Trofa
António Costa vai lançar monografia sobreos mais de 300 anos de devoção à Senhora das Dores
O jornalista António Costa, em parceria com a paróquia de S. Martinho de Bougado, decidiu apresentar ao público um esboço de quase uma década de investigação sobre a história dos “Mais de 300 anos de Devoção a Nossa Senhora das Dores, na Trofa”, monografia que vai editar em breve e que pretende “homenagear o legado que a devoção a Nossa Senhora das Dores tem deixado na cidade”.
A 30 de setembro, passaram-se 250 anos do falecimento do padre e fundador da capela de Nossa Senhora das Dores, na Trofa, Inácio Pimentel. Para que a efeméride não caísse no esquecimento, o jornalista António Costa, em parceria com a paróquia de S. Martinho de Bougado, decidiu apresentar ao público um esboço de quase uma década de investigação sobre a história dos “Mais de 300 anos de Devoção a Nossa Senhora das Dores, na Trofa”, monografia que vai editar em breve e que pretende “homenagear o legado que a devoção a Nossa Senhora das Dores tem deixado na cidade” e “destacar a importância de se manter uma tradição que une os trofenses”.
“Neste trabalho, pretendo descortinar os principais acontecimentos, rituais e transformações que marcaram esta devoção ao longo dos séculos, com base em documentos históricos, testemunhos e tradições que persistem até aos dias de hoje”, explicou o autor, colaborador do Jornal do Ave, desde a fundação, assim como do jornal O Notícias da Trofa e TrofaTv.
Na apresentação, que contou com dezenas de pessoas, entre eles a vice-presidente da Câmara Municipal da Trofa, Lina Ramos, e o presidente da Junta de Freguesia, Luís Paulo, o investigador deu conta de que “o padre Inácio Pimentel tinha uma devoção especial a Nossa Senhora das Dores e incutiu-a nos seus paroquianos”. “Ao fim de algum tempo dei por mim a perguntar-me em que consistia essas duas palavras, especial e devoção e mergulhei a sério na procura por respostas, que estão agora vertidas neste trabalho, que está pronto a editar”, acrescentou.
A monografia, dividida em três capítulos, oferece uma reflexão profunda sobre a origem e evolução da devoção a Nossa Senhora das Dores, também conhecida como Mater Dolorosa. O primeiro capítulo explora a origem do culto e os aspectos religiosos das Sete Dores de Maria, com destaque para a sétima dor, que simboliza a solidão de Maria após o sepultamento de Jesus.
No segundo capítulo, Costa aborda os motivos que levaram à construção da capela inicial dedicada a Nossa Senhora das Dores, situada estrategicamente entre Braga e Porto. A devoção especial do Padre Inácio Pimentel e da comunidade paroquial de São Martinho de Bougado foi fundamental para a edificação do templo no então chamado monte da Carriça. A crescente afluência de devotos levou à construção de uma nova capela, maior e mais acolhedora, em 1879, financiada pelo Conde de S. Bento.
O terceiro capítulo foca-se nos anos de ouro da romaria, desde as últimas cinco décadas do século XX até aos dias de hoje, incluindo as celebrações do bicentenário. Costa destaca a importância cultural e religiosa desta devoção, que continua a atrair inúmeros fiéis à Trofa.
Como nasceu a Festa de Nossa Senhora das Dores
Na monografia, António Costa deslinda todos os pormenores que levaram à criação da festa em honra de Nossa Senhora das Dores. Segundo o investigador, “em 1766, o abade Inácio Pimentel, que havia tomado posse da freguesia em 1750, desejoso de materializar a devoção que ele nutria pela Mãe das Dores através de um ato público e sabendo ele que os seus paroquianos o acompanhavam no sonho de celebrar o culto à Senhora das Dores num local privilegiado, juntou 12 pessoas representativas de todos os fiéis, juntamente com seu coadjutor Reverendo Hilário Faria, e dirigiu ao bispo diocesano a célebre petição para erigir um templo dedicado à Virgem das Dores, no designado monte da Carriça”. “Chegada a licença para erigir uma capela, a obra arrancou e a partir dessa data, todos os anos a Virgem das 7 Espadas é honrada através de uma grande Romaria que já vai na sua 258.ª edição, com um interregno da parte religiosa de nove anos (entre 1943 e 1952). No ano de 1817, o Rei D. João VI, a pedido dos fregueses de S. Martinho de Bougado, haveria de confirmar a legalidade civil das festividades, chamando-lhe Feiras Francas”, contou.
Capela é “por direito próprio” o “Santuário de Nossa Senhora das Dores”
António Costa deixou um apelo aos jovens para que “tomem as rédeas” da realização da festa e defendeu que a Capela, “por direito próprio”, deve passar-se a chamar “o Santuário de Nossa Senhora das Dores”. Os desafios não ficaram por aqui. Para o investigador, também os dez andores que todos os anos saem à rua para a majestosa procissão de agosto sejam “certificados” como “os andores ornamentados mais originais do país”.
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