Ano 2005
José Manuel Fernandes afirma que “a criação do concelho foi positiva”.
Empresários devem apostar na educação
A Frezite é uma empresa com sede na Trofa e que ao contrario de muitas não tem sentido a crise. Em dia de aniversário do concelho da Trofa o NT falou
com José Manuel Fernandes, presidente do conselho de Administração do grupo Frezite, sobre a autonomia administrativa e quais os reflexos desta nas empresas e comercio trofenses.
NT – Na sua opinião qual o impacto da criação do concelho da Trofa na indústria trofense?
José Manuel Fernandes – O impacto da criação do concelho da Trofa nas empresas industriais foi altamente positivo.
Isto identifica-se pela criação de condições pró-desenvolvimento mais próximas das empresas, numa maior proximidade dos centros de decisão, e num maior encorajamento para com os próprios empresários reforçarem o seu colectivo, por exemplo com a criação da Associação Regional, como é o caso da AEBA, que é exemplar em termos de apoios às empresas em particular às pequenas empresas.
NT – Acredita que a pequena industria vai conseguir sobreviver à liberalização dos mercados e à concorrência dos países asiáticos?
Dentro de 20 anos a dimensão média das nossas empresas será de 10 a 15 pessoas, pelo que o aparecimento da “pequena indústria” é uma evolução de dimensão fatídica própria da globalização.
Dos países asiáticos continuarão a vir nos próximos anos (duas décadas) cada vez mais produtos provenientes de uma componente manufactureira, ou seja, produtos produzidos em alta quantidade e baixo preço. Aqui a EUROPA está completamente fora desta corrida.
Portugal enfrenta já hoje uma grande liberalização do mercado, até porque somos uma economia das mais abertas e descomplexadas em que muitas vezes reagimos infelizmente, ao contrário dos outros povos, em que o que é bom é o que é estrangeiro. Felizmente esta tendência está a diminuir por duas razões. A primeira porque muitos Portugueses já se aperceberam que em Portugal já se produzem produtos tão bons ou melhores que no estrangeiro, não tivesse isto também uma componente forte a atestar uma vez que muito do Made In Portugal é exportável.
A segunda razão é que cada vez mais, a actividade das empresas industriais tem uma forte componente de serviço e neste campo ganha sempre quem estiver junto ao mercado, junto ao consumidor.
Assim a dimensão não interessa mas sim a visão estratégia do negócio, da empresa e em particular do empresário.
NT – Os empresários defendem a especialização da indústria trofense como forma de superar a crise. Defende a mesma posição.
JMF – Tem sido de facto voz comum falar-se de especialização das empresas de forma a superar dificuldades de competir.
De propósito não coloco aqui a palavra crise, como a colocou na sua questão, porque CRISE e VENCER são palavras que traduzem um estado possível para a vida do dia a dia das empresas e que o empresário tem diante de si. Pessoalmente também não gosto da expressão “empresa de sucesso” porque o vencer o dia-a-dia das empresas tem de ser feito com visão estratégica, com rumo e nunca decidir no dia, só para o próprio dia.
Por outro lado os factores de competitividade alteraram-se e hoje têm a base da qualidade dos recursos humanos para os quais o empresário tem de ter uma atenção de valoração das pessoas, quer pela formação, quer pela qualificação do mesmo.
Assim o criar valor acrescentado na actividade da empresa, seja ela qual for, adicionar uma componente de serviço e apoio ao mercado e ao cliente efectivamente é o caminho certo e isto traduz-se em especialização.
NT – Quais serão os sectores em que os empresários trofenses e portugueses devem apostar?
JMF – Não há sectores bons e sectores maus.
Toda a actividade económica deve ser analisada numa óptica de empreendedorismo, de oportunidade de negócio e aí sim temos a resposta e o desafio.
Se sobre uma oportunidade de negócio há potencial de criar vantagens competitivas, então com espírito de risco (empresarial) pode-se avançar e associar capacidade de estratégia, capacidade de trabalho e de gestão, recursos humanos e financeiros e fazer um projecto vencedor.
Assim todos os sectores, inclusive os chamados tradicionais continuam a ter grandes oportunidades de se criarem e fortalecerem empresas existentes que sejam competitivas.
Há contudo áreas novas de negócio em que o factor conhecimento é determinante no arranque dessas novas empresas, como, software para actividades e funções específicas, micro electromecânica, electrónica, saúde, têxtil, tecnologias de comunicação, logística hardware, etc.
NT– A Trofa tem falta de condições para atrair empresas. O que deverá ser feito pela Câmara Municipal para fazer face a esta situação?
JFM – O concelho da Trofa é um concelho exemplar em empreendedorismo. As suas gentes não gostam da palavra crise. Por vezes quem inicia um negócio ou uma actividade empresarial pode não estar muito bem preparado, mas que de facto há sinais permanentes anti-crise é um facto.
Nós herdamos um concelho desordenado com as juntas de freguesia a gerirem sem dinheiro, aquilo que sempre competia a uma câmara fazer e investir e o resultado foi de pesada herança que nos deram de um concelho que para se mexer e fazer hoje uma nova infraestrutura é um drama para a qualidade de vida de uma população, quer a fixa, quer aquela que se move através do concelho. Por outro lado a maioria das nossas empresas estão espalhadas por meio da urbe o que é um drama para todos, quer para os que aí vivem, quer para os que aqui trabalham.
Não querendo fazer apologia à estratégia do nosso Presidente da Câmara, Dr. Bernardino Vasconcelos, desde os primeiros dias que nos assumimos como Concelho independente se começou a falar e eu próprio juntei a minha voz à necessidade de “arrumar-mos a casa”, ou seja termos uma área ou áreas específicas com dimensão para as empresas, com infraestruturas adequadas para colocar aí por uma relocalização progressiva às empresas existentes e responder aos novos desafios dos empresários quer da região quer de fora que quisessem se implantar no nosso concelho.
Não posso falar pela Câmara Municipal, mas sentimos que teve sempre esta visão e decidiu avançar com uma ALE (Área de Localização Empresarial), que foi e é o caminho correcto a par do PDM com inclusão das variantes. Este é o caminho, só não é o caminho a burocracia reinante, ainda, nos grandes departamentos públicos centrais que atrasam as aprovações de projectos desta natureza.
Esperamos que rapidamente haja respostas porque a ALE é um factor de grande atractividade para a logística das empresas e novos projectos para o Concelho da Trofa.
Temos um concelho que no Norte do Continente tem as melhores condições para criar um parque empresarial, gerador de riqueza na região, para o País, para o seu PIB, criação de emprego, centro de interactividade de negócios pelo desenvolvimento de emprego e economia quer regional e nacional.
Está estrategicamente muito bem localizado, próximo do aeroporto, porto de leixões, A3, saídas para Espanha e Sul A4 – interior e Espanha com possibilidade de recrutamento de recursos humanos jovens para as empresas.
NT- A Mecanarte/Mebol é uma grande empresa do concelho. Tem sentido a crise que o pais atravessa? O que tem sido feito pela empresa para não ser afectada?
JMF – A Frezite é uma empresa em que todos os que trabalham no grupo de empresas geradas por esta, têm uma cultura anti-crise.
Temos uma filosofia que há sempre no horizonte e um espaço que temos de conquistar todos os dias fazendo um futuro próximo.
Na componente que toca ao mercado nacional sentimos como todos os sinais de recessão económica contudo desde há muito tempo que nos posicionamos nos mercados externos e criamos novas áreas de negócio.
Pouca gente sabe que esta empresa mo nosso concelho produz engenharia com ferramentas de corte especiais para a indústria aeronáutica europeia e americana assim como para a indústria automóvel em que modernos carros que circulam nas estradas da Europa e não só têm peças maquinadas com sistemas de ferramentas produzidas no concelho da Trofa em Portugal.
Como meu remate, não quero deixar de terminar a entrevista com umas palavras de preocupação e de esperança numa altura em que a maioria das notícias do nosso país são deprimentes.
Temos de contrariar esta situação porque trabalhamos muito mais paras as novas gerações do que para nós próprios. Poucos se apercebem desta realidade, pelo que temos de ser menos egoístas e mais conciliadores.
Contudo, quanto ao futuro no qual temos de ter esperança numa mudança, não quero deixar de citar as palavras do Presidente da SIEMENS – Dr. Heinrich Von Pierer:
GANHARÁ A CORRIDA DO FUTURO QUEM CONSTRUIR O MELHOR SISTEMA DE EDUCAÇÃO
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