Chuva abençoou Cortejo de S. Roque

Cortejos de Alvarelhos existem há, pelo menos, meio século e voltaram às ruas para angariar fundos para as obras na Igreja da freguesia. Aldeia de S. Roque saiu à rua este domingo e mesmo com chuva trouxe vários “segredos”… e uma nave espacial.

A chuva que caiu sem cessar não assustou os alvarelhenses, que fizeram sair à rua mais um tradicional cortejo com muitos “segredos” e uma nave espacial. Este domingo foi a vez da aldeia de S. Roque manter a tradição e ajudar a angariar mais algum dinheiro para as obras realizadas na Igreja da freguesia.

“Já é o segundo ano consecutivo que vimos à chuva, mas não deixamos de fazer esta festa, é para a Igreja e a Igreja merece”, frisou Adriano Teixeira, um dos elementos da organização do Cortejo da aldeia de S. Roque.

“O S. Pedro não ajudou”, mas os habitantes da aldeia desfilaram com o mesmo brio pelas ruas, vestidos com trajes de época, e a chuva que caiu abençoou a festa. Os carros carregaram os tradicionais segredos (vários tipos de comida e bebida que depois são leiloados) e a surpresa da tarde, uma nave espacial, com rota traçada pelo espaço e aterragem no Brasil. No largo da Igreja centenas de pessoas já esperavam pela misteriosa viagem e pelos saborosos “segredos”. “O especial disto tudo é o facto de as aldeias todas terem aqui desenvolvido tecnologias que eu desconhecia. É tudo feito por nós, é uma obra-prima, levamos dias a fazer isto. A nossa nave demorou um mês a ser construída e, como nós, as outras aldeias também tiveram muito trabalho”, adiantou Adriano Teixeira.

Em comunicado enviado ao NT, a Comissão do Cortejo das aldeias de S. Roque agradeceu ainda “à população do lugar que contribuiu de alguma forma para a realização do mesmo” e “à Câmara Municipal pela cedência da Polícia Municipal”. “Queremos agradecer a todos os Alvarelhenses e de um modo geral a todos que assistiram e apoiaram este cortejo que, apesar da chuva, se mantiveram a aplaudir”, acrescentaram.

Os Cortejos na freguesia de Alvarelhos surgiram há, pelo menos, meio século, mas já há vários anos que não se realizavam. A ideia de reavivar esta tradição surgiu de José Ramos, pároco da freguesia, que juntou o útil ao agradável: “O Cortejo nasceu há três anos para darmos início às obras da Igreja” e para “dar continuidade a uma tradição bastante antiga”.

“Disse ao povo que os cortejos deviam ter uma continuidade não tanto pelo aspecto monetário, mas sim pelo seu aspecto cultural e de convívio, porque nós vemos que estes cinco domingos são de festa, em que temos aqui muita gente e em que se dá largas à criatividade, ao bom humor”, acrescentou o pároco.

No entanto, as obras “eram mesmo necessárias” e já foram realizadas, caso contrário o pároco acredita que com o mau tempo que se fez sentir no fim-de-semana “o telhado tinha desabado”.

“No restauro desta Igreja gastámos 302 mil euros, o tecto estava quase a desabar, a parte eléctrica teve que ser totalmente renovada e a instalação sonora também. Para acabarmos de pagar as despesas tivemos que pedir emprestado. Um particular emprestou-nos 42 mil euros. Entretanto, fizemos um acordo com a Câmara Municipal para receber uma verba ao abrigo de um projecto para a preservação do património. O executivo anterior prometeu dar-nos 25 mil euros e, pouco antes de ir embora, deu-nos 10 mil euros”, explicou José Ramos, que acredita que com o dinheiro angariado nos Cortejos deste ano vão conseguir acabar de pagar a empreitada.

Os Cortejos na freguesia de Alvarelhos começaram no dia 7 de Fevereiro e terminam no próximo domingo, com a organização do lugar dos Casais.