Ano 2005
Bernardino Vasconcelos considera a criação do concelho foi importante
Na data em que se assinala o sétimo aniversário da elevação de Trofa a concelho, Bernardino Vasconcelos, presidente da Câmara Municipal falou ao NT da evolução das oito freguesias desde que passaram a ter autonomia em relação ao concelho de Santo Tirso.
NT – Na sua opinião qual o impacto da criação do concelho da Trofa na indústria trofense?
Bernardino Vasconcelos – Claramente um impacto positivo. Foram inúmeras as vantagens que a Trofa granjeou com a criação do concelho. A Trofa apresenta-se hoje como um município estruturado, instalado, funcional, dinâmico e moderno que se integra de pleno direito na Grande Área Metropolitana do Porto. O desenvolvimento de um Concelho passa pela realização de obras materiais, mas sobretudo, pela qualificação dos seus munícipes. E é nessa qualificação e formação que temos trabalhado com obstinação e perseverança, nomeadamente através de projectos como o TCA – Trofa Comunidade Aprendente -, ou através de acções de formação promovidas pela própria autarquia, como são exemplo os cursos ministrados pelo Gabinete Municipal de Apoio Psicológico e Pedagógico (GMAPP), em áreas como o Desenvolvimento Rural e Multifuncional na Agricultura, o Serviço de Apoio Social e de Proximidade, Olaria, Cerâmica, Bordados, Arraiolos, Calçadas ou Gestão Equina.
Considero que trabalhámos todos, desde a primeira hora, para nos tornarmos no Município competitivo que somos hoje. Mas temos consciência que muito há ainda a fazer, e se trabalhámos incessantemente durante sete anos para sermos uma referência a nível nacional na área empresarial, pretendemos fazer da Trofa um Município ainda mais atraente para o investimento privado e público.
NT – Sendo a Trofa um dos concelhos mais dinâmicos e onde existem algumas industrias de renome nacional quais os incentivos que a Câmara Municipal oferece aos empresários que queiram instalar-se no concelho?
BV – Já em Março de 2001 criámos o Fórum de Inovação e Jovens Empreendedores (FIJE). O FIJE é um espaço localizado no centro da cidade e nasceu com a parceria da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários – , dispondo de um Núcleo Incubador de Empresas. Temos assim, no nosso concelho, um dos poucos ninhos de empresas do país, possibilitando aos empresários que escolham o nosso município para investir, uma ajuda essencial na fase inicial de lançamento das suas empresas. De resto, e de modo a criar as melhores condições para o investimento no concelho, procurando favorecer a criação de emprego, baixámos em 20% o valor habitual da Derrama e concedemos, mediante avaliação prévia, a redução ou isenção da Taxa Municipal de Urbanização. Incentivos que encorajam e facilitam a fixação de empresas e consequentemente o desenvolvimento económico de toda a região. Ao falarmos de incentivos e de estímulos destinados a criar melhores condições para atrair mais investimento, estamos também a referir-nos obviamente à definição e qualificação dos factores competitivos do concelho. Defendemos que devemos dotar as nossas opções de sentido estratégico, e foi precisamente essa a nossa escolha quando elaborámos o Plano Estratégico de Desenvolvimento que apresenta o rumo a seguir nos próximos anos, apostando num desenvolvimento transversal e sustentado.
NT – A nível do comércio tradicional acha que tem vindo a desenvolver-se ou a declinar? Quais as medidas que a Câmara pode tomar para ajudar este tipo de comercio?
BV – Considero que o comércio tradicional na Trofa não está, nem nunca esteve em risco. Claro que todos os comerciantes se ressentem da situação de crise económica que vivemos actualmente, mas ainda assim, assistimos frequentemente à abertura de novos espaços comerciais no concelho, testemunhando a saúde e a regeneração do nosso tecido comercial.
A Trofa como concelho hospitaleiro e acolhedor que é, aproveita a dinâmica do comércio tradicional e dos serviços de apoio à actividade produtiva existentes, a nível local, para projectar uma imagem de município empreendedor e atractivo, quer para o investimento, quer para o consumo privado. Simultaneamente, para estimular o sector do comércio tradicional estamos a trabalhar em novas áreas, nomeadamente na associação de oportunidades de negócio ao turismo, seja ele cultural, gastronómico, paisagístico ou histórico. Estamos a promover campanhas de valorização da imagem do concelho, designadamente através da concepção de um novo logótipo para a imagem turística do Município que encerra em si um renovado conceito de promoção turística local. A pensar na revitalização do nosso concelho mas também do nosso comércio local requalificámos inúmeros espaços urbanos, criando amplas zonas pedonais, propiciais à circulação junto das zonas comerciais, como são exemplo a Rua Conde de S. Bento, o Largo S. Martinho, o próprio percurso urbano da EN 104 e agora da EN 14.
NT – Os empresários defendem a especialização da indústria trofense como forma de superar a crise. Defende a mesma posição?
BV – Se entendermos especialização como a limitação a uma única área industrial, seja ela têxtil ou outra qualquer, discordo dessa opinião. Penso que a riqueza e a força do tecido empresarial e industrial da Trofa reside precisamente na sua abrangência e diversificação. O concelho tem hoje uma economia definitivamente instalada com milhares de empresas estabelecidas, onde dominam áreas como a metalomecânica, a metalúrgica, as madeiras, o têxtil, o calçado ou os produtos farmacêuticos, não esquecendo a maquinaria agrícola e a electrónica, assumindo-se assim, como um modelo de desenvolvimento e competitividade empresarial. Recorde-se por exemplo a crise do Vale do Ave, dos anos 90, que passou ao lado da Trofa precisamente, porque o nosso tecido industrial não se confinava à área têxtil. Assim, naquela época, o facto de não estarmos circunscritos a uma área particular de actividade significou uma mais valia. O mesmo defendo hoje, mais, considero que a forma de superar a crise é a opção clara pela aposta na qualidade e na formação contínua. Nessa matéria a AEBA tem vindo a desempenhar um papel importante. No entanto, se encararmos essa especialização de que fala como uma aposta clara na modernização, na utilização de novas tecnologias, no investimento sustentado e na qualificação técnica, aí sim, estamos todos de acordo. Esse deve ser o único caminho a seguir.
NT-Quando estarão criadas as condições para que os empresários possam instalar-se na Trofa?
BV – A Trofa é já hoje um território atractivo para o investimento. E não estou a falar só de investimento externo mas, também da capacidade de iniciativa e dinamismo dos nossos munícipes. Por outro lado, temos consciência da situação de crise económica que vive o país, no entanto, a Trofa, pela sua localização geo-estratégica de eleição, assume-se como um destino preferencial do investimento na região norte de Portugal.
A este dinamismo acresce ainda a vontade política da Câmara Municipal que optou por criar uma Área Empresarial inovadora e pioneira, apostando em novas infra-estruturas empresariais com qualidade, dimensionadas de acordo com as necessidades dos investidores, potenciando a atractividade do concelho. Esta Área Empresarial é um equipamento planeado, ordenado e integrado que, além das unidades industriais a criar, irá dispor de equipamentos de apoio, bem como de outros serviços complementares.
NT– Como está a instalação da ALET? Quando está previsto o inicio das obras de construção?
BV – Nesta altura, a avançada fase do projecto da Área de Localização Empresarial da Trofa (ALET) permite prever que a curto prazo estarão reunidas as condições fundamentais para avançar para o terreno.
A versão preliminar do Plano de Pormenor, que abrange a ALET e a Zona Industrial da Trofa, deu já entrada no passado mês de Agosto na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.
Simultaneamente, a Proposta de Definição de Âmbito da ALET foi também entregue na Direcção Regional de Economia do Norte, sendo este o primeiro projecto de Áreas de Localização Empresarial do Norte do País. Fica assim demonstrada, mais uma vez, a dinâmica do nosso jovem, mas muito empreendedor Concelho.
Na primeira fase do empreendimento serão disponibilizados 23 lotes numa área de 57 hectares e posteriormente, a segunda fase abrangerá aproximadamente 83 hectares a que correspondem mais 44 lotes.
A qualificação ambiental da área abrangida pelo empreendimento constitui uma aposta firme do projecto, na certeza de que o desenvolvimento passa agora por empresas de qualidade, correctamente integradas no território e respeitadoras dos valores naturais e paisagísticos. A adequação do projecto às características do terreno e a criação de uma ampla zona de lazer, são aspectos fundamentais de um empreendimento que constituirá uma referência de alta qualidade no noroeste peninsular.
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