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Ano 2010

Horta social “O Meu Cantinho de Terra”

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A Santa Casa da Misericórdia da Trofa inaugurou a horta social “O Meu Cantinho de Terra”. Trofenses têm a oportunidade de cultivar os seus legumes e frutas.

O castanho da terra contrasta com o verde das alfaces, das couves e até das ervas aromáticas. “O Meu Cantinho de Terra” foi o nome dado à horta social inaugurada no sábado na Santa Casa da Misericórdia da Trofa, que pretende ser uma ajuda para os trofenses que mais precisam e que podem, desta forma, economizar alguns euros no supermercado. Gorete Sousa vive em S. Martinho de Bougado e vai contar com a sabedoria da mãe, Adelina Alves, para cuidar do seu cantinho de terra. “Eu tive conhecimento deste espaço através do meu técnico (da Acção Social) e disse logo que estava interessada, porque somos muitos em casa. Tenho cinco crianças, portanto gastamos muitas hortaliças e se eu puder cultivar em vez de comprar é muito melhor para nós: poupa-se dinheiro, ocupa-se mais o tempo e os produtos têm mais qualidade do que se forem comprados na feira ou no mercado”, explicou. Gorete considera esta oportunidade “muito boa”, mas “muito rara”.

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Adelina Alves é a responsável pelos produtos cultivados no cantinho de terra da filha e ao NT/TrofaTv afirmou orgulhosa que “tem muita coisa” na horta: “Eu tenho couve galega, espinafres, pencas, coração, alho-francês, salsa, salada branca e vermelha, nabos, ervilhas, favas e depois vou plantar cebolo, morangos e o que conseguir arranjar”.

Foi precisamente para dar apoio a quem não dispõe de um espaço para cultivar que a horta social da Santa Casa da Misericórdia foi criada.

Amadeu Castro Pinheiro, provedor da Santa Casa da Misericórdia da Trofa, acredita que este projecto vai “ao encontro da pretensão de muitos casais e de muitas famílias que gostariam de ter um bocadinho de terra para agricultura e que, por motivos vários, não têm essa possibilidade”. “Vimos, realmente, ao encontro daquilo que as pessoas precisavam”, afirmou.

A horta social é um local onde as diferenças são esquecidas: portugueses, imigrantes de Leste, paquistaneses e pessoas de etnia cigana partilham a mesma terra. O provedor recordou uma conversa com uma mulher de etnia cigana que lhe dizia que na horta social “se sentia igual aos outros”.

A presidente da Câmara Municipal, Joana Lima, e vereadores socialistas também participaram na cerimónia de inauguração. A autarca enalteceu o trabalho desenvolvido, classificando-o como “inovador” e “pioneiro”, pelo seu carácter social, que permite combater as diferenças. Joana Lima referiu ainda “o cantinho de terra dos idosos” utentes do Lar da Santa Casa da Misericórdia, onde estão plantados vários tipos de ervas aromáticas. “Todas as pessoas acabam por encontrar aqui (horta social) um alívio para os seus problemas diários. É uma honra para a Câmara Municipal estar ao lado de um projecto deste género”, asseverou.

O Meu Cantinho de Terra conta com a parceria de várias entidades, empresas e associações como a ADAPTA (Associação para a Defesa do Ambiente e do Património da Trofa).

Projecto é reconhecido a nível nacional

O mérito e a importância deste projecto já foram reconhecidos a nível nacional, uma vez que a Santa Casa da Misericórdia da Trofa é uma das dez instituições finalistas candidatas ao Prémio Manuel António da Mota, que reconhece aquelas que mais se distinguiram no combate à pobreza e à exclusão social. A este galardão concorreram mais de 300 instituições. O projecto destina-se “a todos os que queiram cultivar a terra e que tenham necessidade” dessa ajuda. Os interessados ainda podem tentar obter o seu cantinho de terra (existem 12 lotes vazios), bastando para isso dirigir-se às instalações da Santa Casa da Misericórdia da Trofa.

Para além da importância na economia familiar, estes espaços são uma mais-valia para a saúde, uma vez que os “agricultores” apenas podem produzir produtos biológicos.

 

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