Ano 2010
A Brisa e a Refer: Comportamentos distintos
Depois de muita polémica, que durou anos, as obras do caminho-de-ferro têm sido executadas a contento da maioria dos trofenses.
Não existe aqui o propósito de explorar contradições, comportamentos, quem fez ou deixou de fazer.
Interessa que a obra está em curso, com o fim à vista e pode verificar-se que, no essencial, a Trofa ficou a ganhar.
Alguns aspectos que podiam ser melhorados, algumas soluções técnicas discutíveis, alguns acabamentos que podiam ficar melhor, não são suficientes para deixar de reconhecer que, globalmente, se trata duma obra bonita, com grande benefício para a generalidade das pessoas e da cidade.
A cidade deixou de ter barreiras no centro, alargou-se o centro da cidade, sem novas barreiras significativas, e ganhou-se o edifício da nova estação digno desse nome, sem desprimor para a anterior arquitectura das estações do caminho-de-ferro, que considero de bom gosto, apesar de não terem já os níveis de conforto exigíveis para os tempos actuais.
Desde o passado domingo que os comboios circulam pelo novo traçado, o que não pode deixar de ser uma boa notícia, apesar de ainda faltar concluir a obra.
Os trabalhos que faltam realizar, e que estão em curso, não impedem a circulação dos comboios e, assim, a partir de domingo passado, o centro urbano da Trofa é maior para benefício da maioria.
Obviamente que há que não permitir a degradação do anterior traçado. Essa degradação, a julgar por outros exemplos, é muito negativa porque cria espaços não frequentados e abandonados que se tornam perigosos.
A Refer foi uma entidade com quem foi muito difícil negociar. Quem esteve, directa ou indirectamente envolvido, pode testemunhar as dificuldades.
O resultado final é, contudo, positivo.
Diferentemente está a acontecer com a Brisa.
Aquando dos protestos dos trofenses, próximo à inauguração da auto-estrada, a Brisa tomou uma decisão salomónica: como a Trofa pertencia ao concelho de Santo Tirso, passou a chamar ao nó da auto-estrada Santo Tirso/Trofa.
Os trofenses aceitaram a decisão e, passados anos, a Brisa chama-lhe nó de Santo Tirso sem qualquer pudor.
Recentemente, publicou um comunicado, vários dias, nos jornais nacionais, a anunciar que vai investir 42 milhões de euros com as obras (que já se iniciaram) de “alargamento do sublanço Maia/Santo Tirso da A3…”
Ou seja: num traçado quase todo na Trofa (apenas uma pequena extensão fica na Maia) e nada em Santo Tirso, a Brisa ignora por completo a Trofa, território onde se situa a quase totalidade da obra.
Este comportamento da Brisa é incorrecto porque, apesar de haver desacordo de fronteiras entre Trofa e Santo Tirso, o nó da auto-estrada ainda se situa na Trofa e o Lugar de Ervosa não é assim tão grande que possa dispensar território para a freguesia vizinha.
Não tenho conhecimento se a Junta de Freguesia ou a Câmara Municipal tomaram alguma posição junto da Brisa mas, se não o fizeram ainda, devem fazê-lo porque lhes compete, enquanto nossos representantes, fazer a defesa dos interesses da Trofa, onde se inclui a defesa territorial.
Afonso Paixão
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