Assembleia Popular em Santiago de Bougado exige respostas sobre desagregação da freguesia

O Salão Paroquial de Santiago de Bougado, no concelho da Trofa, acolheu na noite de sábado uma assembleia popular promovida pelo Movimento por Santiago de Bougado, com o objetivo de fazer o balanço de seis anos de luta pela desagregação da freguesia.

A iniciativa contou com forte adesão da população, que, de forma praticamente unânime, manifestou o seu apoio à desagregação. A exceção foi o atual presidente da Junta de Freguesia, Luís Paulo Sousa, eleito pela coligação PSD/CDS, que, apesar dos apelos, se mostrou irredutível quanto a mover esforços, para que se efetue marcação da Assembleia de Freguesia para discutir a proposta. Luís Paulo Sousa, acompanhado, pelo presidente da Câmara da Trofa, marcou presença na assembleia popular.

Manuel Rodrigues da Silva, membro do Movimento, desafiou o autarca a contribuir para a concretização da sessão, mas sem sucesso. Nem mesmo a intervenção do presidente da Câmara Municipal da Trofa, António Azevedo — também ele habitante de Santiago —, que se declarou favorável à desagregação e “suavizou” o ponto de vista do presidente da junta para desbloquear o processo, conseguiu alterar a posição de Luís Paulo Sousa.

Ao longo da sessão, vários intervenientes questionaram o presidente da junta. Paula Carneiro, uma das participantes, exigiu saber se “a vontade da população não conta”, recordando que os membros da Assembleia “foram eleitos pelo povo” e que devem dar voz à comunidade.

Filipe Portela, membro da Assembleia eleito pelo Partido Socialista, desmentiu ainda a versão do autarca sobre um alegado acordo para anular o pedido de assembleia extraordinária e apelou ao bom senso para ultrapassar o impasse.

Perante a ausência de compromisso do presidente da junta, Vera Araújo, do Movimento por Santiago, solicitou aos presentes que expressassem publicamente o seu apoio à desagregação — um gesto que foi amplamente seguido por quase todos os presentes, cerca de 200 pessoas.

A sessão contou ainda com a presença de representantes de diversos partidos, como Amadeu Dias (presidente da concelhia do PS) e José Fernando (presidente da concelhia do PSD), entre outros. António Pontes, também membro do Movimento, apesar de ausente, fez chegar uma mensagem em vídeo a apelar ao cumprimento da vontade popular.

Recorde-se que Santiago de Bougado, com cerca de 6422 habitantes segundo os Censos de 2011, foi agregada em 2013 contra a vontade da população e permanece nessa condição. O tema já levou à demissão de dois presidentes da Assembleia de Freguesia, e desde dezembro de 2024, a freguesia encontra-se sem presidente da Assembleia.

Apesar de nove membros da Assembleia terem subscrito, a 4 de novembro de 2024, um pedido de convocação de sessão extraordinária, a mesma continua por agendar, quatro meses depois, mantendo-se o impasse que tem gerado crescente descontentamento entre a população.