Crónicas e opinião
Compete-nos a nós, jovens, mudar esta sociedade
Tenho 14 anos e ando no 9.º ano de escolaridade. Frequento a escola de S. Romão do Coronado. Tenho uma vida normal como todos os adolescentes. Escola, família, amigos e hobbies. Gosto de ficar em casa ver uma série ou jogar. Muitas vezes, ouço a minha mãe falar que, na geração dela, as brincadeiras eram na rua, os amigos eram os vizinhos, não existiam redes sociais, nem telemóvel. Como é possível?
Por vezes, questiono-me se a minha geração é que está errada ou seria a dos meus pais…
Sinto que também o universo digital é o aspecto mais característico da minha geração. Eu, apesar de não ser dependente do telemóvel, pergunto-me como foi possível os meus pais terem o seu 1.º telemóvel quando começaram a trabalhar. Eu tive o meu no 5.º ano.
Sinto que somos muito mais independentes com toda esta realidade. Quero ter acesso a informação, vou à internet… quero vender alguma coisa vou à internet… A minha mãe refere que comprou o 1.º gravador quando trabalhou em tempo de férias. Eu, com esta idade, tenho uma playstation.
Apesar de estar a viver numa geração em que sinto que tenho tudo mais facilitado, tenho as minhas preocupações de adolescente. As minhas aspirações escolares e até profissionais. Verifico que existe mais competitividade entre os alunos e acredito que esta competição vai ser cada vez maior, devido ao avanço das tecnologias.
Um aspecto que me preocupa são as mudanças climáticas. Daqui algum tempo como estará o nosso planeta? O aquecimento global e a crise climática de causas humanas preocupam-me. Devemos assumir todos este problema e tomarmos medidas de prevenção e mudarmos alguns comportamentos para estabelecermos uma nova relação com o meio ambiente. Se não mudarmos, acredito que o nosso futuro não vai ser muito agradável.
Julgo que não é necessário fazer muito esforço. Economizar a água, reciclar lixo, separar papel, plástico, do vidro , e do metal… As nossas florestas estão cada vez mais devastadas pela ganância do homem, a biodiversidade está a desaparecer. O primeiro passo para a mudança seria investir mais nos jovens, porque somos o futuro de todos os países do mundo. Deviam dar-nos novas oportunidades, uma boa formação específica, abrir horizontes. Participarmos em workshops e manifestações, fazerem grupos com os jovens no sentido de expressarmos os nossos pontos de vista e preocupações. Compete-nos a nós, jovens, mudar esta sociedade.
Achei interessante alguns trechos de uma carta que foi escrita em 1855, pelo cacique Seattle, da tribo Suquamish, do estado de Washington, quando o então presidente Francis Pierce, dos Estados Unidos, deu a entender que pretendia comprar o território ocupado pelos índios: “Para [o homem branco], um pedaço de terra não se distingue de outro qualquer, pois é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo de que precisa. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga; depois que a submete a si, que a conquista, ele vai embora, à procura de outro lugar.
Deixa atrás de si a sepultura de seus pais e não se importa. Sequestra os filhos da terra e não se importa. […] Seu apetite vai exaurir a terra, deixando atrás de si só desertos […] O que fere a terra fere também os filhos da terra. O homem não tece a teia da vida; é antes um de seus fios. O que quer que faça a essa teia, faz a si próprio”.
Sei que tenho que terminar o 9.ºano e que a partir daí vai ser a “doer” . Sinto um “friozinho na barriga” quando penso neste futuro desconhecido. Contudo, sei que vai ser a partir daí que me vou preparar, tanto ao nível académico, como psicologicamente para o meu futuro profissional.
Em relação ao futuro profissional, tenho que trabalhar naquilo que gosto, mas também tenho ambição de ganhar dinheiro.
Sinto que esta fase também é a preocupação dos meus amigos da escola. A entrada para o ensino médio cria-nos insegurança e preocupação, não só pelas escolhas que iremos fazer, mas também pelos novos amigos e nova escola com que nos vamos deparar.
Mas com todas estas adversidades, tudo vai correr bem, porque como se costuma dizer “os jovens de hoje são os adultos de amanhã”.
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