Festival Paredes de Coura 2º Dia Foto-Reportagem

Com mais um dia de muito calor, muito embora corresse uma pequena brisa que foi tornando o ambiente menos árido, o 2º dia do Paredes de Coura 2010 foi, largamente de festa.No palco Ibero Sounds os espanhóis Boat Beam  abriram as hostilidades com uma sonoridade algo misteriosas dadas as suas características, entre uma guitarra, um violoncelo e um piano, algures entre Debussy e os Divine Comedy com uma voz angelical. Bom apontamento numa versão de “Glory Box”, dos Portishead.

Os Madame Godard trouxeram um novo álbum na bagagem, “Galapagos”, mas também os temas que os caracterizaram ao longo da sua existência. Enérgicos, possuidores de um verdadeiro pote de influências e fluências musicais, já era bem tempo de uma merecida ida a palcos maiores.

No palco principal foi com muita e competência e à vontade que The Tallest Man on Earth (Kristian Matsson) deu inicio ao 2º dia de festival. Sozinho, acompanhado das suas guitarras acústicas, este sueco soube dar uma dose de canções folk intimistas e suaves, próprias para um final de tarde aprazível em Coura. Temas como “Thousand Ways”,”Love is All” e “The Wild Hunt” fizeram as delícias de um público que se foi chegando ao recinto, em grande número.

Os  PAUS, banda portuguesa que já conta com uma pequena legião de fãs, vieram aqui mostrar os seu mais recente EP “É Uma Água” e tiveram a particularidade de decorarem o palco com balões, dando cor ao ambiente. Sons marcadamente melancólicos mas ritmados pelas mãos de um já mestre da bateria Hélio Morais (dos Linda Martini), estiveram muito bem num concerto que abriria e de que maneira para os sons da noite.

Aos Courteeners coube a tónica mais british da noite. A voz algo arrastada de Liam Fray era um ponto de referência para esta banda que é uma das preferidas do mítico Morrissey. Um britpop competente mas sem muito brilho foi a tónica deste concerto. Foram temas como “Please Don’t” e “The Opener” que captaram mais a atenção do público que estava mais á espera do que se seguiria na noite.

Eis que chega o mítico Peter Hook. O lendário baixista dos Joy Division e influência para a maior parte dos baixistas desde então veio aqui dar uma volta pela sua história. Nostalgia á parte, Hook regressou a um passado que, apesar de não recente, está bem vivo na memória de alguns, em temas como “Digital” , “Disorder” e “She’s Lost Control”. Muito animado, o Baixista veio acompanhado dos The Light que foram bastante convincentes na interpretação que deram aos temas. O fecho não poderia ser melhor, contando com a velhinha mas imponente “Love Will Tear Us Apart”, que o público aplaudiu efusivamente.

Já a noite ia longa quando os White Lies subiram ao palco principal de Coura. Estreantes em Portugal, trouxeram na bagagem um rock negro de  “Lose My Life”, o seu álbum de estreia. A banda de Harry McVeigh, homem de voz negra e profunda abriu com “Farewell to the Fairground” e “To Lose My Life”,temas que prenderam o público que se foi divertindo com um rock forte e imponente. A honre de fecho coube a um “Death” que fez a plateia explodir.

Aos Klaxons coube encerrar a noite. A atitude sóbria constante deu um ar limpo mas forte a este ultimo concerto da 2ª noite de Paredes de Coura 2010. “Gravity’s Rainbow”, “Golden Skans”, “Magick” e “It’s Not Over Yet” foram alguns dos temas mais marcantes do concerto que terminou com um belíssimo “Atlantis to Interzone” já no encore, deixando o público em estado de euforia. Os dois álbuns aqui apresentados, “Myths of the Near Future” e ” Surfing the Void”(quase a sair) foram aqui misturados quase na perfeição, para não adormecer as hostes numa noite que já ia longa.

Texto: Ângelo Ferreira
Fotos: Miguel Pereira