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Edição 614

A geração da gratificação instantânea

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Visitando várias escolas do país, no contexto da minha palestra “Onde está a caixa?”, conheço jovens diferentes, de muitos contextos. No entanto, há coisas, situações, que unem a maioria deles e que, no fundo, me unem também a eles. E uma dessas situações é algo que exploro, quando lhes falo.
Somos todos parte daquilo que é a geração da gratificação instantânea. A expressão pode parecer estranha e complicada mas, na verdade, é bastante simples de perceber.
A geração dos finais dos anos noventa e inícios do século vinte nasce numa fase de mudança profunda na sociedade, sobretudo pelos avanços tecnológicos. Os aparelhos eletrónicos cresceram connosco, até que nos habituaram a viver com eles. Hoje, alguém que não esteja ligado à internet, ou às redes sociais, é como se não existisse.
Um dos maiores propósitos da tecnologia é facilitar a nossa vida. E ninguém pode negar que o fez. No entanto… até que ponto é que nos tornou melhores ou piores pessoas?
Hoje, fazemos amizades através de dois cliques. Emitimos opiniões através de likes ou construímos pensamentos baseados em títulos sensacionalistas e comentários em notícias nas redes sociais. É tudo instantâneo, imediato e fácil.
E quando enfrentamos problemas, a frustração é a dobrar, comparativamente àquela que os nossos pais, a título de exemplo, sentiam.
Aquilo que esta geração, a minha geração, tem que compreender, é que algumas coisas levam tempo. As relações levam tempo a construir, a solidificar. O sucesso exige tempo para que seja alcançado. A própria felicidade também. As coisas não nos caem na cabeça do nada, não basta sentarmo-nos, apenas, e esperar. Temos de ir à procura, de recuperar a curiosidade daqueles que tornaram o mundo que temos possível.
Assim, deixo esse repto. Aos meus colegas de geração e àquele que, de uma forma ou de outra, se sentem afetados por esta espécie de “víruas da inércia”. Sejam curiosos, sedentos de conhecimento, com capacidade para criar, para sonhar e para mudar de rumo se o nosso falhar. Afinal, a sorte acontece quando a preparação encontra a oportunidade.

Livro da Quinzena: A Doença, a morte e o sofrimento entram num bar, Ricardo Araújo Pereira. Da autoria daquele que é considerado, por muitos, como o melhor humorista português da atualidade, este livro, uma “espécie de manual de escrita humorística”, é um exercício reflexivo sobre o humor, as suas origens, os seus limites. Para os fãs do autor, como eu, é, além disso, um exercício de navegação por uma das mentes mais pensadoras do nosso tempo. Ricardo é, além de humorista, um pensador, um filósofo. E muito temos a aprender com o seu exemplo de busca pelo conhecimento. Não só vamos refletir sobre o humor, como sobre a vida em geral, sobre a nossa distância perante o sofrimento ou as adversidades e de que forma podemos usar a piada, ou a sátira, para fugirmos da espiral negativa. Absolutamente recomendado!
Literariamente, estamos conversados.

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