Espetáculos
A Naifa no Teatro do Campo Alegre Foto-Reportagem
A Naifa de Luis Varatojo, Sandra Baptista, Mitó Mendes e Samuel Palitos passou pelo Teatro do Campo Alegre no Porto no passado sábado, 12 de Abril, com a sua tournée As Canções d’A Naifa, que usa o nome emprestado do último álbum de estúdio da banda. Após o sucesso alcançado pelo quarto trabalho de originais, não se deitam comigo corações obedientes, a banda regressou aos álbuns no final do ano passado com este As Canções d’A Naifa. Um trabalho diferente que funciona como um fecho de ciclo onde se encontram exclusivamente canções originais de outros artistas que a banda foi tocando ao vivo durante os últimos anos. Sentidos Pêsames (GNR), Subida aos Céus (Três Tristes Tigres), Bolero do Coronel Sensível que fez Amor em Monsanto (Vitorino), Alfama (Mler If Dada), A Tourada (Fernando Tordo), Libertação (Amália Rodrigues), Imenso (Paulo Bragança), Desfolhada Portuguesa (Simone de Oliveira) e Inquietação (José Mário Branco). Nove canções que fazem parte da história da música portuguesa e que tocaram de forma especial A Naifa, e os seus membros; canções que Luís, Sandra, Mitó e Samuel admitem gostar de ouvir e que foram sendo parte do percurso da banda que finalmente as adotou em CD, dotando-as de novas sonoridades.
Na noite de sábado, o auditório principal do Teatro do Campo Alegre encheu para ouvir estas Canções d’A Naifa, e outras músicas dos álbuns anteriores que complementam as atuações desta tour. O concerto teve três partes seguidas de três encores. A primeira parte que teve o cenário a mudar constantemente de cor, mas sempre numa penumbra relativa, foi preenchido com Sentidos Pêsames, Gosto, Subida, Antena, Imenso, Inquietação, Bolero e Tourada. O segundo ato começou com Apenas Durmo Mal, e continuou com Émulos, Monotone, Depressão, Aula de Dança e Ferro, e teve como pano de fundo uma ilustração que se foi construindo ao som das canções. A terceira parte ofereceu-nos Bairro Velho, Hécuba, Alfama, Señoritas e Desfolhada. No primeiro encore, muito pedido, ouvimos Rapaz a Arder, Todo o Amor e Verdade, e no segundo regresso ao palco, escutamos Libertação e Música. O terceiro encore, ocorreu sem que a banda tivesse saído de palco, mas foi igualmente exigido de forma entusiástica e contou com a participação de toda a sala em pé a cantar (o repetido) Tourada.
As Canções d’A Naifa, em CD e ao vivo, são obrigatórias. A força das músicas e das versões da banda é inegável; ao vivo a intensidade dos músicos e a sua dedicação é completamente sentida por quem assiste provocando uma inquietação tão grande que torna a missão de escolha de palavras para descrever o concerto quase impossível. Escutar as músicas d’A Naifa ao vivo é arrepiante. As letras, o visual que envolve a atuação, a postura dos quatro músicos em palco, e a força dos instrumentos e da voz de Mitó tornam esta uma banda incontornável da música nacional. Nesta celebração de uma década de existência da banda, é caso para dizer, que se sai do concerto d’A Naifa em estado de redenção e renovação, com vontade de ir para a rua gritar e lutar.
A digressão das Canções d’A Naifa continua com mais espetáculos em Abril e Maio. A 19 deste mês actuam em Almada e seis dias depois em Setúbal. Seguem-se em Maio passagens por Braga (10), Lisboa (16) e Caldas da Rainha (17).
Texto: Joana Vaz Teixeira
Fotos: Miguel Pereira
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