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Correio do Leitor: A Associação Cultural e Recreativa Trofense

Uma colheita nobre de “bougadenses” nascidos nos anos cinquenta do século passado, concretizaram esse desiderato: criar um espaço de convívio, desenvolvimento cultural, recreativo e desportivo.

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Aos leitores d’O Notícias da Trofa gostaria de recordar o 8 de Fevereiro de 1974 que poucos bougadenses se recordarão, já vão cinquenta e um anos, quando foi feita a escritura da Associação Cultural e Recreativa Trofense (ACRT).

Estávamos na “primavera marcelista” e um jovem bougadense insubmisso, com o objectivo de revolucionar a vivência no “burgo trofense”, reuniu um punhado de jovens no início de 1973 e lançou os alicerces da ACRT.

Uma colheita nobre de “bougadenses” nascidos nos anos cinquenta do século passado, concretizaram esse desiderato: criar um espaço de convívio, desenvolvimento cultural, recreativo e desportivo.

Estávamos nos anos setenta onde prevaleciam as casas de pasto (Cândido Couto, Benadina, etc.) e os cafés, alguns deixaram muitas saudades como o Himalaia, onde se juntavam os republicanos, na rua Conde S. Bento, Ponto Chic, na rua Costa Ferreira, Miranda na rua D. Pedro V, entre outros. Existia ainda um clube, onde só eram admitidos como sócios alguns “senhores” da elite trofense.

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Com instalações provisórias no Bairro da Capela, num rés-do-chão cedido gratuitamente e a eletricidade cedida pelos Monteiros, os associados construíram os primeiros bancos, mesas e uma mesa de pingue-pongue, proporcionando aos associados um espaço de convívio.

Após a escritura mudou-se para a rua Doutor António Cruz, onde mais tarde iriam, no rés-do-chão, instalar-se os Bombeiros da Trofa.

Com actividades culturais, recreativas e desportivas muito diversificadas (colóquios, teatro, feiras do livro, biblioteca, jornalismo, apoio escolar noturno, fotografia com laboratório, jogos de sala, etc.) foi marcante para muitos de nós.

Alguns se interrogarão sobre as feiras do livro, mas na verdade as primeiras foram realizadas pela ACRT graças ao empenho de jovens universitários que percorriam os livreiros do Porto e traziam os livros para serem exposto e vendidos. Com este trabalho de formiga se formou a biblioteca.

Como começou sei, mas como encerrou permanece um mistério. Um pormenor relevante é uma possível existência de nexo causalidade do efeito da política.

Ao sócio N.º 1 foi instaurado um processo e afastado (tenho a carta da suspensão da actividade associativa assinada por um político) este viria de seguida implementar os seus projectos na Escola Primária com beneplácito e apoio do Director Napoleão de Sousa Marques.

Surgiu assim, com apoio de alguns, o Ginásio Infantil da Trofa que viria a dar origem ao Ginásio da Trofa.

Desapareceu a ACRT, seguiu-se já neste século a ADAPTA e de seguida o Ginásio da Trofa e muitas outras colectividades perdendo-se de uma forma “irreversível” estas associações que muito contribuíram para engrandecimento da vida cultural, desportiva, de lazer e científica.

Ainda hoje me interrogo o que foi feito de todo o património desta colectividade, como a biblioteca e restante recheio da ACRT.

Importa realçar ainda a ADAPTA, que desapareceu porque não tinha associados com vontade de tomar conta da direcção e perdeu-se assim todo o trabalho desenvolvido na área do património realizado pela equipa de trabalho e muito mais seria realizado se não fosse encerrada.

O Ginásio da Trofa teve igual destino, embora se deva realçar o trabalho do Botelho que lutou até ao fim.

A “Trofa” merece mais dos seus políticos, dos decisores autarcas e não daqueles que se põem em “bicos de pés” para a fotografia e assobiam para o lado quando é preciso trabalhar.

A humildade e o empenho são elementos preponderantes no desenvolvimento das colectividades e quando os “políticos” interferem normalmente desaparecem.

A cultura e o desporto são fundamentais para o desenvolvimento da sociedade.

A cultura enriquece e o desporto fortalece.

José Manuel da Silva Cunha

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