Ano 2010
Castro de Alvarelhos em exposição
“O Castro de Alvarelhos – Cem anos de protecção” é o mote para a exposição sobre o Monumento Nacional, que foi inaugurada este domingo. Câmara Municipal e Junta de Freguesia anseiam pelos apoios para o recomeço das escavações.
Foi para recordar a importância do Castro de Alvarelhos, classificado pelo Instituto Português do Património Arquitectónico como Monumento Nacional desde 1910, que o pelouro da Cultura da autarquia trofense organizou a exposição “O Castro de Alvarelhos – Cem anos de protecção”, na Junta daquela freguesia.
Longe das ruínas, na Junta de Freguesia de Alvarelhos, alguns trofenses tiveram a oportunidade de ficar a conhecer a história deste monumento e a evolução das suas escavações ao longo dos anos.
Considerado um dos maiores povoados do Noroeste Peninsular, este espaço, na serra de Santa Eufémia, entre a Quinta dos Aidos e a Quinta do Paiço, foi ocupado em épocas muito remotas, de acordo com historiadores, provavelmente desde a Idade do Ferro.
Através de fotografias, Gilda Pinto, arqueóloga da Casa da Cultura da Trofa, identificava a primeira igreja de Alvarelhos, que se encontra mesmo na entrada principal do Castro e que tem ainda um cemitério associado, que servia a vila que ali estava instalada.
Quem visitar a exposição, ou mesmo as ruínas, poderá ver ainda o que resta de um forno de pão, a linha de canalização dos esgotos, as divisões das casas e as ruas que renasceram pelas mãos dos arqueólogos que começaram os primeiros trabalhos de escavação há já vários anos.
Quanto a objectos recolhidos no Castro de Alvarelhos, poderão apenas ser encontrados no Museu de Santo Tirso, bem como, na Casa da Cultura da Trofa, mas há um que se destaca: “Curiosamente uma das coisas mais importantes que nós encontramos foi um pequeno fragmento de uma taça, feita numa cerâmica muito dura com um verniz por cima, que é importante porque conhecemos as oficinas e os centros de produção e esta que nós encontrámos imita o mármore e é muito rara. Sabemos que foi produzida em Lyon, em França”, explicou Gilda Pinto.
Inserida nas Jornadas Europeias do Património e do Dia Mundial do Turismo 2010, esta exposição abordou ainda o tema “Património Natural e Cultural: um Mapa da História e da Biodiversidade”, proposto pelo Conselho da Europa e da Organização Mundial de Turismo. Hélder Marques, professor e investigador na área, foi o orador que descreveu a composição do concelho e frisou a importância da conservação do património e biodiversidade que se podem conservar, ao preservar o monumento.
Qualquer pessoa pode beneficiar de uma visita guiada ao Castro, bastando para isso contactar a Casa da Cultura da Trofa.
Esta exposição estará patente na sede da Junta de Freguesia de Alvarelhos até 15 de Outubro.
Castro podia ser “grande ponto de atracção turística”
Entre os projectos para a dinamização do monumento destacam-se o de salvaguarda arqueológica e o projecto de dinamização, no qual se inclui o lançamento do já conhecido Vinho Castro. No entanto, espera-se o financiamento para concluí-los.
“É desejo de todos, e fundamentalmente da Câmara Municipal e penso do senhor presidente da Junta de Alvarelhos, todos os alvarelhenses e trofenses, que o Castro tivesse outro tratamento, que pudéssemos arrancar com escavações, mas obviamente em momentos de penúria financeira, como a que estamos a viver, normalmente a Cultura é uma das que mais sofre”, avançou José Magalhães Moreira, vice-presidente da Câmara Municipal da Trofa.
Mas para Joaquim Oliveira, presidente da Junta de Freguesia, visitar o Castro “tal qual como está neste momento é desolador”. Considerando que a exploração do local não está a ser “equacionada de uma forma ideal”, o autarca garante: “A dinamização do Castro de Alvarelhos podia potenciar um grande ponto de atracção turística, que naturalmente teria os seus custos, mas também teria os seus proveitos”.
Para Magalhães Moreira este monumento “é o que a Trofa tem de mais importante para mostrar” e por isso, não põe de parte “a hipótese de paulatinamente ir pondo as ruínas a descoberto”.
Joaquim Oliveira também valorizou a continuação das escavações no futuro: “Era extremamente importante descobrir-se o que envolvia estas civilizações, porque este Castro era muitíssimo importante, não só para as nossas terras, mas para todo o Noroeste Peninsular”.
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