Ano 2008
Conferência esclarece contributo de imigrantes em Portugal
"Mitos e Factos sobre Imigração" teve lugar no auditório da Junta de Freguesia de Santiago de Bougado, na passada sexta-feira, e contou com a presença da formadora Concha Tello, do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, que tentou responder a algumas questões que pairam na mente dos portugueses.
Por cada imigrante que recebemos em Portugal, temos 10 emigrantes espalhados pelo Mundo. Esta estatística não é a que muitos portugueses imaginam e por isso o Centro Local de Apoio à Integração de Imigrantes da Trofa associou-se ao Ano Europeu do Diálogo Intercultural para desfazer mitos e apresentar factos sobre a imigração.
A iniciativa, que teve lugar no auditório da Junta de Freguesia de Santiago de Bougado, na passada sexta-feira, contou com a presença da formadora Concha Tello, do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, que tentou responder a algumas questões que pairam na mente dos portugueses.
Apesar de Portugal acolher pessoas de múltiplas nacionalidades, as que predominam são as de Cabo Verde e Brasil, ambas numa percentagem de 16 por cento, seguindo-se as da Ucrânia, Angola e Guiné Bissau. Os distritos que recebem mais imigrantes são Lisboa (49 por cento), Faro (14 por cento), Setúbal (9 por cento) e Porto (6 por cento). Tem-se registado um aumento na zona do Algarve, devido ao turismo, em que há constantemente obras de construção civil e actividades na restauração.
A formadora alertou para a necessidade de se fazer a distinção entre imigrante e estrangeiro, pois enquanto que o primeiro se fixa no país por um período mínimo de um ano, o outro está apenas de passagem pelo território nacional. A associação mediática "excessiva" dos imigrantes ao mundo da criminalidade é feita "pela comunicação social, que nas notícias fazem questão de enunciar a nacionalidade de um actor de um delito, caso este não seja português".
Outro dos "mitos" desvendados foi o facto de os imigrantes não virem "roubar" o emprego aos portugueses. "Normalmente os imigrantes vem para empregos para os quais os portugueses não são suficientes ou não querem", referiu Concha Tello que também refutou a ideia de que os imigrantes vêm desgastar a segurança social. "Está comprovado um impacto positivo dos contributos dos imigrantes nas contas públicas nacionais. Em 2003 entraram nos cofres do estado 323 milhões de euros, enquanto em 2002 entraram 238 milhões de euros".
Sobre a situação irregular de imigrantes no país "são recorrentes notícias de detenções de imigrantes em operações policiais e que influenciam a opinião pública que pensa que estes são perigosos para a sociedade". No entanto, uma pessoa em situação em irregular "apenas não tem autorização para permanecer e trabalhar no país e não é obrigatoriamente uma pessoa perigosa".
"Muitas vezes imigrantes até são aliciados para virem para Portugal com promessa de um bom trabalho, mas quando chegam cá roubam-lhes os passaportes e obrigam-nos a trabalhar em condições precárias e são explorados. É fundamental o combate à imigração irregular e o respeito pelas leis nacionais e internacionais, desde logo a protecção dos próprios imigrantes", referiu Concha Tello.
Outros dos estudos apresentados nesta acção de formação também contraria a ideia que muitas pessoas têm acerca das condições de saúde dos imigrantes quando entram em Portugal. A responsável expôs que "o ciclo migratório constitui uma exigente processo de selecção natural", pelo facto de que só os mais fortes sobrevivem, e que os imigrantes "revelam maiores indicadores de saúde que os próprios cidadãos nacionais". A saúde dos que procuram por uma vida melhor apenas fica debilitada já no país de acolhimento, devido às condições de trabalho precárias, excesso de horas de laboração, alimentação deficiente, más condições de alojamento, profissões perigosas e escassos rendimentos.
Depois de esclarecer algumas dúvidas dos presentes, a formadora terminou a conferência com um vídeo que ilustrava a vida de alguns imigrantes em Portugal.
A iniciativa esteve a cargo da Câmara Municipal da Trofa, uma das autarquias que se associou às comemorações do Ano Europeu do Diálogo Intercultural.
Cátia Veloso
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