Edição 739
“A maioria da população ainda não sentiu a crise de forma direta”
Numa visão multidisciplinar dos impactos que a Covid-19 provocou na vida de todos, a empresa La Mask não deixou a economia de fora no Summit que promoveu de 29 de março a 4 de abril. João Cerejeira, professor doutorado da Universidade do Minho, abordou as características que tornam esta crise diferente da anterior e da forma como está a afetar o rendimento das famílias.
A produção do País baixa, o rendimento das famílias também. A equação é fácil de perceber, face aos impactos que a pandemia tem provocado desde o início de 2020 em todo o mundo. Segundo João Cerejeira, “se produzimos menos, aquilo que irá chegar às famílias vai ser menos ainda”.
Porém, o impacto desta contração ainda não se fez sentir totalmente. “Há uma entidade que tem tido um papel fundamental no amortecimento da crise, que é o Estado, que fez um esforço financeiro grande, com aumento de endividamento enorme no último ano. A grande parte deste endividamento foi emprestado pelo Banco Central Europeu (BCE), portanto nem foi dívida colocada no mercado, foi mesmo adquirida pelo BCE, é dinheiro que entrou em Portugal com juros muitos baixos, por vezes até negativo, mas que permitiu amortecer o impacto que a crise teve nas famílias”, explicou o economista.
Por outro lado, “os depósitos bancários das famílias e também das empresas estão a aumentar muito”, o que, detalhou João Cerejeira, quer dizer “que as famílias também estão a gastar menos e tem havido mais poupança, por vários motivos, como não haver tantas oportunidades de consumo”.
Ao contrário da crise que afetou Portugal há cerca de uma década, esta “afetou toda a gente de uma maneira ou de outra”, tornando-se “muito mais assimétrica”. “A maioria da população ainda não sentiu a crise de forma direta, porque ou tem emprego que permitiu passar para teletrabalho, ou está na função pública e não sentiu um impacto direto no trabalho ou na renumeração, ou porque está em empresas que não foram obrigadas a encerrar no período da pandemia”, explanou.
Por outro lado, os primeiros a sentirem os efeitos da pandemia foram “aqueles que têm contratos de trabalho mais precários e frágeis”.
Tendo em conta a experiência que diz que “quanto mais as crises se prolongam, mais cicatrizes deixam”, João Cerejeira traça dois cenários que resultam no mesmo: toda a sociedade a sofrer os efeitos da crise. Mas para isso acontecer terá de haver uma condição: “O Estado não conseguir diminuir o défice”.
“Se isso acontecer, ou vai ter de cortar despesas sociais, como salários dos funcionários ou corte nas pensões, ou cortes no investimento público, onde já não há muito mais por onde cortar, ou pode ser cortes nas pensões. Ou então, tem de aumentar a receita, e para isto tem de haver um aumento dos impostos. Quer uma solução ou outra, resulta numa perda de rendimentos nas famílias e aí é onde a crise se expande a toda a sociedade”.
Se por um lado, aclarou o economista, há profissões cujo futuro é “muito incerto”, como aqueles relacionados com o turismo – área fortemente afetada pela pandemia -, outras há que ficaram a ganhar, como, naturalmente, as das áreas da saúde e da tecnologia, onde se prevê mais proteção relativamente aos impactos a longo prazo desta crise.
Considerando ainda “interessante” a forma como a Covid-19 “acelerou” as tendências relacionadas com as “profissões do futuro”, associadas a formação qualificada, João Cerejeira assinalou, igualmente, a importância da família “como suporte daqueles que são mais frágeis”. “A família tem de funcionar como um amortecedor de tensões sociais. O isolamento não é bom para ninguém, mas também não é bom do ponto de vista económico, se nós perdemos os laços com as pessoas que interagimos, também não conseguimos mudar de emprego e perceber as oportunidades que existem”, asseverou.
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