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Edição 777

A “Olhar para os Outros” pode apoiar ação da Cruz Vermelha

Agostinho Santos decidiu doar dezenas de desenhos que, agora compilados em livro, podem ser adquiridos por 25 euros, valor que reverte, integralmente, para suportar a ação diária da instituição.

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Como antigo jornalista e atual artista plástico, Agostinho Santos sempre sentiu o dever de chamar a atenção para “os males que existem no mundo”. E sendo a arte uma potencial “arma contra as injustiças, as desigualdades e a violência”, o pintor decidiu associar um projeto artístico a uma causa social. Depois de conhecer a delegação da Trofa da Cruz Vermelha Portuguesa, no âmbito de uma exposição coletiva, decidiu doar dezenas de desenhos que, agora compilados em livro, podem ser adquiridos por 25 euros, valor que reverte, integralmente, para suportar a ação diária da instituição.


“Todo o tipo de conflitos a mim interessa-me explorar do ponto de vista artístico e, naturalmente, porque me custa ver o estado em que chegou a nossa sociedade e olhar para os outros e ver que há sem-abrigo e quem viva com imensas dificuldades. Quando aceitamos fazer este livro, fazia todo o sentido doá-lo à delegação, porque olha para os outros e procura resolver a dificuldade dos outros. Portanto, este é um projeto que nasce de um processo normal do atelier, mas que depois faz mais sentido quando é vocacionado para a Cruz Vermelha”, revelou o artista ao NT, no lançamento da obra, a 10 de novembro.
Perante um auditório Tomé Carvalho cheio, Agostinho Santos explicou porque não quer ser “um artista espectador”, mas antes um “agitador de consciências”. “O jornalismo permitiu-me ter acesso a realidades que de outra forma não conseguiria ter. E a pintura e o desenho também me dão acesso direto a essas coisas. Eu sou um privilegiado, com as minhas atividades poderei chegar onde muitos não chegam, mas também é preciso termos coragem de irmos além da fachada até ao encontro das pessoas. A minha arte não é de fácil acessibilidade, porque desenhos com pessoas inquietas e com rostos angustiados não agradam à partida, mas eu também acho que a arte deve denunciar os males que existem no mundo”, argumentou.

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Satisfeita pela ação abnegada do artista, a presidente da delegação da Trofa da Cruz Vermelha sublinhou que a atividades de âmbito cultural da instituição “só fazem sentido se tiverem a forma de apoio à ação diária da Cruz Vermelha”. “O Agostinho ficou muito sensibilizado com a nossa dinâmica e com o nosso trabalho diário e depois começou a enviar uns desenho. Foi aí que surgiu a reunião da vontade dele, da Cruz Vermelha e de todos os patrocinadores, porque sem eles não era possível editar o livro”, salientou Daniela Esteves.
O livro pode ser adquirido na sede da Cruz Vermelha, no Largo António Barreto, em Santiago de Bougado, junto ao cruzamento da EN 104, que dá acesso ao Souto da Lagoa e à Igreja Matriz.

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