Ano 2010
Paradela festeja subida na Trofa
O empate com o Salvadorense não impediu a festa “rija” do Paradela que para a próxima época vai jogar na 1ª Divisão da Associação de Futebol do Porto. Jogadores e dirigentes falam de uma época difícil, mas compensadora.
O dia de domingo não podia ter sido mais laranja para a Trofa. Mas desengane-se quem pensa em política, porque quem reinou foi a Associação Recreativa de Paradela. Para além de estar a organizar a prova da Taça de Portugal de Down-Hill, a colectividade também festejou a subida da equipa de futebol à 1ª Divisão Distrital, alcançada há cerca de duas semanas no terreno do Salvadorense. O empate a uma bola com o Zebreirense em nada ofuscou o brilho da festa feita por jogadores e dirigentes, que começou bem antes do encontro, com o grupo de Zés Pereiras a animar o público que encheu o Complexo Desportivo do CD Trofense.
Os panos vermelhos que acompanhavam os azuis e representavam as cores do Trofense, foram substituídos por outros cor-de-laranja para combinar com os cachecóis dos aficcionados. Carlos Lopes é natural de Paradela e adepto fervoroso da equipa. Acompanha o clube desde a sua génese e já esperava a subida de divisão. Já Cidália Rodrigues é fã do Paradela, apesar de viver em Valdeirigo. Lembra com carinho a homenagem que a equipa fez aos adeptos, quando estes fizeram um lanche em Valinhas, Paredes de Coura. “Fizeram-nos uma festa, foi muito bonita”, disse.
Depois do jogo, a equipa teve direito a camião para percorrer as ruas da cidade. Aí foi a música, os cânticos e o champanhe que dominaram.
José Ferreira, presidente da AR Paradela, não escondia a felicidade de ver o objectivo de uma época cumprido. “Para ser sincero não nos passava pela cabeça não subir de divisão. Sempre acreditamos nisso e com toda a equipa técnica, jogadores e direcção empenhamo-nos para que hoje houvesse festa”.
O presidente está ciente do “desafio” que será a 1ª Divisão Distrital para uma equipa com poucos recursos financeiros. “Estamos já a estudar a situação (financeira). Nós não vamos entrar em loucuras. Não pagamos ordenados aos jogadores e é isso que vamos manter na próxima época. Estou convencido que todo o grupo vai querer ficar connosco, salvo um ou outro jogador que possa sair”, anunciou.
O trabalho dos últimos anos tem sido feito com o objectivo de fazer da AR Paradela “um exemplo no concelho”. “Estamos a mostrar aquilo que é, e o que deve ser uma colectividade. Não entrar em loucuras, respeitar todos os patrocinadores que temos, respeitar todo o povo e darmos o carinho que a nossa aldeia merece”, afirmou. O público, que foi uma presença constante tanto em casa como fora de portas, deixou José Ferreira “satisfeito”. Mas nem só de habitantes da aldeia se compõe a cantera do Paradela. “Temos muita gente que não é só de Paradela, mas de freguesia vizinhas como Ribeirão, talvez muita gente de Famalicão, os pais dos jogadores de Vila do Conde, de Árvore, estão todos aqui presentes e penso que o pessoal está a aderir”, frisou.
Já para João Cruz, treinador da equipa, a primeira subida de divisão na Associação de Futebol do Porto (antes já tinha conseguido uma subida no Lousado, na AF Braga) tem “um sabor especial”. “Por tudo o que nós passámos, esta subida reflecte-se em mim com um sentimento de muita alegria. Sinto-me bastante contente”, referiu o técnico.
Como período mais difícil da época, João Cruz enunciou “a preparação da equipa”, que perdeu “jogadores com muita qualidade” na temporada passada.
Para o técnico, uma das grandes vitórias da época “foi ganhar o respeito das outras equipas”. “As equipas perceberam que estava ali uma equipa para lutar pela subida e aí sim, (o campeonato) tornou-se mais competitivo. Mas desde o primeiro dia sempre senti que íamos ficar em primeiro lugar”.
E a subida ganha uma dimensão mais importante quando foi feita com um baixo orçamento, sublinhou Cruz: “Subir num Salgueiros, subir num Marco não é difícil porque está lá tudo. Tens hora para treinar, tens disponibilidade para treinar, tens apoios, tens tudo. Nós começamos os treinos às 21.30 horas e saímos à meia-noite”.
Paulinho é capitão de equipa e um dos jogadores naturais da aldeia de Paradela. Para o atleta a subida de divisão veio acompanhada de um sentimento muito especial que não consegue explicar. “É bom fazer parte deste grupo de homens e jogadores que andam aqui simplesmente por gostar de jogar futebol e por sermos amigos”, referiu.
Certamente, tudo o que a equipa está a viver não seria possível sem o apoio dos patrocinadores. A empresa “Tecidos Carriços” foi a patrocinadora oficial, que nunca virou as costas ao projecto. Jorge Gomes, um dos responsáveis pela empresa, explicou os laços que ligam a família à aldeia de Paradela. Para além do sogro, que foi o fundador da associação, este “homem do desporto” também tem um filho na equipa, Ricardo Gomes.
O que o motiva a apoiar a equipa são as “paixões” que tem pelo desporto e é com satisfação que vê os moradores da aldeia “mais virados para o futuro”. “Até agora a AR Paradela era uma associação muito pequena e agora vê-se que está mais ampla, inclusive temos muitas pessoas que não são de Paradela a ajudar, portanto é um bom sinal”, afirmou.
Jorge Gomes apelou ainda às entidades municipais que “olhem para esta associação e que apoiem”.
“A Câmara nunca virará as costas às associações”. Foi desta forma que Joana Lima, presidente da autarquia, mostrou que, apesar da contenção nos subsídios às associações, o executivo não vai deixar de apoiar. “Principalmente este tipo de associações, que trabalham por bairrismo e por carolice. Essas precisam de um apoio inequívoco da Câmara Municipal. Infelizmente não poderá ajudar na medida das necessidades, mas nunca as abandonaremos, vamos ajudar dentro das nossas possibilidades e das nossas restrições financeiras”, garantiu.
E como adepta do Paradela, não fosse esta a aldeia que a viu nascer, Joana Lima ficou “orgulhosa” pelo feito histórico. “Quando as pessoas são empenhadas e trabalham por gosto, chegam a bons resultados e às vezes não é preciso muito dinheiro para fazer um bom trabalho. Quero dar os parabéns à direcção, a toda a massa associativa de Paradela, à equipa técnica e aos jogadores, pelo trabalho brilhante que fizeram ao longo desta época”, frisou.
Os segredos do balneário
A festa continuou com um jantar no Restaurante “Os Braguinhas”, onde os jogadores puderam reconfortar o estômago e refrescar a garganta.
José Sá, presidente da Junta de S. Martinho de Bougado, também se associou à festa e lá prometeu o “subsidiozinho” à associação. Já Joana Lima garantiu que pagaria o jantar da próxima festa, caso os jogadores vençam ao Foz e se tornem Campeões da segunda Divisão e a título pessoal, prometeu 50 euros a cada atleta.
Já o representante da equipa, o antigo guarda-redes Ricardo Silva, assemelhou a conquista do campeonato como “uma luta”. Para além da chuva, do vento e frio que enfrentaram durante a época, os jogadores também encontraram “campos terríveis, com gentes da pior espécie, com arbitragens do pior nível”. Mas para enfrentar isso existiu um denominador comum: “Família”.
Dentro do balneário, existem segredos que mais ninguém sabe. Mas Ricardo Silva não teve medo de os revelar. Depois do jogo “há jogadores que só vão ao banho depois de ir toda a gente”. Porquê? “Não há chuveiros para todos”, respondeu. “E se o sabão cai, ninguém o apanha”.
Brincadeiras à parte, os treinos “são o escape do dia-a-dia”. “Nós ganhámos este campeonato nos treinos. Não só na forma como trabalhamos, com a vontade com que trabalhamos, mas também lá dentro, onde se chama o coração de uma equipa, que é o balneário”, continuou.
Como pessoa mais complicada, Ricardo falou do treinador. Já o mais chato “é o Ricardinho”. E o que marca mais golos é o inevitável Tonanha, mais conhecido por “Tionanha” no seio da equipa.
O goleador da equipa, com cerca de 30 golos marcados, explica que o segredo para ter pontaria certeira é a “união do grupo”.
Apesar de ter tido “propostas mais vantajosas” no início de época, Tonanha foi atraído pela possibilidade de ser campeão. O técnico prometeu, o objectivo foi cumprido.
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