Crónicas e opinião
A reentré política local e distrital
Temos problemas que se acumulam desde 2021, nomeadamente na rede viária de todo o concelho, deixada ao abandono e destruída a cada mês que passa sem uma intervenção profunda.
Estimados leitores, estamos de volta ao contacto depois de um período mais calmo, em que tradicionalmente vamos a banhos, desfrutando de um merecido período de férias. Desde o meu último artigo, em meados de julho, algumas coisas aconteceram e marcaram a agenda do distrito e do concelho da Trofa.
Permitam-me que comece pela Trofa. Quero desde já felicitar de forma calorosa toda a Comissão de Festas em Honra de Nossa Senhora das Dores. Uma palavra de carinho e de gratidão por terem conseguido, em tempo recorde, organizar umas Festas que ficarão na nossa memória durante os próximos anos. E ficarão na memória porque foram um verdadeiro sucesso. Diria que esse sucesso começou pela localização. Fazer regressar a Senhora das Dores ao seu habitat natural, o nosso Parque, foi uma aposta em cheio. Depois pela forma como o programa foi idealizado.
Aliar grandes artistas de renome nacional, ao talento Trofense, foi a melhor receita para voltarmos a ter grandes romarias e entusiasmo nos Trofenses durante a Festa.
A Trofa tem mesmo muito talento. Tem coletivos experientes e de qualidade, como as Orquestras, Urbana e Ritmos Ligeiros, ou os Sons e Cantares do Ave. Só precisam de oportunidades. Tal como tem jovens talentosos e outros mais experientes.
O nosso embaixador Miguel 7 Estacas, o talentoso João Costa, o Pedro Xavier, os Júpiter, o João Marques, o Iven Reis, e tantos outros, merecem o nosso apoio, e merecem mais oportunidades. A Comissão, exemplarmente liderada por um grupo de jovens que amam as nossas tradições e a nossa Trofa, tiveram também o mérito de criar uma forte conexão com os empresários, as coletividades e os Trofenses. A sua capacidade mobilizadora, visão empreendedora, e a audácia de corrigir, o que era possível corrigir de dia para dia, tornaram a edição deste ano, uma das Festas mais participadas e elogiadas. Imaginem esta equipa de pessoas a trabalhar há mais meses com o devido suporte financeiro e logístico da Câmara Municipal. É isso que idealizo e proponho para o futuro das Festas em Honra de Nossa Senhora das Dores.
Virando agora as ponteiras para a gestão Municipal percebemos que o ano de 2024 tem sido um ano muito atípico. Aliás, 2024 é o culminar de um último mandato em jeito de despedida. A saída do anterior Presidente, a reorganização da equipa, da orgânica e dos serviços municipais, e das prioridades, são aguardadas com expectativa. E digo expectativa porque 2024 tem mostrado uma Trofa prejudicada por estas mudanças. Mais do que isso, temos problemas que se acumulam desde 2021, nomeadamente na rede viária de todo o concelho, deixada ao abandono e destruída a cada mês que passa sem uma intervenção profunda.
São vários os problemas urbanísticos que temos. Volto a destacar um no coração do nosso concelho: o lugar de Finzes. Pavimento degradado em todas as ruas, inexistência de passeios, limpeza urbana aquém do necessário. É urgente requalificar Finzes e dignificar os seus moradores. Mas podia dar outros exemplos. Tal como podemos também falar do estado a que o comércio local já se habituou a ser deixado: sozinho e abandonado. Esperemos que o início do ano letivo decorra sem problemas, com o reforço dos funcionários nas escolas, com o devido acompanhamento para todas as crianças, em particular, as crianças com necessidades educativas especiais. Se isto não acontecer, será apenas mais uma evidência do fim de linha.
No distrito teremos em breve novos líderes nos dois maiores partidos. No PS, a candidatura do Nuno Araújo, um dirigente altamente qualificado, com um percurso político e profissional com provas dadas, seja no privado como no público, é alicerçada no território, em combater as assimetrias e desigualdades existentes, e fará da regionalização uma bandeira prioritária. O compromisso assumido para as autárquicas, com a Trofa como uma das apostas para vencer em 2025, dá-nos conforto e confiança para continuarmos o compromisso com os Trofenses.
Do lado do PSD, a entrada em cena de Pedro Duarte, ministro próximo de Luís Montenegro, obrigando o anterior Presidente da CM Trofa e Presidente da Distrital do PSD a abandonar a sua pretensão de recandidatura, diz-nos muito sobre o PSD. Será Lisboa a mandar no PSD aqui no distrito. Sempre que Lisboa quer mandar nos destinos do Porto, sabemos bem o que nos acontece. Lamento que Sérgio Humberto não tenha travado esta guerra. Ele que tanto gostava de travar guerras. Ainda para mais contra os “Alisbonados” como ele os apelidava. Espero que não se tenha tornado num deles!
Crónicas e opinião
Memórias e Histórias da Trofa | A história do futebol de formação no Clube Desportivo Trofense
O surgimento do futebol de formação perde-se na fundação do Clube Desportivo Trofense, praticamente desde o seu princípio, em 1928, como também na sua refundação nos anos 50.
No início do século XX, o futebol que se praticava nas escolas não tinha o rigor educacional daquele que é praticado na atualidade, afirmava Álvaro Magalhães, no seu livro, “História Natural do Futebol” e rapidamente no seio dos clubes surgem as suas academias.
Alusão no parágrafo precedente para as escolas, porque foi nas escolas que o desporto se começou a propagar junto dos mais novos e não podemos ignorar, obviamente, o papel da “Casa Pia” que foi um viveiro de talentos quer desportivos, como também associativos e que contribuiu de forma notória para o desenvolvimento da prática desportiva.
Atendendo que é meu propósito estudar a história do Clube Desportivo Trofense, deve ser colocada a atenção nas memórias desta instituição e rapidamente surgem as primeiras conclusões. O surgimento do futebol de formação perde-se na fundação do Clube Desportivo Trofense, praticamente desde o seu princípio, em 1928, como também na sua refundação nos anos 50. O futebol de formação foi uma das suas vertentes desportivas e acarinhada com maior ou menor intensidade.
O relato na imprensa do primeiro desafio de futebol de formação é referente a um encontro entre o Sporting Clube da Trofa e uma equipa tirsense que não foi mencionada, encontro disputado em junho de 1929, vencido pela a equipa da Trofa pelo resultado de 3-2.
“No Campo da Capela realizou-se um encontro de football entre o Grupo Infantil da Trofa e igual categoria de Santo Tirso, cabendo a vitória ao nosso onze pela contagem de 3-2, depois do desafio movimentado. Os nossos mereceram ganhar. A arbitragem a cargo do conhecido jogador Arnaldo Ferreira, atenta e cuidada. Com este desafio terminou a época footbolistica de 1928/29. Para o ano voltamos à luta, esperançados em boas vitórias”.
Os jogos iam sendo organizados com pouco rigor, até porque, não havia ainda nesta fase da história uma organização funcional do futebol de formação na Associação de Futebol do Porto, restando às várias equipas fazer os seus jogos amigáveis.
Na refundação do clube a primeira equipa a competir foi a dos juniores e depois, de forma paulatina, foram surgindo os restantes escalões.
Durante vários anos, o recorde de golos marcados num jogo foi pertença do Clube Desportivo Trofense e da sua equipa de juniores, conseguindo uma vitória sem paralelo na história e muito menos, num adversário tão próximo geograficamente que alimenta as tradicionais rivalidades.
Nos anos 90, concretamente na época de 1990/91 o seu departamento de formação na Associação de Futebol do Porto inscrevia equipas de três escalões (juniores, juvenis e iniciados). Estamos perante um projeto desportivo que estava cada vez mais consolidado com cada vez mais jovens a praticar desporto e a defender as cores da sua terra.
Todavia, apesar do esforço dos seus dirigentes, pais e também atletas, as lacunas eram inúmeras em termos organizativos, sobretudo no que respeita aos espaços para treinar, fundamentalmente desde o arrelvamento do seu estádio.
Os seus jogos e treinos seriam disputados no campo de jogos de S. Mamede do Coronado, Guidões, não se ficando apenas pelo território referente ao futuro concelho da Trofa, mas, também, nas freguesias desportivas vizinhas nomeadamente em Lousado, Fradelos e Vilarinho das Cambas, que cediam os seus campos graciosamente. Contudo a direção tentava encetar esforços para que os jogos oficiais fossem jogados no reduto do Atlético Clube Bougadense, enquanto o Complexo Desportivo de Paradela não ficasse concluído.
Atendendo a todas as dificuldades que foram inúmeras, os resultados iam surgindo com alguma naturalidade, com os juniores do Trofense a conseguirem ser apurados para a fase final do seu campeonato, sendo comandados por Wilson Rodrigues, que se deparava com enormes dificuldades. Segundo o próprio, a instituição não reunia as condições para que o departamento de formação conseguisse disputar um campeonato nacional nas próximas épocas.
Os resultados desportivos existiam, mas, faltavam elementos quer financeiros, como também materiais para alimentar uma máquina que tinha cada vez mais necessidades atendendo ao crescente número de atletas.
A atividade deste departamento, vivia de dádivas, sendo exemplo a da empresa Máquinas Pinheiro, concretamente 70 sacos para transportar equipamentos, o que era um excelente contributo para os miúdos que sonhavam jogar pelos seniores do Trofense.
Relativamente às Máquinas Pinheiro é importante mencionar que essa empresa era a patrocinadora oficial da equipa neste momento da história.
O departamento de formação foi evoluindo desportivamente, não ignorando que no passado recente estiveram numa época três equipas nos campeonatos nacionais (juniores, juvenis e iniciados). Também ao nível das infraestruturas houve melhorias. Um longo caminho percorrido que deverá ter continuação nos próximos anos, com a valorização dos jovens atletas, não esquecendo a recém criada equipa sénior B, que permite uma formação mais preparada dos seus “meninos”.
Crónicas e opinião
Folha Liberal | Literacia Financeira: Um Investimento para o Futuro
A literacia financeira é uma competência essencial para todas as idades. Ao investir no conhecimento financeiro, estamos a investir no nosso futuro e no futuro das próximas gerações.
A Câmara Municipal da Trofa anunciou, há dias, a abertura de um espaço para combater a infoexclusão no concelho. Num projeto da Fundação Cupertino de Miranda, em parceria com a Câmara Municipal, realizou-se uma sessão do projeto de Educação Financeira “Eu e a Minha Reforma – Programa de Literacia Financeira”, na freguesia do Muro.
A literacia financeira é a capacidade de compreender e gerir o dinheiro de forma eficaz e constitui uma competência essencial em qualquer fase da vida.
Ao longo da vida, somos confrontados com uma série de decisões financeiras: desde a escolha do primeiro emprego até à gestão de um orçamento familiar, passando por investimentos e planeamento da reforma. A literacia financeira equipa-nos com as ferramentas necessárias para tomar decisões informadas e conscientes, evitando dívidas desnecessárias e maximizando o nosso bem-estar financeiro.
É louvável que se tenha este cuidado com as gerações seniores, porque, independentemente da idade, é sempre possível aprender e melhorar as competências financeiras. As pessoas mais velhas podem beneficiar da literacia financeira ao otimizar a sua reforma, proteger os seus ativos e ajudar os seus familiares a tomar decisões financeiras mais acertadas.
Contudo, seria muito importante alargar esta educação para a literacia financeira a pessoas mais jovens, diria até desde a mais tenra idade. Para as gerações mais jovens, a literacia financeira é ainda mais crucial. Num mundo cada vez mais digital e com um mercado financeiro cada vez mais complexo, os jovens precisam de estar preparados para navegar neste cenário com confiança. Ao adquirir conhecimentos sólidos em finanças, os jovens estarão mais bem equipados para construir um futuro financeiro sólido e alcançar os seus objetivos.
Mas por que é tão importante a literacia financeira?
Porque, ao entender como funciona o sistema financeiro, as pessoas tornam-se mais independentes e capazes de controlar o seu futuro financeiro;
Porque a literacia financeira ajuda a distinguir entre necessidades e desejos, evitando gastos impulsivos e endividamentos excessivos;
Porque aumenta a poupança: Com conhecimentos sobre investimentos e planeamento financeiro, pode-se fazer o dinheiro crescer e alcançar os objetivos mais rapidamente;
Porque reduz o “stress”: A incerteza financeira é uma das principais causas de stress. Ao ter o controlo das suas finanças, as pessoas vivem com mais tranquilidade;
Porque promove a igualdade: A literacia financeira é um fator de empoderamento que pode reduzir as desigualdades sociais e económicas.
É ainda mais importante nas gerações mais jovens, porque:
Os jovens crescem num mundo cada vez mais digital, onde as transações financeiras são cada vez mais frequentes e complexas;
Ao sair de casa e começar a vida adulta, os jovens precisam de tomar decisões financeiras importantes, como escolher um curso, alugar um apartamento ou fazer um empréstimo;
Quanto mais cedo começarem a poupar, maior será o montante disponível para o futuro;
Os jovens têm mais tempo para investir e ver os seus investimentos crescerem ao longo dos anos.
Claro que é também muito importante para os seniores, já que a literacia financeira ajuda a planear uma reforma tranquila e confortável; porque, à medida que se envelhece, é importante proteger o património e garantir que ele seja transmitido aos herdeiros da forma mais adequada; porque os mais velhos podem partilhar os seus conhecimentos financeiros com os mais novos, ajudando-os a construir um futuro mais seguro.
Em resumo, a literacia financeira é uma competência essencial para todas as idades. Ao investir no conhecimento financeiro, estamos a investir no nosso futuro e no futuro das próximas gerações.
Felizmente, vemos a sociedade civil interessar-se por estes assuntos e ser apoiada por entidades públicas, como a Câmara Municipal, neste caso. Fica, no entanto, o desafio para que estes temas sejam abordados e tratados desde muito mais cedo, nas escolas, por exemplo, e não apenas junto dos seniores.