Crónicas e opinião
Memórias e Histórias da Trofa: S. Mamede do Coronado e as várias relaçõesde poder na 1.ª República
“Na freguesia do Coronado, concretamente em S. Mamede, o executivo em exercício em 1921 questionava a autoridade do novo regedor, pedindo inclusivamente para o mesmo fazer prova da sua recém nomeação numa próxima assembleia de freguesia.”
A relação do poder político com as instituições religiosas, como também com outros agentes governativos na Primeira República esteve longe de ser pacífica. Vários foram os momentos de tensão, provocados muitas das vezes pela falta de tato dos agentes políticos.
As mudanças políticas e de regime devem ser concretizadas da forma mais tranquila possível, devem ser evitados os conflitos, contudo, muitos dos atores políticos do regime republicano não compreendiam esta situação e esperavam poder ver reconhecidos em muitos momentos o esforço pró-república ainda concretizado em tempos de monarquia.
Os conflitos foram inúmeros por todo o país, embora em Santo Tirso existissem vários elementos do clero que acabariam por serem respeitados e até verem reconhecidos os seus esforços pela comunidade por intermédio dos agentes governativos.
Assistimos no parágrafo precedente a uma contrariedade do discurso historiográfico, situação que deverá ser enaltecida.
Se fizermos uma análise mais prática, o poder político era extremamente frágil, os cargos iam-se multiplicando, desde regedores, presidente da junta, presidente de câmara, administrador municipal, todos eles tentavam construir o seu projeto governativo e fundamentalmente nas localidades mais afastadas da sede do concelho, as dificuldades eram inúmeras e não são raros os casos que foram resolvidos apenas com a intervenção dos elementos da GNR.
Na freguesia do Coronado, concretamente em S. Mamede, o executivo em exercício em 1921 questionava a autoridade do novo regedor, pedindo inclusivamente para o mesmo fazer prova da sua recém nomeação numa próxima assembleia de freguesia.
As teias da desconfiança eram extensivas até ao responsável por guardar os objetos da Igreja, por pedido do alegado novo regedor que pedia para substituírem aquela figura ou então retirar toda e qualquer responsabilidade que poderia pesar sobre o executivo daquela junta de freguesia.
A pessoa visada nas acusações de falta de confiança era o próprio padre, mas, aparentemente os elementos do executivo da freguesia tentavam colocar água na fervura e fazer com que não houvessem alterações, até porque, segundo aqueles elementos não tinha havido descaminho de objetos.
Numa possível tentativa de apaziguar as relações que poderiam ficar beliscadas, era pedido à direção das obras públicas do distrito, licença para fazer vários investimentos de capital junto da Igreja, nomeadamente na concretização de três passagens cobertas no espaço que estaria delimitado pela valeta da estrada principal, construir um muro de sessenta e cinco centímetros de altura e jardinar o terreiro do recinto da Igreja.
Procurava-se limitar o espaço daquele equipamento religioso, separar a Igreja da estrada distrital.
Aparentemente a tentativa de normalização das relações corria a bom ritmo, suportando esta arguição no pressuposto que o próprio padre na reunião seguinte do executivo da freguesia colocava um requerimento a pedir autorização para ajardinar o terreno que estava fora do adro da igreja, fundamentando esse pedido porque aquela extensão de terreno estava abandonada e num estado inculto, mas, era um terreno que reunia todas as condições para ser ajardinado.
O pedido era aprovado por unanimidade, as relações entre o poder político e religioso estariam aparentemente normalizadas, ganhando a freguesia inclusivamente um novo adro da Igreja, com a separação da via pública do espaço religioso, como também vários jardins a surgirem.
Finalizando, com a alusão para o paralelismo com o presente, em que para a maioria dos agentes políticos acalentam que a normalização e até estreitamento dos laços entre os vários órgãos do poder político se concretiza por magia na realização de vários investimentos de capital… por vezes funciona…
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