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Folha Liberal: Trofa com grande audiência na Ribeira Grande

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A Câmara Municipal da Trofa e a Câmara Municipal da Ribeira Grande assinaram um protocolo de geminação há poucos dias.

São cada vez mais comuns estes acordos de geminação, em que duas ou mais cidades estabelecem um relacionamento de cooperação e intercâmbio cultural, educacional económico e social, e existem várias boas razões para que o façam, mas tive alguma dificuldade em perceber o que levou estes dois municípios a tomarem esta decisão. O que é que cada um destes municípios, ou destas cidades, têm a ganhar com esta geminação? Ainda por cima, o acordo de geminação não me parece estar disponível para os trofenses (pelo menos, no site da Câmara Municipal da Trofa não estava disponível, no momento em que escrevo esta crónica).

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Evidentemente que temos sempre algo a aprender com todos, e sempre algo a partilhar com os outros, mas o que é que têm em comum a Trofa e a Ribeira Grande?

Normalmente existem quatro grandes áreas de intercâmbio entre as cidades geminadas, nomeadamente programas de intercâmbio cultural e educacional, económico para promover o comércio e o investimento entre elas, promoção do turismo partilhando informação sobre as atrações turísticas, eventos culturais e oportunidades de turismo, e finalmente, a partilha de boas práticas em áreas como a governação, os serviços públicos, o planeamento urbano, o meio ambiente, infraestruturas, etc., e com isso, ajudar a melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos, reduzir custos e promover a inovação.

Estes dois concelhos têm algumas similitudes, nomeadamente no número de população residente. Contudo, a Ribeira Grande tem alguns indicadores muito mais interessantes do que a Trofa, particularmente no que diz respeito a edifícios novos construídos para habitação familiar, em 2021 (dados do Pordata), na Ribeira Grande foram construídos 51, enquanto na Trofa apenas 29; Na Ribeira Grande há 3 museus, enquanto na Trofa não há nenhum; Na Ribeira Grande há um cinema, enquanto na Trofa não há; Houve mais sessões de espetáculos ao vivo na Ribeira Grande do que na Trofa, 10 contra 6. No que diz respeito aos alojamentos turísticos, na Ribeira Grande existem 19, enquanto na Trofa são só 2. Para não ficar a Trofa a perder em todas estas estatísticas, refiro que na Ribeira Grande existem 8 vezes mais pessoas a receber o Rendimento Social de Inserção (4768 na Ribeira Grande e 600 na Trofa).

Mas, depois de analisadas todas estas estatísticas, continuo sem perceber o porquê da Ribeira Grande e não outro concelho qualquer (não estou a dizer que não pudesse ser este! Mas gostava de saber o porquê de ser este). O facto de ambos os presidentes de Câmara terem sido eleitos pelo PSD também não deve ter tido grande influência, porque, seguindo esse critério, mesmo assim, podiam ser muitos outros.

Mas, há uma ligação entre a Ribeira Grande e Câmara Municipal da Trofa, que é a única que consegui descortinar e que veio ao de cima porque o Sr. presidente da Câmara da Ribeira Grande fez, no ato de assinatura do acordo, uma referência e um agradecimento a essa ligação. Trata-se do jornal “Audiência”, que é um jornal da Ribeira Grande, com uma edição para o Grande Porto, e é pertença duma empresa sediada em Vila Nova de Gaia.

Consultadas as notícias desse jornal, vemos que a Trofa e alguns trofenses têm sido agraciados com alguns prémios, naturalmente bem merecidos, tendo até, o vereador da Trofa Renato Pinto Ribeiro sido eleito “Personalidade do Ano” para o Audiência.

Curiosamente, segundo as notícias da assinatura deste protocolo, este vereador foi o grande impulsionador deste acordo de geminação.

Claro que estas ligações, deste jornal com a Ribeira Grande e com a Trofa, não devem ter nada de especial, tratando-se de meras coincidências.

Como coincidência dever ser, aliás, o facto de a Câmara da Trofa ter, nos últimos anos feito alguns ajustes diretos com a empresa proprietária desse jornal para “AQUISIÇÃO DE SERVIÇOS, EM REGIME DE FORNECIMENTO CONTÍNUO, DE PUBLICAÇÕES OBRIGATÓRIAS E PUBLICITÁRIAS EM JORNAIS REGIONAIS E NACIONAIS”.

Fiquei um pouco preocupado porque não conhecia o jornal, e não o consegui encontrar à venda nas bancas (provavelmente não procurei bem), e se as publicações obrigatórias são feitas lá, pode estar a falhar-me alguma coisa, potencialmente muito importante.

Mas, pelo menos já tenho uma ideia de qual a lógica que terá levado a este acordo.

Foto: CM Ribeira Grande

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