação dos bares locais, potenciando um vasto programa envolvendo voluntariado, música, dança, vídeo, entre outros, e sempre de forma gratuita. Obviamente, mais um evento de organização da Camara da Trofa e financeiramente suportado pela mesma, a realizar sempre na última semana do mês de julho de cada ano, por norma do recinto da feira da Trofa, em Santiago de Bougado;
– Nossa Senhora das Dores Trofa, a maior festa religiosa anual do concelho da trofa, a realizar, por norma, entre o segundo e o terceiro domingo de agosto de cada ano, na cidade da Trofa (Paróquia de S. Martinho), acima já minimamente desenvolvida.
Tracemos este cenário fácil, assim houvesse vontade:
– ExpoTrofa, passar a realização para a terceira/última semana de julho de cada ano;
– BeLive, passar a sua realização para a primeira semana de agosto de cada ano;
– N. S. das Dores, claro manter a festividade religiosa intocável, isto é, nos moldes de sempre.
O que se teria então: uma enorme e monumental festa concelhia, de cerca de 30 dias, sempre situada entre mais ou menos 20 de julho e 20 de agosto, que passariam a ser as possíveis “grandiosas festas concelhias”, sempre de cariz igualmente religiosos, fundamentalmente com os mesmos custos e gastos financeiros já existente e também já suportados pela Autarquia, facilmente suportados pela mesma e assim, correta e legalmente, justificados, podendo até haver ganhos globais em todas as áreas, iluminação única, vários fogos de artificio, melhor divulgação parcial e global, quer localmente, quer na região Norte e até no País.
Obviamente que a parte religiosa seria e será sempre tarefa da Comissão e da Paróquia, nomeada para esse efeito, a manter nos moldes atuais e de sempre (por local dentro de S. Martinho), mas cuja preocupação fundamental seria, apesar de enquadrada na globalidade das festas, somente a parte religiosa, pelo que, assim, esta apareceria sempre muito mais facilmente e com maior empenho e até provavelmente ainda mais melhorada.
Enfim, uma simples alteração de 15 dias nas datas de certos eventos e tudo seria muito mais fácil, de maior envergadura e empenho dos trofenses, gerando ganhos adicionais para o concelho, aliás, à semelhança de muitos outros que nos circundam.
Garanto que nesta base não faltaria gente para pertencer a qualquer comissão, o que afinal é sempre o maior problema nesta altura do ano.
Não descobri nada, apenas falei e pensei alto, porque me preocupa este assunto, assim haja vontade de quem…
Mário Moreira
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