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Ano 2007

Poesia saiu à rua

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José Guerra tem 84 anos e enorme paixão pela poesia; nem os solavancos o impediram de recitar

Orelógio marcava umas soalheiras 15,45 horas quando, ontem, o tinir do sino reuniu cerca de meia centena de pessoas em volta de um carro de bois. António Sousa, um dos organizadores da iniciativa "A poesia está na rua", em Santo Tirso, que, este ano, é dedicada ao tema "Fé na poesia", colocou a voz e projectou-a para declamar António Nobre. "Georges! Anda ver meu país de romarias / E procissões!"

José Guerra tem 84 anos e enorme paixão pela poesia; nem os solavancos o impediram de recitarAlinhados a rigor, de canga no cachaço, os bois iniciariam marcha após a ordem – "silêncio! Começa a procissão".

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No carro, três cestas contendo bolachas conventuais e licor de Singeverga tinham destino traçado chegariam ao fim do cortejo poético sem qualquer conteúdo…

Partindo dos paços do concelho, a caminhada prosseguiu pelas ruas do centro da cidade, com direito a paragens para curtos recitais. A primeira aconteceria escassos minutos após o início. Apoiado nuns enérgicos 84 anos, José Augusto Guerra sobe para o periclitante carro de bois para dizer alguns versos.

A impaciência dos animais, porém, não ajudaria ao cumprimento da tarefa. Uns quantos solavancos depois, contudo, a declamação estaria terminada.

Má divulgação?

Alguns curiosos dispersariam no minuto seguinte e nem a distribuição, mais à frente, de doces e licor aguçou a vontade de seguir os versos…

Apesar de ter gostado do que viu e ouviu, Filomena Silva e o marido ficaram-se pelo início da procissão. "Ela quer brincar", justifica, apontando com os olhos para a pequena Marta.

Também Fátima Gonçalves estava "só de passagem". Havia ainda quem tivesse sido "apanhado de surpresa" pelo evento.

Foi o que sucedeu a Teresinha Almeida. "Ou foi mal divulgado ou…". De qualquer forma, "se soubesse, tinha acompanhado", garante.

No entanto, os filhos também não fizeram questão de fazê-lo, nem pela doçaria. "Do que eles gostaram mais foi dos animais", denuncia Teresinha.

Ana Correia Costa / Jn

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