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Memórias e Histórias da Trofa: Décadas depois, a mesma falta de visão

Estamos em 2022, no dito século XXI e não no século XX, e as práticas e posturas governamentais são as mesmas. Os anos passaram, a cegueira política não permitiu ver além e permitir que outros evoluíssem.
Serve de consolo que se continuar neste atraso, mais tarde ou mais cedo, poderá ocorrer a chegada do metro ao Muro.

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A crónica desta semana, em virtude das circunstâncias das vivências da sociedade trofense, será um pouco diferente das habituais, pois não se irá resumir somente à história, abrindo horizontes para a constatação da realidade com paralelismo no passado.
Uma causa, por mais simples que seja, quando concretiza o seu escrutínio histórico, acaba por ver facilitada a sua “legalidade”, “validade” ou o que se quiser chamar. A população do Muro iniciou uma série de iniciativas nestes últimos dias e semanas a reivindicar a vinda do metro para a sua localidade.
A 14 de março de 1932, o comboio deixava ouvir o seu primeiro silvo na estação do Muro e terminava um longo jejum de promessas. Sim, as promessas não são de agora, numa região altamente industrializada, com as fábricas a crescerem a olhos vistos no início do século XX, nas suas primeiras décadas, com a Região do Vale do Ave a ser sinónimo de progresso.
A progressão dos investimentos públicos no comboio e na ferrovia, concretamente na Linha de Guimarães, estavam congelados, enquanto se discutia o seu crescimento até Braga, para ligar outros polos do Vale do Ave, como as Taipas, por exemplo. Contudo, na prática, desde 1907 que não havia uma ampliação da rede ferroviária naquela instalação ferroviária.
Sem o surgimento de um novo quilómetro na Linha de Guimarães, podemos alegar que as dificuldades da economia pública eram imensas. A Primeira Grande Guerra, por exemplo, alterou por completo as dinâmicas de investimento. Todavia, é óbvia a falta de visão dos decisores políticos.
Ultrapassado um quarto de século, eis que a linha entre a Trofa e a Senhora da Hora era colocada em funcionamento, não ignorando que permitia finalmente a ligação ao Porto, concretamente à Boavista.
A ligação ao Porto, concretamente à Boavista, acontecia porque desde 1875 que a Póvoa de Varzim estava ligada ao Porto com a Senhora da Hora a ser o ponto de passagem. A ligação do Muro terminava nessa mesma linha, entroncando aquelas duas linhas naquela cidade.
Na prática, assistimos a um atraso superior a 30 anos da ligação da Trofa ao Porto, enquanto outras localidades e respetivas comunidades desde há muito estavam ligadas à Invicta.
A inércia política fez com que milhões e milhões de recursos se desperdiçassem, o desenvolvimento económico/social não fosse uniforme e sobretudo pleno. Castrando o crescimento que podia ser em maior escala e obviamente trazer mais retorno para a sua comunidade.
Estamos em 2022, no dito século XXI e não no século XX, e as práticas e posturas governamentais são as mesmas. Os anos passaram, a cegueira política não permitiu ver além e permitir que outros evoluíssem.
Serve de consolo que se continuar neste atraso, mais tarde ou mais cedo, poderá ocorrer a chegada do metro ao Muro.

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