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Linha do Equilíbrio: Viver com dor (im)possível

A dor crónica é um fenómeno que, para além de envolver diversas dimensões (físicas, económicas e sociais), é também caraterizada pela sua complexidade.

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Iniciámos mais um ano e, com ele, muitos de nós estabeleceram compromissos e metas para cumprir. Estes objetivos orientam-nos para uma maior tranquilidade, dando-nos uma sensação de segurança e, consequentemente, uma noção de maior controle sobre a vida. Contudo, sabe-se que não é possível controlar todas as variáveis da vida, especialmente quando nos referimos à variável “dor”.

Segundo a International Association for the Study of Pain (IASP), a dor é caraterizada por “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada, ou semelhante à associada, a danos reais ou potenciais nos tecidos”. Neste sentido, podemos definir a dor como uma experiência pessoal e subjetiva, sendo influenciada pelas vivências de cada um e cada pessoa define qual o seu limite de dor. Porém, sentir dor é uma reação normal do organismo e até protetora, ou seja, o corpo ao emitir um sinal, através da dor, torna mais fácil identificar e tratar as suas causas.

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No entanto, sentir dor, podemos afirmar que é extremamente desagradável e que diminui a qualidade de vida de quem a sente, bem como dos seus familiares, especialmente quando a dor passa a ser crónica. A dor é considerada crónica quando dura mais que três meses; quando persiste para além do tempo necessário para a sua cura e quando está associada a uma doença considerada crónica ou a uma ferida que não cicatriza.

Segundo estudos recentes as pessoas que, diariamente, lidam com a dor crónica manifestam esforço e desgaste ao nível físico, psicológico e social, levando a que possam desenvolver sentimentos negativos de tristeza, desmotivação, ansiedade e desesperança. Paralelamente, as pessoas podem manifestar ainda outros sintomas, tais como alterações de sono, apetite, irritabilidade, diminuição da energia e da capacidade de concentração, assim como de restrições nas atividades familiares, profissionais e sociais.

Em situações extremas, as pessoas que estão tão empenhadas em procurar alívio para a sua dor procuram todo o tipo de soluções, “saltando” de especialista em especialista, pesquisando novas intervenções e novos fármacos, podendo mesmo criar algum tipo de dependência, acarretando muitos custos económicos e sociais.

Todas estas alterações poderão conduzir ao aparecimento de problemas no seio familiar. Assim, a família considerada o “suporte” poderá reportar situações de maior conflito e ter necessidade de reestruturar as suas funções e papéis. Por outro lado, normalmente, a família que coabita com o doente classifica de forma mais correta a intensidade da dor e a sua variação, percecionando-a com valores mais elevados relativamente à própria pessoa.

Importa salientar que a dor crónica é um fenómeno que, para além de envolver diversas dimensões (físicas, económicas e sociais), é também caraterizada pela sua complexidade, isto é, a dor crónica vem acompanhada por um grande sofrimento pessoal, influenciado pelo pensamento e pela atenção que lhe é atribuída. Isto significa que uma pessoa que acorde com uma dor diária vai passar a direcionar a sua atenção, perceção e pensamento para o corpo para perceber a sua intensidade, sendo que estes fatores perpetuam o ciclo de dor.

Apesar deste cenário negativo, e fruto da evolução da medicina, das terapias, onde se incluiu a psicologia, e da reestruturação do pensamento é possível encontrar um caminho de esperança para lidar e viver com a dor.

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