Edição 500
A relação médico – paciente está doente… ou talvez adormecida?!
A tecnologia trouxe coisas boas mas, decididamente, perturbou a relação médica – paciente. Há situações em que o médico nem olha para o paciente que está à sua frente e passa os poucos minutos da consulta a olhar para um computador… a solicitar e a registar exames e a prescrever medicação. Atualmente, o mundo gira em torno da tecnologia e “esqueceu” um elemento fundamental, a Relação Humana.
Mas será que a tecnologia é a única responsável da perda desta relação?!
Devemos refletir.
Não será que a seleção dos candidatos a futuros médicos deveria consistir sobretudo nas aptidões morais em vez de, unicamente, no critério “nota”?!
E será que todos os médicos escolheram a profissão por vocação?! Não me parece… mas se a resposta for afirmativa, a escolha acertada, condicionará, certamente, o seu comportamento e a sua relação com o próximo.
A vocação médica verdadeira é muito parecida ao amor, a um amor desinteressado.
O médico por vocação é generoso, sensível, compreensivo, dedicado, tem bom senso…é empá-tico, sabe comunicar… e comunicar implica saber escutar!
O médico por vocação é observador, é responsável, é inter-vencionista… mas é honesto e hu-milde. É que “a dúvida é o princí-pio da sabedoria” (Aristóteles, sé-culo IV a.C.) e “sábio é aquele que conhece os limites da própria igno-rância” (Sócrates, século IV a.C) e, como tal, o médico não sabe tudo, erra mas procura a verdade.
Mas, infelizmente, quando falha ou quando não atende às “fantasias e desejos da clientela” é, automaticamente, recriminado e passa, de imediato, de “herói” e “santo” a persona non grata.
Sejamos sensatos e equilibrados… Médicos e Pacientes! Embora conseguir o equilíbrio num mundo tão desequilibrado não seja fácil e ser sensato num ambiente de “loucos” seja uma grande loucura. Mas sejamos leais, perseverantes… acreditemos que há tempo e circunstância para mudar.
E ultimo, subscrevendo o que proferiu Osler, em 1898: “tão importante quanto conhecer a doença que o homem tem, é conhecer o homem que tem a doença”, acrescentando que “é também substancial conhecer o homem que trata a doença”.
Catarina Lopes Moreira
17/11/2014
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