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Memórias e Histórias da Trofa: Paróquia de Ervosa – A desaparecida freguesia

“Numa incursão pela história medieval, anteriormente aos séculos XVI e XVIII, a referida freguesia poderia ter já marcas de um passado e cada vez mais distante, atendendo ao evoluir dos tempos que é sempre, ou praticamente, sempre inimiga da memória.”

José Pedro Reis

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Todos os dias, quem passa no acesso A3, na Nacional 104 que nos liga até Guimarães, a chegar a Santo Tirso, do lado esquerdo vão-se erguendo na paisagem as habitações de uma aldeia que estrategicamente está situada entre as localidades da Trofa e de Santo Tirso.

Uma alusão clara para Ervosa que, para muitos, é considerado o limite da Trofa, supostamente por uma questão de comunidade, porque existe quem insista numa narrativa que a área da Trofa se estende até Fontiscos. Reconheço que não tenho conhecimentos sobre a matéria.
Numa incursão pela história medieval, anteriormente aos séculos XVI e XVIII, a referida freguesia poderia ter já marcas de um passado e cada vez mais distante, atendendo ao evoluir dos tempos que é sempre, ou praticamente, sempre inimiga da memória.

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O historiador tirsense Francisco Carvalho Correia, num trabalho profundo sobre esta problemática, refere que na Idade Média, uma das características da igreja paroquial – em oposição aos oratórios, basílicas, ou “martyria”, as capelas que não são apenas assento de uma comunidade de fregueses – resultava na pose de um batistério, a condição de casa da assembleia da família paroquial, na missa do preceito e o cemitério.

Na fase sul da capela de S. Bartolomeu, próxima a Ervosa, existe uma lápide funerária, do século XII, ainda antes das inquirições de D. Afonso II.

No século seguinte, em 1220, era descrito como a existência jurídica da comunidade que em outros nomes se identificou, com efeito, com o nome de S. Bartolomeu de Vale de Ervosa, existindo naquele espaço geográfico apenas quatro casais.

Assistimos, tal como na atualidade, a uma ocupação tímida do território, onde deveria prevalecer o setor primário da economia, com bons resultados que fazia com que as pessoas se juntassem ali e criassem uma comunidade.

Do século XVI em diante, a paróquia manteve-se, mas como refere o historiador Francisco Carvalho Correia, num estatuto muito próprio, se na verdade fizermos uma análise óbvia das fontes que têm vindo a público, existiu sempre a preocupação de aquele território ser encarado, um pouco, como “senhor do seu destino” em que se mantinha autónomo, quer de Santo Tirso, como também da Trofa.

Aliás, esta situação, é evidente, vai causar problemas na atualidade, no que respeita à divisão pacífica do território entre Trofa e Santo Tirso e faz com que aquela zona ainda hoje seja encarada como de ninguém.

Talvez por capricho das entidades governativas da época, ou até mesmo das autoridades religiosas, porque, se formos a ver, é também uma zona limítrofe de todos os territórios e mosteiros da região.

A indefinição vai marcando a paisagem política local, sem parecer ter, no futuro próximo, término à vista, nem se poder definir uma data para a sua resolução.

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