Crónicas e opinião
Memórias e Histórias da Trofa: O contributo das gentes da Trofa no exército em 1897
A organização militar para os portugueses e as suas chefias sempre foi um problema, ou melhor, conjunto de problemas difíceis de resolver. A não existência de um exército regular até uma fase adiantada da história como também a ausência de treino rotinado fazia com que muitos campos de batalha se transformassem em campo da morte certa.
No final do século XIX, ocorreria uma tentativa profunda para reestruturar o exército, deixando de existir as companhias de ordenanças para passar à existência de “algo” mais concreto e sobretudo mais bem treinado.
Estamos a falar numa fase da história em que Bougado tinha 1433 habitantes em S. Martinho e 1656 em Santiago, as maiores freguesias em termos populacionais do futuro concelho da Trofa, seguido de muito longe por Covelas e Guidões, com 402 e 701 habitantes, respetivamente. O expectável seria que a contribuição de cada freguesia tivesse uma relação direta com o seu número de habitantes. Todavia, na prática, analisando a Comissão do Recenseamento Militar do Concelho de Santo Tirso é notória que essa conclusão estava afastada da realidade, se atendermos que S. Mamede do Coronado tinha mobilizado oito elementos para se dividirem pelo exército ativo, guardas municipais e também fiscal, enquanto para armada seria apenas um.
A única freguesia que ultrapassava esse número era a sede do concelho, Santo Tirso com 11 homens para aqueles primeiros ramos do exército e um também para armada.
A contribuição dos outros territórios era bastante simbólico, não ultrapassando um elemento, como é exemplo o Muro, mas surpreendentemente Alvarelhos contribuiu com três elementos e, ainda mais espantoso, Guidões com cinco e S. Romão, de novo, com apenas um.
As freguesias da Trofa acabavam por se destacar na mobilização para o exército regular no que respeita ao concelho de Santo Tirso, apenas suplantado pela sede de concelho, sendo que as restantes freguesias tinham números bastante simbólicos e até inexistentes, como é o caso de S. Salvador do Campo.
As explicações para as diferentes variações são complexas, podendo variar, como por exemplo a taxa de natalidade, sendo fundamental referir o elevado número de mobilizados.
Termino, com o desejo de um bom Natal a todos os que acompanham esta crónica que tanto prazer me dá escrever, como também com votos de um feliz aniversário para o jornal “O Notícias da Trofa”, ao qual agradeço esta oportunidade de poder partilhar conhecimento com todos vós.
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