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Edição 487

À procura da origem de Ervosa

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Movido pela curiosidade e vontade de chegar aos primórdios de Ervosa, aldeia onde nasceu, em S. Martinho de Bougado, António Costa iniciou uma investigação histórica que se tem revelado um verdadeiro desafio.

A aventura começou quando, “há cerca de cinco anos”, lhe vieram à memória algumas passagens da infância. A primeira foi uma das interrogações que o assaltou. Junto à capela de S. Bartolomeu existia um campo “muito produtivo”, de onde brotavam “milho, batatas e uvas”. O facto de ser “mais verdejante” que os outros fê-lo questionar os mais velhos, que lhe explicaram que aquele campo “estava bem adubado”, porque “antes tinha sido um cemitério”.

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Para o incitar mais à investigação, eis que, certo dia, lhe surgiu a imagem da Cruz das Marcas, uma cruz gravada num penedo, localizado a 300 metros da Ponte da Lagoncinha, em Lousado, Vila Nova de Famalicão. Logo foi assaltado por mais recordações. “Quando era criança, diziam-me para não ir para cima daquele penedo, porque aparecia uma moura encantada”, contou.

Ao folhear os documentos históricos, descobriu que essa “marca” representa alguns dos momentos mais marcantes de Ervosa, que é noticiada desde 1097, anterior à nacionalidade portuguesa. Foi nessa altura que D. Henrique, pai de D. Afonso Henriques (primeiro rei de Portugal), doou o Couto de Santo Tirso, que compreendia as localidades de Bougado, Querelêdo (agora Covelas), e Ervosa (S. Bartolomeu) ao fidalgo Soeiro Mendes da Maia. Um ano depois, o mesmo Couto haveria de ser doado aos beneditinos de Santo Tirso.

A zona que medeia a Cruz das Marcas e a capela de S. Bartolomeu foi alvo de disputa durante muitos anos, devido à fertilidade dos campos, fazendo com que os frades de Landim e os de Santo Tirso reclamassem para si a posse administrativa.

“Conta-se que a certo dia (entre 1610 e 1620) foram para o terreno no dito lugar da Cruz das Marcas, o escrivão da Maia e o de Refojos (que era sede de concelho) e o juiz do Porto decidiu dar razão aos cónegos regrantes de Santo Agostinho de Landim, porque os frades beneditinos de Santo Tirso não conseguiram comprovar a legitimidade dos limites”, contou.
E muito ainda há para contar…e descobrir. António Costa refere que não está satisfeito com o acervo que já recolheu e vai continuar. Entretanto, para assinalar os 210 anos da construção da capela de S. Bartolomeu, construída “pelas pessoas de S. Bartolomeu de Ervosa”, decidiu promover um evento, a 30 de agosto, para “dar a conhecer” aos conterrâneos os achados históricos.

Cerca de 50 pessoas reuniram-se na cripta da Igreja Nova de S. Martinho num convívio que serviu para “homenagear” os antepassados e “agradecer o quanto eles legaram”. Antes, foi celebrada uma missa de ação de graças dirigida a todos os habitantes de Ervosa. “Agradeço ao padre Luciano Lagoa a disponibilidade demonstrada para tornar este evento uma realidade”, referiu.

António Costa já foi desafiado a escrever um livro, mas não sabe até onde as investigações o poderão levar.

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