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Edição 527

A solução para o Clube Desportivo Trofense Está Dentro do próprio Clube Desportivo Trofense

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JoãoPedro

O problema atual do Clube Desportivo Trofense é de cariz financeiro a que se junta a falta de estratégia, muito marcado por uma permanência fogaz na 1ª divisão do futebol profissional, sem que tivessem sido pensadas fontes de financiamento alternativas, desde logo, em respeito por uma estratégia de continuidade e de autonomia financeira.
Recorde-se a época de 2005/06 (já lá vão 10 anos) em que a direção, liderada por José Leitão, viu-se forçada a tomar a decisão de, por falta de financiamento, tornar o Clube amador (só treinavam ao final do dia). Nesse ano, os resultados apareceram, graças a uma excelente época protagonizada pelo técnico Daniel Ramos e uma excelente equipa de profissionais que conduziram o CD Trofense, surpreendentemente, à Liga de Honra. Um acaso que se viria a revelar catastrófico…!
Rui Silva tomou o lugar de José Leitão e iniciou um processo de profissionalização de toda a estrutura, injetando milhões do seu bolso que permitiu a manutenção, na época de 2006/07, a que se seguiu a subida ao escalão máximo do futebol na época de 2007/08.
A ascensão meteórica impôs melhorias no seu estádio de futebol, concretizadas de forma rápida, e que visavam cumprir obrigações emergentes do novo estatuto “de equipa do futebol profissional”, um novo terreno de jogo, balneários e gabinetes, excelentes condições para a imprensa, a que se juntaram bancadas para cerca de 6.000 lugares sentados! A política de tijolo apressadamente pensada não contemplou por exemplo a abertura de um restaurante por baixo da bancada face à EN14 para garantir financiamento, ou a abertura da coletividade a novas modalidades para aproveitar e dinamizar o estádio, entre jogos, expandindo assim o conceito de identidade, entre outras mais que se poderiam elencar!
A aquisição dos terrenos Paradela (por usucapião) e a melhoria do complexo, foi mais um investimento e um esforço nesse caso, e a meu ver, acertada, que trouxeram expansão e melhores condições para a grande parte dos atletas, os da formação, mas que, no entanto, nunca beneficiaram de um aposta clara no seu aproveitamento, contando-se pelos dedos os que serviram na equipa principal.
Muitas oscilações na participação na prova maior do futebol português, onde na época 2008/09 desceu “por um ponto”, a que se seguiu a época de 2009/10 onde não subiu, novamente “por um ponto” e que podia ter trazido um desfecho diferente a esta aventura, ditou a retirada de Rui Silva e a consolidação de um passivo superior a 6 milhões e 750 mil euros!
O regresso de José Leitão à liderança, numa altura em que o Clube em Assembleia-geral se preparava para deliberar o “encerramento de portas”, por entre muita emoção de todos os presentes e coragem de um grupo de entusiastas que a ele se juntaram, evitou o pior! Ficou assim formada uma Comissão Administrativa, que garantiu a participação nos campeonatos profissionais da época de 2010/11, onde conseguiu uma inesperada manutenção.
Apareceu então a “tábua de salvação”, a viabilização e restruturação pela via de apresentação de um PER (Plano Especial de Revitalização). A ideia iniciada pela equipa de José Leitão (e terminada por Paulo Melro), que conduziu os destinos da coletividade na época de 2011/12, sempre com Rui Silva por perto! O plano apresentado, acabou por convencer os credores e foi mesmo aprovado, passando a dívida a cifrar-se nos 2 milhões e 700 mil euros (60% de perdão). E assim foi “jogada” a 2ª Liga, sob a presidência de Paulo Melro na época desportiva 2012/13, 2013/14 e 2014/15, onde o infortúnio atirou o Clube, novamente para os campeonatos de futebol amador, onde as receitas são diminutas.
A dívida ao invés de diminuir, aumentou e o incumprimento passou novamente a ser a tónica dominante onde os ordenados em atraso dos jogadores marcam a voz do descontentamento e tornam o futuro muito indefinido. As prestações do PER (para liquidar os 2,7 milhões), está prestes a iniciar-se…
Esta é a história, e agora quais as soluções?
A meu ver, a Câmara Municipal da Trofa desempenha um papel fulcral em todo este processo. Não pode nem deve estar alheia de todo este processo. Em primeiro lugar, porque a formação do CD Trofense tem mais de 300 atletas jovens, quase na sua totalidade residentes no concelho. Em segundo lugar, porque se protocolou 135.000 euros, em julho de 2014, deverá “defender” este seu investimento estratégico sendo assim coerente nas suas opções. Em terceiro lugar, porque os problemas do CD Trofense, direta ou indiretamente, afetam todos os trofenses – os que gostam do Clube por paixão, os que lá jogam por desporto, os que têm os seus filhos em formação, e se mais não for se a relva não for pisado por atletas, rapidamente se transformam as estruturas em mais um “elefante branco” para a Trofa!
Poderá sempre optar-se por “empurrar com a barriga para a frente”, ou seja, agora as inscrições já não são na Liga de Clubes, por força da descida de divisão, mas na Federação Portuguesa de Futebol e, como tal, sempre é possível inscrever alguns atletas e “continuamos ligados ao tubo de oxigénio”…
NA MINHA OPINIÃO, a solução para o Clube Desportivo Trofense, está dentro do próprio Clube Desportivo Trofense!
É possível criar uma nova associação, com um novo número de contribuinte, que garanta a estabilidade da maior estrutura de formação desportiva da Trofa, seria então a (re) fundação do “CD Trofense 1930”, sem dívidas e que poderia competir já na próxima época, 2015/16, inscrita na última divisão de cada um dos escalões. Desta forma, a Câmara Municipal da Trofa, e bem, poderia celebrar novamente um Contrato-Programa, mas sem excessos ou loucuras, em defesa dos dinheiros e interesses públicos. Um critério claro assente no número de atletas e no número de ações promovidas, com aplicabilidade a todas as associações do Concelho, tornaria o processo transparente e justo.
Seria possível esta nova coletividade aspirar à aquisição dos bens desportivos porque, estou certo, mais dia, menos dia, irão a hasta pública (venda de bens penhorados).
Por agora, era possível celebrar um contrato de cedência parcial dos espaços desportivos, por exemplo por 10 anos (campos de futebol, balneários, etc.), já que a direção atual é soberana e pode outorgar como tal (assim haja vontade), o que poderia permitir ao departamento de formação manter o emblema do trofense com a dignidade que sempre se lhe reconheceu e que a Trofa merece!
A legitimidade estava assim garantida, a Câmara da Trofa por via desta “nova” coletividade poderia dar assim seguimento ao apoio às populações, que está obrigada a fazer por lei, fomentando o desporto e os hábitos de vida saudável no Concelho. Resolvia-se assim o problema por antecipação, já que, se o atual CD Trofense persistir no incumprimento depois, já é tarde…! Aliás, já pode ser tarde, esta era a solução que deveria ter sido adotada há mais tempo até porque, dessa forma, já teríamos ascendido algumas divisões e não tinha havido desperdícios!
Não há aqui nenhum crime, desde que não se misture as duas realidades o Clube “bom” e o Clube “mau” aliás o exemplo vem do próprio Estado que dividiu o banco “BES” e o “Novo Banco” em nome dos mais altos interesses do Estado português e dos seus cidadãos.
O que está aqui em causa são os mais altos interesses da Trofa e pede-se, aos eleitos, que antecipem soluções e trabalhem com competência para que elas sejam uma realidade.
Força Clube Desportivo Trofense, a tua história não pode ficar por aqui!

João Pedro Costa

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