Edição 496
Cenfim: uma “máquina” de fazer empregos (c/video)
O Cenfim entregou diplomas aos alunos que concluíram com sucesso o percurso formativo e deu exemplos de pessoas que mudaram de vida para entrar no mercado de trabalho.
Orlando, 40 anos, estava liga-do à área da Banca, para a qual se formou e teve um percurso profissional satisfatório, até a cri-se financeira atingir o sistema bancário e pregar-lhe uma partida. O escritório de consultadoria que montou deixou de ser rentável e a cabeça de Orlando encheu-se de pontos de interrogação. O que fazer? Para onde ir?
A única saída era “batalhar por alguma oportunidade” e foi o que fez. Deixou-se de cenários românticos e assentes em pensamentos ilusórios e decidiu arriscar numa formação que permi-tisse ingressar no mercado de trabalho. Começou aqui a ligação com o Cenfim – Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecâ-nica – da Trofa, onde se candida-tou a um curso de soldador.
Depois de concluir a formação, propôs um estágio numa empresa de metalomecânica, onde acabou por assinar contrato. “Foi um ano de esforço, mas valeu a pena”, afirmou, durante o testemunho que deu na cerimó-nia de entrega de diplomas promovida pelo Cenfim, no dia 30 de outubro. Tratou-se de um evento que visou reconhecer os jovens e adultos que concluíram com su-cesso o percurso educativo/for-mativo qualificante e prestigiar o mérito de todos os parceiros do Centro de Formação.
Também Afonso, 35 anos, viu no centro de formação uma via para mudar de vida. Profissional de marketing na área das teleco-municações, foi surpreendido pe-lo desemprego e, depois de um ano à procura de trabalho, aventu-rou-se no curso de CNC (Comando Numérico Computorizado). “Na altura de começar as aulas, recebi uma proposta de trabalho bastante boa na minha área, mas nessa altura já tinha decidido que ia mudar de vida e arrisquei no curso. Foram dez meses bem passados, aprendi muito. Cumpri o meu trajeto e, no fim, o Cenfim cumpriu a sua promessa e colocou-me no mercado de trabalho. Estou empregado desde que saí e muito bem. A minha vida tem um novo rumo”, contou.
Para António Luís, diretor do Cenfim, estes depoimentos “são representativos” de um grupo de pessoas que “foram ter a um be-co sem saída” e que encontraram uma alternativa junto do Centro.
“Nós ajudamos a estimular uma solução, pomo-los a andar de bicicleta, devagarinho, e, depois, eles com a sua ação e os empresários com encomendas permitem chegar a uma carreira profissional duradoura e à viabilidade das empresas”, afiançou. É que, do outro lado da moeda, está uma organização que, para crescer, precisa de recursos humanos qualificados. O exemplo foi dado com o testemunho de um empresário francês que “tinha dinheiro, máquinas e mercado”, mas não conseguia preencher o quadro de pessoal. Teve de recorrer ao Cenfim, que “foi uma das soluções para que o in-vestimento feito por esta empresa de referência na construção de engrenagens para a indústria de competição tivesse 40 pessoas a trabalhar em Cête (Paredes), senão tinha ido embora com prejuízos na conta”, referiu António Luís.
Do mesmo modo, outro empresário interveio para congratular-se pelo facto de “80 por cento” dos funcionários da fábrica que gere, e que vende máquinas para países da Europa e América Latina, terem sido formados no Cenfim.
O Centro de Formação entregou diplomas a “200 alunos” que, “estavam desempregados” e, neste momento, “estão colocados” no mercado de trabalho. An-tónio Luís espera que a ligação com o Centro se mantenha do ponto de vista da “formação contínua”, condição necessária para acompanhar a “constante evolução da tecnologia”.
“Temos muitas saídas profissionais, seja de serralharia, manutenção industrial, programação CNC, soldadores, mas para o curso de operador de máquinas de comandos numéricos, quanto mais se forma mais colocação tem. Mais de 90 por cento dos alunos que são formados aqui, estão colocados”, sublinhou.
“Atores devem estar envolvidos na construção de um Portugal atrativo”
A iniciativa do Cenfim contou ainda com uma palestra condu-zida por Rui Monteiro, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), subordinada ao tema “Educação e formação 2020”.
No mesmo espaço estiveram professores, alunos, empresários, técnicos do Centro de Emprego, técnicos da CCDR-N e re-presentantes de centros tecnoló-gicos e associativismo empresarial para discutir a ação e os passos a dar rumo ao crescimento sustentado da Economia. Esse processo “baseia-se nas qualificações duradouras dos ativos, que permitem, com estes meios, às indústrias responder aos desafios da internacionalização, da competitividade, do valor acrescentado, para ter margem para financiar e acolher profissio-nais qualificados e promover-lhes uma carreira que seja realizadora”, explicou António Luís.
Uma das questões abordadas na palestra foi a concretiza-ção de mecanismos para a construção de um “Portugal atra-tivo em termos de captação de capital estrangeiro”. “Os órgãos de poder local e regional devem envolver os atores seja para fazer instalação de um parque industrial, seja para reunir meios necessários para as empresas terem retorno do investimento fei-to no nosso país”, acrescentou.
António Luís chamou ainda a atenção para o facto de “os quadros comunitários de apoio não darem resposta” a infraestruturas públicas de transporte, que permitam a deslocação das pessoas “numa altura de crise, em que as portagens e o custo de combustível são quase impossíveis para um desempregado”.
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