Ano 2010
PAÇOS DO CONCELHO
Ponto final?
O recente anúncio, da Câmara Municipal, da sua decisão sobre a localização dos Paços do Concelho, trouxeram à evidência o quão fracturante é o tema.
A decisão tem o mérito de colocar, espero, um ponto final na discussão que, no meu modesto entendimento, não devia ter atingido um ponto tão elevado.
Não posso afirmar que a decisão seja um erro tão grave quanto o seria uma outra alternativa, a Feruni, que não respeitava qualquer critério urbano e que defendia uma teoria não aplicável, neste momento, à Trofa que era a criação de novas centralidades.
Sou de opinião que a Trofa necessita de recuperar espaços que já tiveram vida e que, neste momento, estão ao abandono. É necessário devolver a dignidade ao centro da cidade e não é tempo de virar as costas e partir para novos centros, candidatos a serem futuras zonas degradadas.
Nesse sentido, a decisão respeita os critérios urbanos que defendo.
Há modernas (?) teorias urbanísticas que desconsideram os centros, viram-lhes as costas e procuram novos espaços, baratos, destruindo terrenos, diluindo fronteiras naturais, não se reconhecendo que este negócio, mais fácil, representa, no futuro, muitos gastos em programas de recuperação que nunca produzem os efeitos desejados porque as pessoas já estão instaladas nas periferias, deixando nos centros os pobres e alguma população que é evitada por todos.
Penso, por isso, que importa estancar a degradação do centro urbano e não seguir os exemplos que temos visto um pouco por todo o país, de abandono dos centros transformando-os em zonas desaconselhadas e perigosas.
Contudo, continuo a pensar o que antes pensava relativamente à localização do Centro Cívico.
A localização na Serração da Capela respeitar todos os critérios urbanos, não hostiliza Santiago de Bougado, que é parte da cidade, permite recuperar um quarteirão muito importante no centro da cidade, respeita o parecer da comissão que foi nomeada para o efeito, e que tão elogiada foi, respeita a maioria das opiniões da população que foi manifestada em tempo oportuno e é, seguramente, uma localização muito mais pacífica em termos de opinião pública.
Se os terrenos são mais caros, não tenho conhecimento disso mas creio que ninguém estava à espera de encontrar terrenos baratos no centro da cidade, em qualquer das localizações, e o preço dos terrenos é apenas um dos factores a ponderar sendo que os benefícios, ou a diferença de benefícios a alcançar, não podem ser ignorados. Aí, penso que a Serração da Capela trará muitos mais benefícios do que a Estação.
Insisto na questão de espaço. Presumo que, para fazer esta opção, a Câmara tenha já solucionado a questão do estudo de privados para grande parte dos terrenos e que se propunham ceder 4.000 metros quadrados. Talvez tenham desistido do projecto, o que se compreende. Existe, contudo, a questão da Refer que tem protocolado com a Câmara Municipal a atribuição da capacidade máxima construtiva para os seus terrenos. E a Refer tem terrenos naquele local. Será que não vão ser utilizados? Se fazem falta para o Centro Cívico, quais os preços?
Parece-me, em resumo, que a decisão, não sendo absolutamente errada, poderia ser mais pacífica e com mais vantagens para o futuro.
A polémica instalada à volta desta decisão vem confirmar um pouco o carácter polémico desta decisão.
Afonso Paixão
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