Ano 2012
Assembleia de S. Mamede rejeita fusão com S. Romão (c/video)
Assembleia de S. Mamede do Coronado está contra a agregação da freguesia com S. Romão do Coronado. População divide-se nas opiniões.
Foi concorrida a sessão extraordinária da Assembleia de S. Mamede do Coronado, que reuniu na sexta-feira, 27 de janeiro, para discutir a reforma administrativa e a possível agregação da freguesia a S. Romão do Coronado.
Numa sessão peculiar, em que elementos da Assembleia e público intervieram e debateram em conjunto, o órgão deliberativo mamedense acabou por reprovar os desígnios do LivroVerde apresentado pelo Governo.
Para o PSD mamedense, esta reforma vai provocar “perturbações desnecessárias”. Na tomada de posição do partido, Modesto Torres apontou o dedo às autarquias, afirmando que ”o grande cancro do poder local está nas câmaras e no excessivo poder dos seus presidentes”. “Poder á ser tão certo diminuir o número das atuais 4206 freguesias como é tão certo diminuir os 308 municípios, acrescidos de centenas e centenas de empresas municipais. É aqui, e por aqui, que se devia começar, porque é aqui que está escondido e por conhecer o grosso colossal do endividamento”.
O social-democrata defende que ”a fazer-se, esta reforma devia ser antecedida de um amplo debate local, generalizado para ser devidamente representativo e só devia visar a simplificação do modelo de gestão de proximidade e direcionar a uma visão supramunicipal, que fosse capaz de diminuir o excessivo individualismo de muitos responsáveis municipais e sempre com a preocupa ção de escala territorial mais alargada e integrada”. “Sempre ouvi dizer que um euro entregue às juntas de freguesias se multiplica muitas vezes, ao contrário dos euros retidos nas câmaras”, completou.
Enquanto o executivo mamedense acredita que a ”fusão” da freguesia com S. Romão do Coronado vai mesmo acontecer, à luz dos critérios do Livro Verde (que faz com que o concelho da Trofa passe a ter quatro freguesias), há quem afirme que esse cenário pode não ser uma realidade.
Modesto Torres defende que “o Governo ainda não deu nenhum exemplo daquilo que é o quadro da reorganização ao nível do concelho da Trofa e que aquilo que os meios de comunicação social local avançam não é nem mais nem menos que a exploração de um sentimento que possa acontecer”.
José Ferreira, presidente da Junta de Freguesia de S. Mamede, contrapôs, afirmando que a reorganização do concelho está “explanada nos critérios do Livro Verde”. “Estamos diante de um problema que é a agregação da freguesia com S. Romão. Atualmente, o que está em cima da mesa é para avançar, mesmo que na Assembleia se vote contra”.
No entanto, a convicção do autarca esbarra na opinião do mamedense Jaime Moreira, que afirmou que o Livro Verde ”está ultrapassado, pois já há novas situações que foram trabalhadas no âmbito das anexações das freguesias”. “Não há nada que nos diga que é certa a fusão de S. Mamede e S. Romão, assim como Alvarelhos e Muro”, afirmou.
Em jeito de resposta, José Ferreira afirmou que ”tudo pode ficar pelo caminho, mas aquilo que existe hoje diz exatamente o que se está a discutir”. “Não há nada que diga que não vai acontecer e o que está para avançar é a agregação de S. Mamede e S. Romão”, afiançou.
Nesta sessão, também houve lugar para a discussão política. Jaime Moreira afirmou que a responsabilidade deste processo ”é da Câmara Municipal”, acusando o executivo socialista de não ter tomado “qualquer posição, relativamente a esta matéria”. “A única coisa que a Câmara diz é que vai defender os interesses da Trofa, mas isso é muito vago”, sublinhou. E acrescentou, dirigindo-se a José Ferreira: “A sua Câmara Municipal, o seu Partido Socialista, até hoje, não disse o que quer para o território da Trofa”.
José Ferreira escusou-se a ser porta-voz do executivo camarário, mas retaliou: ”O senhor é vereador (do PSD) da Câmara e eu ainda não o ouvi, nem do grupo do PSD, a tomar uma atitude em relação a esta matéria. Não só a Câmara, mas vocês como vereadores também têm essa competência”.
Mas, para Jaime Moreira ”o PSD não tem o poder de promover seja o que for, no sentido de defender os interesses da forma que, quem está no poder, tem que defender” e “não tem poder decisório. O PSD tem que elucidar
os cidadãos dentro daquilo que está na lei e no Livro Verde”, frisou.
O presidente da Junta de Freguesia respondeu que Jaime Moreira estava “enganado na assembleia e que a alusão que faz à Câmara deve fazê-la nas assembleias municipais.
População não é unânime
A questão da reforma administrativa e a possível fusão das freguesias que constituem a Vila do Coronado não é unânime entre a população.
Martinho Vinhas disse bem alto e bom som que ”não se pode tolerar” a agregação das freguesias e apelou à unanimidade da população trofense para ”votar contra esta reforma administrativa”. O mamense argumentou que: ”se, porventura, a Junta for para S. Romão obriga toda a gente de S. Mamede a deslocar-se para resolver os seus problemas” e vice-versa.
Opinião diferente tem Augusto Jesus, que questionou: ”Vale do Coronado é em sentido figurado, mas por que é que não pode ser? Se os meus filhos andam na escola de S. Romão, se vamos aos correios em S. Romão, se vamos apanhar o comboio a S. Romão, qual é o problema de se fazer a fusão?” O mamedense frisou que, mesmo com a reforma administrativa, “nunca se perde a identidade das freguesias”.
Já Mário Loureiro é ”a favor” da agregação de S. Mamede e S. Romão, pois, “é preciso fazer peditórios para as festas e assim S. Mamede vai pedir a S. Romão e ao contrário”. E sugere que a nova sede de Junta de Freguesia
“deve ser construída a meio, nas Arcas”.
Isabel Coelho acredita que esta reforma ”vai mesmo acontecer”, mas discorda que a medida vai diminuir os custos, pelo contrário: “Vamos ter que arranjar uma nova sede para a Junta de Freguesia num ponto de encontro,
e os funcionários não serão despedidos porque já estão no quadro”.
Depois da discussão, o presidente da Assembleia de Freguesia, Arnaldo Sá, colocou à votação a proposta de fusão de freguesias, que mereceu os votos desfavoráveis de todos os elementos.
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