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Edição 560

Calma e mais chá

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O orçamento aí está e a chantagem continua. Elaborado num curto espaço de tempo e com uma bomba chamada Banif pelo meio, o orçamento acabou por nascer cheio de falhas, logo desde a sua concepção. Em primeiro, foi um orçamento de diálogo, avanços, recuos, cedências, propostas e contra-propostas e isto não se faz. Um bom orçamento, como foi bem visível nos últimos quatro anos, deve seguir uma linha única, para no final termos rectificativo atrás de rectificativo e no fim falhar todas as metas. Em segundo, um bom orçamento tem de ter pelo menos um ou dois pontos inconstitucionais. É inadmissível um orçamento dentro das normas constitucionais e os juízes do Palácio Ratton já não estão habituados. Em terceiro, parece que não há nenhuma privatização agendada, e isso também não se faz, pois já existiam contratos-promessa com amigos para excelentes negócios. Em quarto lugar, devolver algum rendimento aos que foram sacrificados e isso também não se faz, logo agora que já estávamos a viver dentro das nossas possibilidades, numa versão moderna do pobres mas honestos. Eles lembram-se de cada uma!
A sorte da direita é que, debaixo de cada pedra, aparecem 20 comentadores encartados e com botões de punho para dar credibilidade ao discurso. E realmente eles estão em todo lado e a qualquer hora, pois por vezes parece que vejo e ouço o mesmo discurso no Bom Dia Portugal, no Fórum TSF e na edição da noite dos 3 canais noticiosos. Se são tantos e a dizer o mesmo, só podem ter razão. Neste ponto não devemos esquecer o actual estado dos órgãos de comunicação social e a crise já latente do jornalismo. Como disse José Vítor Malheiros no Público, a cobertura jornalística é maioritariamente de direita, com contadores despojados de uma visão alternativa, tendo como resultado um enviesamento da opinião pública. O espaço mediático não é para os Sans-culottes.
Por fim, tivemos a aprovação do orçamento por Bruxelas e Berlim. Obviamente, a direita fez tudo para inquinar o processo, usando todos os seus recursos (e não são poucos) para descredibilizar o documento orçamental e sem qualquer tipo de prurido. Pelo meio também ficamos a saber que o nosso orçamento tem de ter a luz verde de entidades europeias com um poder superior ao voto dos portugueses. E assim vai a democracia na Europa. 

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